Capítulo 30

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- Você não se incomoda? - Mel perguntou enquanto escovava meus cabelos.
Já era noite e, desde que eu havia chegado da delegacia, eu estava trancada em meu quarto lamentando ardentemente por ser o ser mais estúpido da face da Terra. Eu deveria saber que Ian era só mais uma ilusão. Dessa vez, porém, não tinha sido a maldição que o tinha colocado no meu caminho, mas minha mente, que tinha criado uma imagem de Ian, como um dos galãs dos filmes que eu assistia.
- Me incomodo com o quê? - perguntei, vendo Mel colocar a escova em cima do aparador.
- Com Branden dormindo aqui. Sei que vocês não estão mais juntos.
- Não, Mel, não me incomodo. - Mas bem que eu o preferia dormindo em minha cama, pensei - Se você se sente mais segura com ele aqui, não vou fazer nada pra impedir.
- Não se trata de mim, Caroline. Trata-se de você. - ela girou a cadeira, fazendo com o que eu ficasse de frente para ela - Eu já não tenho mais idade para ficar correndo atrás de você e tentado evitar com que você se machuque. Agora você está por contra própria. Mas, às vezes, estar por contra própria não é a melhor solução, pois ninguém é feliz sozinho.
- Eu sou feliz sozinha.
- Oh, minha filha, claro que não.
- Sou sim, Mel. Eu estou sozinha desde que eu terminei com... Com Branden.
- Mas você se esqueceu que desde que terminou com Branden tem andado com aquele marginal?
- Mas não era do mesmo jeito. Com Branden, era diferente. Quando eu estava com Branden, não sentia que estava sendo forçada a fazer algo apenas para impressionar um garoto. Com Branden, eu posso ser eu mesma, até mesmo aquela princesa boba que acredita em filmes americanos e românticos. - falei, abaixando a cabeça - Quando estava com Ian, parecia que toda a vida que eu levava era apenas uma bobagem e que tudo que eu fazia eram coisas sem sentido e anormais que quase nenhuma garota faz. Era como se eu estivesse sendo forçada a ser outra pessoa, uma pessoa que eu nunca quis ser. Como se eu fosse uma daquelas garotas que sempre estava fazendo coisas más no início do filme e acabavam sozinhas no final. - levantei o olhar - Estou sendo muito boba?
- Não, Caroline, - ela segurou minhas mãos - você está sendo você mesma. Aquela mesma garota que eu vi crescer, mas que agora amadureceu e tem um pouquinho de... - ela parou de falar e abaixou a cabeça.
- Um pouquinho de que, Mel?
- Eu não deveria falar isso.
- Ora, Mel, fale. Quando você falar, decidirei se está sendo inapropriada ou não.
Ela respirou fundo e falou:
- Um pouquinho de Lucy. Isso não foi a coisa mais apropriada de se dizer.
- Não, Mel, - falei, interrompendo-a - você está certa. É como se mesmo depois da morte dela, eu me lembrasse dela em tudo que eu faço. Por um momento, achei que Lucy estava dentro de mim, mas mesmo com toda essa maldição e essa história de manter o equilíbrio, eu sei que ela se foi para sempre. Pois, se Lucy estivesse aqui, com certeza, não deixaria com que eu me metesse com caras como Ian.
- Você sente falta dela?
- Claro que sinto. - falei, levantando-me - Mesmo o fato de eu ter sido a pessoa que a matou, Lucy era minha irmã, mesmo que essa maldição idiota diga ao contrário.
- Nunca se deve acreditar em um velho livro na última prateleira de uma estante. - Mel falou, fazendo com que nós ríssemos - Ela sempre dizia isso.
- Vai ver ela sempre pressentiu que a verdade chegaria um dia.
- Pode ser, mas sabe que verdade eu sinto chegado agora?
- Qual?
- A da senhorita indo para a cama.
- Oh, é o que eu mais desejo agora. - falei, enquanto caminhava até minha cama e me jogava na cama - Nunca percebi o quanto minha cama é gostosa, macia e aconchegante.
- Também, faz mais ou menos um mês que você não dorme nela.
- Mas isso vai mudar, Mel. - falei, apoiando-me pelos cotovelos. Observei-a pegar alguns lençóis dobrados em cima da poltrona - Prometo me comportar de agora em diante.
- Assim espero. Boa noite, minha princesa. - Mel falou, abrindo a porta.
- Ei, Mel, aonde você vai com todos esses lençóis?
- São para o Branden. Como ele vai dormir aqui hoje, acho que ele merece mais do que um sofá velho e duro.
- Você o colocou no quarto de hóspedes? - perguntei, sentando-me na cama - Aquele aqui do lado?
- Foi sim. Por quê? Você se incomoda?
- Não, não. - falei, levantando-me e andando até ela - Deixa, Mel, eu levo as coisas para o Branden. - falei ao pegar os lençóis de seus braços.
- Tem certeza? Digo, esse é o meu trabalho e eu não vejo problema algum de fazê-lo.
- Eu tenho que pedir desculpas ao Branden, Mel. É melhor pedir agora enquanto estou com coragem, do que esperar quando ele for embora pela manhã.
- Oh, entendo. - ela abriu a porta e deu passagem para que eu passasse. Mel fechou a porta e virou-se para mim - Boa sorte, minha filha. Tomara que vocês se resolvam.
- Mel, eu não estou indo lá para acertar tudo com o Branden. Eu apenas... Eu apenas estou indo me desculpar.
- Nós duas sabemos que não é apenas isso. - ela sorriu e começou a andar em direção à escada. Vi Mel desaparecer à medida que ela a descia. Respirei fundo e comecei a andar em direção ao quarto de hóspedes, que ficava ao lado do meu.
Dentro do peito, meu coração começou a bater lentamente, enquanto minhas mãos suavam contra o lençol em meus braços. Parecia até que eu estava dando os meus últimos passos para a minha sentença final, por mais que eu não quisesse aceitar o que aconteceria naquele quarto que, provavelmente, decidiria o meu destino.
O meu destino com Branden.
Eu não queria aceitar, mas essa conversa poderia ser o ponto final da nossa história ou poderia ser apenas a metade dela. Eu iria preparada para o pior de qualquer jeito, pois eu sabia que o que eu tinha feito a Branden desde o dia em que o conheci fora apenas piorar a vida dele. Eu era a maldição, o carma que Branden carregava e eu me odiava eternamente por ser o único motivo da sua felicidade não estar completa. Eu queria que Branden fosse feliz, sem toda essa porcaria de descendente de bruxa e namorada amaldiçoada por uma velha rejeitada. Eu desejava o melhor para ele, pois é isso que se deseja para a pessoa que ama. Você só deseja que ela esteja feliz, que ela esteja saudável, que tudo em sua vida dê certo e que todos os seus sonhos se realizem porque, quando se ama, sua própria vida é deixada em segundo lugar.
Amor é essa coisa inexplicável que nos faz cometer loucuras e imaginar momentos que nunca em sua vida imaginaria com outra pessoa. Amor é o mistério que nem com todo o avanço da ciência pode-se entender, porque nem quem ama realmente entende o amor, apenas acha que entende. Mas, oh, como eles estão errados.
Não teve um minuto desde o dia em que eu olhei naqueles olhos que eu não desejasse toda e completa felicidade. Que sua felicidade fosse, de alguma maneira, completa comigo ao seu lado. Parecia um pouco egoísta - e ainda é egoísta -, mas o que eu poderia fazer se cada célula do meu corpo queimava em um fogo sem fim por esse homem? Eu nunca havia desejado um amor de homem como eu desejava o dele, nem mesmo os dos galãs dos filmes que eu assistia. Oh, não, eu sonhava que um dia eu teria o meu próprio príncipe encantado, aquele que iria me salvar quando todas as minhas esperanças já estivessem esgotadas.
Branden era esse príncipe. No entanto, restava saber uma coisa: será que, mesmo depois de toda a confusão que eu armei, meu príncipe ainda iria me amar com a mesma intensidade que eu o amo?
Respirei fundo e bati em sua porta, imaginando que ele iria apenas me olhar com desprezo e iria me mandar embora.
- Caroline, o que você está fazendo aqui? - ele perguntou assim que abriu a porta. Desci meus olhos pelo seu tórax, que estava levemente molhado, e logo voltei para seu rosto, vendo seus cabelos molhados e bagunçados.
- Nossa! Você anda malhando? - falei automaticamente - Digo, vim trazer lençóis para você.
- Você pode colocar em cima da cama enquanto eu arrumo a bagunça que fiz no banheiro?
- Claro. - respondi. Dei um passo para frente e esperei que Branden desse espaço para que eu passasse. Mas, muito pelo contrário, ele ficou parado, me encarando com aqueles olhos do jeito que só ele sabia fazer - Branden, você poderia me dar licença?
- Claro! - ele foi para o lado, finalmente deixando que eu passasse - É melhor eu arrumar o banheiro.
- A Mel pode fazer isso por você. - falei ao colocar os lençóis em cima da cama.
- Não quero dar tanto trabalho para Mel. Ela já tem que cuidar de você. - ele falou, ao mesmo tempo em que entrava no banheiro.
- Eu posso cuidar de mim mesma, eu apenas...
Fui interrompida pelo barulho de uma janela sendo quebrada. Virei para o lado e vi um homem caído no chão do quarto. Antes que eu pudesse gritar, o ar sumiu de meus pulmões assim que o homem levantou seu rosto e olhou diretamente para mim.
- Ian? - Branden falou atrás de mim - Eu não acredito que você teve a cara de pau de vir aqui. - Branden passou por mim e caminhou diretamente em direção a Ian, logo depois segurando-o pelo colarinho, o que fez com que ele se levantasse do chão - É melhor você me dizer o que veio fazer aqui antes que eu arranque todos os dentes da sua boca.
- O que é isso, Branden, meu amigo? - ele perguntou, segurando nos braços de Branden - Pensei que eu e você fôssemos amigos.
- Nossa amizade acabou no dia em que você colocou a vida da Caroline em risco. - ele empurrou Ian, fazendo com que ele batesse as costas na estante ao lado da janela - Agora me diz: o que você veio falar com a Caroline?
- O que eu vim falar com ela não é da sua conta. - ele se recompôs - E o que você está fazendo aqui na casa da Caroline?
- Eu vim para protegê-la de idiotas como você.
- Você é o cão de guarda dela, por acaso? - Ian perguntou, dando uma risada sarcástica.
- Seu bastardo. - Branden falou, partindo para cima dele. Mas, antes que ele conseguisse dar um passo, eu o segurei pelo braço, impedindo-o de ir.
- Branden, não. - falei, fazendo-o olhar para mim - Eu quero ouvir o que ele tem a dizer.
- Mas, Caroline, o que esse cara fez você passar... - ele falou, virando-se por completo para mim e segurando meus ombros.
- Todos merecem uma segunda chance.
- Está vendo? - Ian chamou a atenção de Branden - Ela quer falar comigo, Grandville, e você pode ir se retirando.
- Eu aceito falar com você, - eu disse, andando um pouco para frente, a fim de ver Ian por completo - mas eu nunca disse que Branden não ficaria aqui comigo.
- Ele vai envenenar você.
- Não mais do que você fez, pode apostar. - retruquei, olhando diretamente para Ian. Ele não parecia tão legal ou carismático como pensei que ele era. Oh, não, ele agora aparentava um dos condes burros que me pediam em casamentos e os mais feios, devo ressaltar - Então, Ian, o que você quer?
- Eu vim te pedir desculpas.
- Isso eu já imaginava, mas por que usar a janela? Digo, portas foram feitas para isso.
- Imaginei que seus criados não deixariam que eu falasse com você.
- Eles não são meus criados, eles são meu amigos. Praticamente me criaram juntos com meus pais.
- Eles não iriam deixar com que eu falasse com você depois que descobrissem que eu fui o motivo de você ir para a cadeia. Oh, Caroline, eu sinto tanto em ter te colocado naquela situação e principalmente por quase ter... - ele abaixou a cabeça.
- Tudo bem, Ian, eu te perdoo.
- Ah, Caroline. - Ian deu um passo em minha direção, e eu dei dois passos para trás - O que foi?
- Eu te perdoei, Ian, mas isso não quer dizer que eu queira você de volta na minha vida. Você foi um ótimo amigo, mas eu não quero mais te ver.
- Caroline...
- Não, Ian, eu amei passar esse tempo com você e foi uma das melhores experiências da minha vida, mas essa não era eu.
- Quer dizer que eu nunca mais vou te ver?
- O futuro é incerto. - falei, abaixando a cabeça - Agora que você já fez o que tinha que fazer, peço que você vá embora. Pela porta dessa vez, por favor.
- Eu o acompanho para que ele não se perca no caminho. - Branden falou, andando em direção à porta e abrindo-a.
- Eu vou você para ter certeza que os dois permaneçam inteiros.
- Vamos logo, Ian, - Branden falou, pegando-o pelo braço e arrastando-o pelo corredor - quero você longe da Caroline. E o mais rápido possível. - ele continuou a levar Ian por escada abaixo.
Segui os dois praticamente correndo, na esperança de alcançá-los para que nada acontecesse com nenhum dos dois. No entanto, ao chegar ao pé da escada, Branden já estava trancando a porta e batendo as mãos em forma de trabalho feito.
- Desculpe. - disse baixinho para que ele só escutasse - Eu não quis causar tanto problema na vida de todos.
- Ian não vai mais causar problema algum. - ele disse andando até a janela e afastando a cortina para ver se ele tinha realmente ido embora - Depois dessa, eu acho...
- Talvez tivesse sido melhor que Lucy tivesse ganhando. - falei, interrompendo-o - Ela sim era forte o suficiente para aguentar uma vida como essa.
- Era seu destino. - ele falou ao mesmo tempo em que caminhava em minha direção.
- Quem disse? Um livro velho deve decidir o destino de alguém? Talvez ele pudesse estar errado, talvez Lucy se desse melhor se estivesse aqui.
- Por que você está falando isso? - ele disse, cruzando os braços.
- Porque eu faço tudo errado, Branden. - falei um pouco mais alto - Tudo que faço desde o dia que matei Lucy é besteira. Eu estou decepcionando as pessoas, pessoas que eu amo. Se Lucy estivesse aqui, ela faria tudo certo. E não se meteria com uma pessoa como Ian. Ela não ia se deixar enganar por um charlatão que a única coisa que fez foi me mostrar o seu mundo, e eu não o culpo por isso, porque quem se deixou levar fui eu. A culpa não é apenas de Ian, a culpa também é minha. Eu acabei me transformando na única pessoa que eu disse que nunca iria ser. Tudo isso só por uma estúpida vontade de te tirar do meu peito e por um rasto de felicidade que eu sentia apenas quando estava com você. - falei, sentindo as lágrimas descerem por meu rosto - Desculpe, eu entendo o porquê você não quer ficar comigo e fico feliz que você esteja com alguém que te faça feliz.
- Você está feliz que eu esteja com outra pessoa? Como é que você pode dizer isso depois de tudo que a gente passou, Caroline?
- O que você quer que eu diga, Branden? Que eu odeio a ideia de você namorando aquela esquelética sem cérebro? Que eu deseje o mal para você? Eu nunca faria isso porque, quando se ama alguém, só se deseja o bem para ela, só se deseja que essa pessoa seja feliz, mesmo que não seja com você.
- E quem disse que eu sou feliz sem você?
- Mas eu pensei...
- Pensou errado, Caroline. - ele me interrompeu - Deus, como você é burra. - ele falou, dando as costas para mim - Eu só fiquei com a Ashley porque ela é o mais perto que eu encontrei parecida com - ele se virou para mim - você. Pode até parecer estranho, mas vocês têm muito em comum.
- Mas...
- Eu sei que eu nunca deveria ter feito isso, mas eu sabia que você teria que descobrir o seu caminho de volta para ser quem você realmente é sem mim. - ele se aproximou de mim - A verdade é que eu te amo, Caroline, e tudo que eu fiz foi para te proteger. Só eu sei o quanto doeu ter que ver você dando a atenção que era para ser minha para o Ian.
Todas as paredes de gelo do meu coração se derreteram com essas simples palavras e meus braços se jogaram em volta de seu pescoço, fazendo nossos lábios se encontrar. Só Deus sabia o quando eu sentia falta de me derreter nesses lábios e em seus braços, que rodearam minha cintura e fizeram com que seu tronco nu se encontrasse o tecido fino da minha regata. Senti seus dentes prenderem meu lábio inferior, puxando-o para si, e logo depois nossas bocas se encontrarem, fazendo com que nossas línguas dançassem uma valsa da saudade. Branden me apertou mais contra seu peito, deixando-me nas pontas dos pés, mesmo estando em um degrau da escada.
Minhas pernas deram um impulso para que as mesmas rodeassem sua cintura. Todo o meu corpo começou a queimar em um fogo que eu conhecia, um fogo que só queimava em minhas veias quando eu estava na presença de Branden. E, oh, esse fogo fazia meus pensamentos irem a mil, mas sempre me levavam a um mesmo resultado: o quanto eu desejava que nossas roupas não estivessem onde estavam. O que se confirmou quando seus beijos desceram de meus lábios até meu pescoço, fazendo com que eu fechasse os olhos e arqueasse minha cabeça para trás. Branden começou a subir as escadas comigo em seu colo enquanto eu me agarrava mais aos seus ombros e puxava seus cabelos.
Senti minhas costas baterem de encontro com a porta de meu quarto e os beijos de Branden descerem por meu colo. Um gemido escapou de minha garganta e minhas unhas cravarem em seus braços.Branden sorriu contra a pele de meu colo e abriu a porta de meu quarto com uma das mãos, fazendo com que meus pés fossem parar no chão outra vez. Ele, então, segurou meu rosto entre suas mãos e fez com que eu olhasse em seus olhos. Ofegante, disse:
- Tem certeza? - ele perguntou, olhando em meus olhos.
- Nunca tive tanta certeza em minha vida. - respondi, sorrindo, e vendo-o sorrir também.
Branden me segurou pela cintura enquanto sua boca vinha de encontro à minha outra vez e me deitava suavemente em minha cama, deitando-se em cima de mim depois. Suas mãos tiraram minhas roupas delicadamente enquanto eu tirava as suas e, naquela mesma noite, nosso amor estava completo.
Eu era dele. E ele era meu.

Em cada sonho mais louco que eu já tive em minha vida, nunca imaginei que o melhor de todos seria aquele que eu estava vivendo aqui. Agora. Continuei olhando para Branden, que dormia calmamente, como um anjo. Porque era isso que ele era. Um anjo que apareceu em minha vida para me salvar de todas as enrascadas que, provavelmente, eu me meteria e teria todo o prazer de fazer, pois saberia que ele estaria lá, em sua moto, pronto para me arrastar de volta para casa em seus braços.
Eu nunca deixei de amá-lo. Oh, não. Meu amor por Branden só aumentava a cada dia dentro do meu peito, fazendo com que meu corpo todo entrasse em chama apenas em vê-lo. Agora eu sabia porque todo o meu corpo fervia pelo seu toque, era por isso que meu corpo esperava ardentemente. E agora que já o teve, não quer que essa sensação vá nunca embora.
- Onde ela está, Mel? Diga-me! Agora! - escutei gritos virem do andar debaixo, fazendo com que eu me assustasse.
Levantei-me em um pulo e coloquei a camisa de Branden, que mais parecia uma camisola em mim, e logo depois um short. Abri a porta lentamente na esperança que Branden não acordasse. Olhei para ele e vi que ele continuava dormindo.
- Mel, vá chamá-la agora! - escutei mais um grito vindo do andar debaixo, agora um pouco mais alto. Eu conhecia aquela voz. Parecia bem com a voz de meu pai.
- Ela ainda está dormindo, senhor Jonathan. - agora foi a vez de Mel se pronunciar.
- Acorde-a. - meu pai parecia furioso, e eu engoli em seco ao mesmo tempo em que descia os primeiros degraus da escada.
- Não é preciso, - falei, descendo a escada um pouco mais rápido - eu já estou acordada. - continuei andando em direção à sala, onde meu pai, Lorenzo e minha mãe se encontravam.
- E você me recebe com essa calma? - ele perguntou ao dar um passo em minha direção.
- Não sou mais criança para sentir medo do senhor, pai. - falei, cruzando os braços.
- E desde quando você me responde dessa maneira?
- E o que o senhor queria que eu fizesse?
- Pedir perdão seria um bom começo. Você sabe o quanto foi humilhante pedir para que você fosse solta de uma prisão porque roubou uma bijuteria qualquer? Você tem tantas jóias! O que diabos você queria que com uma simples bijuteria?!
- Como o senhor sabe disso?
- Como eu sei disso? Além de Branden ter me ligado, tive sorte porque a Rainha teve o bom senso de abafar o caso e pediu para que você fosse solta.
- Branden?
- Branden é um rapaz de ouro, Caroline. Foi ele quem me deu a ideia de que você fosse embora de Londres.
- Embora de Londres? O senhor não pode me prender naquele castelo outra vez.
- E quem disse que você vai para o castelo? Você está indo pro acampamento junto com Lorenzo. Agora.
Oh, não. O acampamento não.

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