»»DOIS««
️ɴᴏᴀʜ
Pela visão periférica, notei Alte, nosso mordomo há mais séculos do que poderia contar da minha própria existência, oculto nas sombras, atrás de uma das pilastras, no pátio. Ainda assim, eu sabia que desejava falar comigo.
Decidi não soltar a espada.
Brandi-a, rindo de Kyle quando dominou o movimento ao ir para a direita.
Eu poderia desarmá-lo indo para a esquerda, jogando sua espada no chão e encostando a minha linda punta na base do seu pescoço. Isso conquistaria sua rendição. Afinal de contas, aquele shifter de urso era meu segurança privado e um dos meus melhores amigos.
Afastei-me, com um sorriso brincando nos lábios.
— Você está meio enferrujado, príncipe — zombou Kyle.
Um príncipe jamais mostrava todo o seu potencial, nem mesmo em uma brincadeira com um de seus confidentes amigos.
— Acredita mesmo nisso, Kyle?
— Certeza. —Rindo, andei para trás. Não estava ofegante da luta quando Alte se aproximou e disse que minha presença era requisitada no salão de estratégia.Por sua expressão tensa, soube que encontraria meu pai acompanhado, esperando-me para uma reunião com toda a turma de puxa-sacos. Sem escolha, guardei a espada na bainha e desafivelei o suporte da cintura, entregando para Alte.
— Pode ficar com ela? —Ele estremeceu ao segurar a espada.
— Claro, Alteza. Certamente.
— Era do meu avô, mas o senhor sabe disso —provoquei-o, erguendo a sobrancelha. Alte quase revirou os olhos. Não aguentei e voltei a rir. —Relaxa, Alte. —Kyle riu ao fundo.— Depois da reunião, quer dar uma volta em Labyrinth? — convidou meu amigo.
— Músicas e shifters?
— Músicas e shifters. —Virei o rosto o suficiente para o meu sorriso ser a resposta.Ajeitei o colarinho da camisa social e respirei fundo, caminhando pelo King Castle, desatento aos detalhes.
Abri a porta de repente, precisando usar meu sorriso mais cativante para que ninguém percebesse o quanto a presença do Duque Real me desagradava.
Astradur era o braço direito do meu pai, mas havia algo naquele nobre que não descia bem na minha garganta.
— Que bela noite! — Me joguei na cadeira à direita do rei, sentando confortavelmente, girando e brincando com os anéis dos meus dedos.
Olhar para o meu pai, naquele momento, era me ver daqui a uns anos. A diferença, além da idade, é que tudo nele parecia tenso. Até a coroa em sua cabeça tornava a reunião mais séria. Contei mentalmente quantos segundos levaria para o Duque de Merda, quer dizer, o Duque Real, começar a falar, antes do meu pai.
— Príncipe Noah, eu o chamei aqui para conversarmos sobre… —Sorri, exibindo os caninos pontudos. Sem olhá-lo, como se não me importasse, comecei a mexer nos papéis que estavam sobre a mesa. Deixei que Astradur terminasse o discurso importante, porque eu sou um vampiro muito bem-educado.
— Certo, Duque de… Duque Real. Exceto por uma coisa: foi meu pai que me chamou, o rei. Não o senhor. —Voltei meus olhos para o rei.
— Do que precisa, pai?
O rei respirou fundo e, com isso, eu soltei os papéis e me sentei mais ereto. Veja bem, seis séculos ao lado desse homem me permitiam entendê-lo.
Se o rei de Alkmene parecia nervoso, então, eu também deveria estar.
- Há alguns clãs rebeldes se movimentando pelo norte da Europa - soltou, e fixou os olhos nos meus.
- Quantos?
- Mais do que podemos contar - respondeu meu pai.
- Os insurgentes estão em cerca de oitocentos vampiros maduros - falou Astradur, o Duque de Merda. - E isso é muito. -Encarei o grande mapa sobre a mesa.
- Mostre onde.
- Aqui e aqui. - Apontou meu pai.
Tirei meus anéis e comecei a colocá-los sobre o mapa.
- Se mandarmos os nossos guerreiros para esse ponto estratégico... - Deslizei um anel sobre o norte da Europa e outro na região central. - Bem, acho que isso controlaria qualquer um que quisesse botar os pés em nossa ilha.
- Já tentamos, filho. - Observei meu pai. - Não foi fácil - finalizou. Fiquei em silêncio, assimilando suas palavras.
Ele tentou.
Homens nossos estavam mortos.
Os rebeldes estavam vencendo.- Eu posso lutar. Posso levar Kyle, Bailey e quantos nossos conseguirmos. Não vamos entrar em guerra. Não permitiria. -Meu pai sorriu.
- Eu vou precisar de você, mas não para isso.
Os conselheiros ficaram em silêncio, exceto o Duque de Merda, que falou, mas pouco. Uma sensação ruim percorreu minha pele quando o rei se levantou da cadeira. Os puxa-sacos o acompanharam, e eu continuei sentado, sem entender que porra era aquela.
Eu entendia, na verdade.
Só estava em negação.- Devo me tornar o embaixador dos clãs para elaborarmos um tratado de paz. Preciso estar na base mais antiga para conversar e oferecer algo em troca. Tenho, então, que me oferecer em troca. É a solução ideal. A paz só será possível se houver alguém que seja forte e respeitado o bastante para ser ouvido.
- Isso automaticamente te tornaria alguém diferente do que é hoje, Alteza - acrescentou Astradur, sorrindo para mim. Engoli em seco.
- Você deve se tornar o rei de Alkmene, você deve governar o clã Redgold - finalizou meu pai. Foi a minha vez de ficar em pé.
- Pai...
- Legalmente, não há um empecilho sequer. Eu vou abdicar do trono e você poderá passar por todo o processo.
- Não estou pronto.
- Ninguém está preparado para ser rei - meu pai pontuou -, até se tornar um.
- Ora, Príncipe. Grandes responsabilidades! Que excitante! Eu imagino que você desejava continuar aproveitando sua vida de príncipe dos vampiros.
Isso pode até soar assustador, mas terá um Lochem para auxiliá-lo e... - Astradur continuou a fala do rei, enquanto meus olhos não saíam do meu pai.Fiquei paralisado encarando tudo, pensando que poucos minutos mudaram a minha vida completamente. Além de não me sentir pronto, teria uma babá controlando tudo que eu fizesse até a coroação.
Sem músicas e shifters, então.
Nada bom..。.:*✧🎯✧*:.。.
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🎯|ᴏ ᴘʀɪ́ɴᴄɪᴘᴇ ᴅᴏs ᴠᴀᴍᴘɪʀᴏs » sᴇɢʀᴇᴅᴏs ᴅᴇ sᴀɴɢᴜᴇ • ɴᴏᴀʀᴛ [✓]
VampireCONCLUÍDA/REVISADA "Eu perguntei se você tem um vampiro para beijá-la. E para senti-la. Para saciá-la. Para satisfazê-la. Você está comprometida, Sina?" Quinhentos anos após a minha partida, eu retornei para o lugar onde nasci, a Ilha de Alkmene, co...