»»QUATRO««
️ɴᴏᴀʜ
Estava com meu pai no salão de jogos, distraindo a cabeça dele dos problemas. Ele ajeitou o taco, com o objetivo de encaçapar a bola azul, e deu um sorriso quando ela deslizou e entrou no buraco.
— Estou feliz por termos esse momento. Os últimos dias têm sido...
— A última década, pai. —Ele sorriu.
— É, por aí.
— Cinco pontos — falei quando o rei acertou. — Minha vez. —Inclinei-me na mesa e posicionei o taco entre os dedos, mirando. A bola cor-de-rosa valia seis e, se eu acertasse, estaria na frente. Dei a volta, procurando uma posição melhor. Encontrei e...
— Seis pontos — comemorei. — E com esse são quantos, hum? Diga em voz alta, pai.
Ele riu.
— Dez.
— Dez a quanto... você tem que dizer.
— Dez a oito. — Meu pai sorriu.
— Ahá! —Meu pai deu a volta na mesa, procurando a castanha. Ele mirou e eu sabia que acertaria.— Está preparado para eu virar o placar? — brincou, sarcástico.
— Todos o conhecem como o rei generoso, solidário...
Gargalhou.
— Não vou ser solidário com você, filho. O que me lembra de uma pergunta um pouco indiscreta que preciso fazer.
— Vai ter uma conversa romântica também? —Ele parou o movimento do taco e ficou ereto, atrás da mesa.
— Sua mãe fez isso?
— Ah, ela fez. —Meu pai riu.
— Stella acha que você vai encontrar o amor em breve. Parece que ela sente isso. — Ele franziu as sobrancelhas, pensando. — Você e Any... estavam íntimos no baile.
— Percebeu aquilo? Inclusive os toques impróprios?
— Acho que todos perceberam. —Foi a minha vez de perder o humor.
— Não sei, pai... tem alguma coisa errada ali.
— Com Any?
— Com a família toda.
— Eu sei que tem ressalvas com o Duque Real.—Enxergo essa sua aversão. Mas ele trabalha bem. Pensei em substituí-lo, mas infelizmente não encontro uma pessoa que administre da forma que ele faz. Astradur tira o peso dos meus ombros, quando não consigo lidar com tudo ao mesmo tempo.— Sim, pai. Entendo.
— Bem, quanto a isso... quando reinar, fará suas próprias regras. —Ri, um pouco nervoso, e decidi não responder.Continuamos a jogar snooker e, por um tempo, todas as questões do reino se calaram. Eu vi a leveza em meu pai, em suas risadas e na conversa despretensiosa. O rei estava se divertindo.
— Sabe, Noah. Sei que você acha sua mãe romântica demais, mas não é algo tão ruim.
— Vai voltar ao assunto, pai? Isso tem algo a ver com o placar favorável a mim?
Ele abriu um sorriso e focou sua atenção em meus olhos.
— Você está tão próximo de se tornar rei...
— Acredita que seria melhor se tivesse uma rainha, não é?— Não quero impor isso a você. Mas eu... não sei o que seria de mim sem a sua mãe. Ela é o ar que eu respiro, Noah. Ser rei não é um dos melhores cargos, porém, ao lado de Stella, eu sou a melhor versão de mim mesmo.
— O amor de vocês até que é inspirador... para um cético como eu. Mas não sei se quero convidar Any para sair. Conhecê-la. Às vezes, não parece certo.
— Há poucas coisas nas decisões de um rei que podem ser feitas através do coração ou da emoção. No seu caso, você está aplicando ensinamentos profissionais que teve ao longo da vida para uma questão pessoal. Usar a razão, nesse caso, não cabe. Deve usar a sua intuição, Noah. Se quiser levá-la para sair, conhecê-la e isso fizer algo bom dentro de você se agitar, tudo bem. Caso contrário, não. Não saia com ela.
Parei por um segundo, analisando suas palavras. Meu pai viveu o dobro da minha idade, enquanto a minha existência era marcada por seu cargo. A experiência que eu tinha de vida, meu pai possuía como Rei de Alkmene. E seu ponto de vista foi muito pertinente.
— Você está certo. —Ele sorriu.
— Sempre estou. — Deu uma tacada, matando a bola preta e fechando a maior quantidade de pontos. Uma reviravolta que eu não esperava.— Mas o quê?
— Aprenda desde já, Noah. Um rei nunca pode mostrar todo o seu potencial.Havia pensado o mesmo, sobre ser um príncipe, na minha luta com Kyle. Ele colocou a coroa de volta na cabeça.
— Aliás, tenho algo importante para informar — o rei comunicou.
— Ah, colocou a coroa... Agora estou falando com o Rei de Alkmene. E qual vai ser a informação? Você luta Krav Magá, sabe o dicionário de cor do A ao Z? Algo tão surpreendente quanto essa virada no snooker? —Ele riu.
— Não, é melhor. Encontramos o número um dos guerreiros para ser Lochem. Não existe, em toda a Ordem de Teméria, alguém mais competente para guiá-lo nessa jornada.
— Ok, temos um velho sabichão de Alkmene?
— Um velho sabichão? Como você imagina essa pessoa?— Hum... uns novecentos anos? Não, tem que ser mais velho que você e mais novo que Warder. Mil e quinhentos? Deve dormir com uma Glock embaixo do travesseiro, pode ser careca, pesa uns... cem quilos? Talvez tenha barba. —Meu pai abriu um sorriso malicioso e fez suspense.
— Warder me indicou Sina Deneirt como sua Lochem.
Levei um tempo para assimilar o nome.
Há séculos não o escutava.
Há séculos eu não…
Arregalei os olhos.
Sina Deneirt.
A menina que morou em King Castle quando éramos crianças, correndo pelos corredores, brandindo espadas e sonhando em se tornar uma guerreira.Minha Lochem?
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🎯|ᴏ ᴘʀɪ́ɴᴄɪᴘᴇ ᴅᴏs ᴠᴀᴍᴘɪʀᴏs » sᴇɢʀᴇᴅᴏs ᴅᴇ sᴀɴɢᴜᴇ • ɴᴏᴀʀᴛ [✓]
VampireCONCLUÍDA/REVISADA "Eu perguntei se você tem um vampiro para beijá-la. E para senti-la. Para saciá-la. Para satisfazê-la. Você está comprometida, Sina?" Quinhentos anos após a minha partida, eu retornei para o lugar onde nasci, a Ilha de Alkmene, co...