Capítulo 24

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- Lorenzo chegou! - Marta anunciou, e eu pude sentir meu coração dar um pulo dentro do peito.
Olhei apreensiva para a porta da frente, esperando que Lorenzo chegasse acompanhado dos guardas. Fazia mais de dezoito horas que ele havia partido à procura de Branden, e eu podia ver o sol se pondo na janela do mesmo modo que eu o vi nascendo.
Meu coturno estava desgastado e sujo, consequência das longas caminhadas que dei pelo castelo à procura de alguma pista, ou de algum sinal para onde Lucy havia levado Branden. Mas eu não havia achado nada, o que fazia meu coração doer a cada pensamento negativo que passava pela minha cabeça.
Se algo acontecesse com Branden, eu nunca me perdoaria. Eu nunca conseguiria continuar vivendo, sabendo que o único cara que eu realmente amei foi morto por causa de uma irmã que - na verdade, é uma parte má de mim e não deveria ter nascido - quer minha cabeça em uma bandeja de prata por causa de um estúpido capricho e de uma maldição idiota.
Eu sempre aceitei o fato de carregar uma maldição. Até aceitei o fato de ser seguida por lobos grandes e acinzentado e morrer sozinha sofrendo por amor, mas tudo não fazia sentido agora. Não era exatamente fácil aceitar que tudo que eu havia planejado em meu futuro - sozinha - estava desmoronando na minha frente, e eu não podia fazer apenas aceitar. Isso já estava passando dos limites. Eujá havia passado do limite da loucura e podia afirmar que, em dezessete anos, eu já havia vivido uma loucura por uma vida inteira e que nenhum dos pacientes do hospício poderia superar.
Eu seria trancada em uma sala especial como a melhor louca contadora de história, pensei, encostando-se ao móvel da enorme sala do castelo e olhando em volta. Minha mãe estava sentada no sofá, deixando-se ser consolada por meu pai. Os dois estavam apreensivos e preocupados e, por mais que não quisessem demonstrar, eu podia ver a preocupação em seus olhares quando olhavam para mim e imaginavam o que eu estava prestes a fazer.
Eu mataria sua filha.
Eu mataria minha própria irmã.
Irmã. Lucy era minha irmã - apesar de tudo e de todo o mal que ela causou a todos -, mas isso não significava que eu deveria tirar sua vida por causa de uma maldição. Eu acreditava que as pessoas podiam mudar. Eu acreditava que Lucy podia mudar algum dia. Mas, apenas ao lembrar o mal e o sofrimento que ela causou com suas atitudes, eu sentia meu sangue em minhas veias ferver.
Oh, Deus, por que eu fui tão burra em acreditar nela outra vez?
Toda vez que eu repetia essa pergunta, mesmo que apenas em pensamentos, Germana fazia questão de me lembrar que os sentimentos bons em meu coração superariam todos os maus. Era o que fazia com que eu olhasse a todos com a inocência de uma criança e tivesse compaixão e perdoasse o pecado mais grave vindo do prisioneiro mais perigoso.
E, bem, ela estava certa sobre isso.
Não é sua culpa, meu pai insistia em dizer. Lucy apenas não deveria ter nascido, ele afirmava com a maior tranquilidade e sem um pingo de compaixão na voz, e eu me perguntava: Por quê? Por que diabos isso tinha acontecer logo comigo? Por que será que Deus me colocou nessa família? Por que isso simplesmente não ficava apenas para os livros de conto de fadas? Seria muito mais fácil se isso fosse apenas uma história de um livro velho de um velho idiota sobre uma mulher ressentida e abandonada. Não seria tão doloroso, e eu não me sentiria como um lixo a cada minuto em que olhava para a mesa e via a lâmina da adaga presa em um cinto que Lorenzo havia me emprestado, caso Lucy aparecesse.
Eu não queria usá-la. Eu não teria coragem de usá-la.
- Sua Majestade. - Lorenzo falou ao chegar à sala, fazendo reverência ao meu pai.
- Lorenzo. - meu pai se levantou para olhá-lo nos olhos - Então, vocês acharam onde ela está?
- Não. - ele disse, e eu abaixei minha cabeça - Mas achamos uma pista.
Levantei minha cabeça, desencostando-me da mesa imediatamente.
- O que vocês acharam? - perguntei, andando até ele - Um mapa? Uma trilha? Uma casa abandonada? Uma...
- Caroline, acalme-se. - Lorenzo falou, segurando meus ombros - Nós vamos achá-la, demore o tempo que for.
- Desculpe. - falei, abaixando a cabeça - Eu estou um pouco ansiosa.
- Nós vamos achá-lo, ok? Eu prometo. - Lorenzo falou e deu um beijo em minha testa.
- O que você acharam? - Germana perguntou.
- Uma muda de roupa, na verdade. - levantei meu rosto, vendo Lorenzo pegar uma muda da mão de um dos guardas - Elas são roupas do Branden. Ele as usava ontem no aniversário. - ele continuou desatando os nós do pano - agora - sujos de terra.
- Isso quer dizer que ele trocou de roupa? Por que alguém faria isso no meio de um sequestro? - meu pai perguntou confuso.
- Para nós perdemos o rastro dele. Lucy e Greta provavelmente fizeram com que Branden trocasse de roupa para que seu cheiro não fosse rastreado.
- Então vocês perderam o rastro? - perguntei, cruzando os braços.
- Sim. - ele falou, entregando a muda de volta para o guarda - Nossos cachorros não poderão continuar.
- Vocês não tinha, sei lá, alguma roupa da Lucy? - perguntei, começando a andar de um lado pelo outro - Alguma coisa que fizessem os cachorros continuarem?
- Você não entendeu, Caroline, eles não poderão continuar. Não foi porque eles não conseguiam, ou pela perda do rastro, eles apenas não podiam atravessar a linha.
- Lorenzo, você fumou alguma coisa? Bateu a cabeça em algum galho solto de árvore? Se eles perderam o rastro, por que não continuaram?
- É a zona proibida. - ele disse finalmente, e meu corpo ficou rígido - Os cachorros perderam o rastro na linha da zona proibida, aos arredores do castelo e Wallguinton.
- Ela não...
Comecei a sentir um nó formar-se em minha garganta, impedindo-me de continuar.
- Acho que já chega por hoje. - meu pai se pronunciou - Lorenzo, obrigado pelos seus serviços, mas continuaremos nossas buscas amanhã.
- O quê?! - gritei, virando-me para meu pai - Nós sabemos onde ela está, por que não continuar?
- Está anoitecendo, minha filha. Não vai adiantar nada, continuaremos amanhã pela manhã.
- Mas...
- Por que você não descansa um pouco? - meu pai perguntou, segurando meus ombros - Você não dormiu nada noite passada, merece um descanso.
- Mas...
- Boa noite, Caroline. - meu pai disse, dando um beijo em minha testa - Emily, leve-a com você.
- Claro. - minha mãe respondeu, andando em minha direção - Vamos, Caroline.
- Boa noite a todos. - eu disse, recebendo um coro de Boa noite em resposta.
Minha mãe passou o braço por cima de meu ombro, guiando-me pela escada até o corredor do andar de cima. Ela estava calada, e eu podia ver em seus olhos que ela estava machucada por perder sua filha favorita. Lucy sempre foi sua queridinha. Desde que éramos pequenas e brigávamos pela mesma boneca, Lucy sempre saía ganhando. Estava a matando e eu sabia disso, pois estava me matando também a cada minuto que passava e a nossa batalha se aproximava.
Era irônico pensar que, após anos querendo dar a Lucy uma lição que ela nunca esquecesse, eu a tinha em minhas mãos e não estava preparada o suficiente para executá-la. Talvez eu seja fraca demais. Ou talvez eu seja a determinada a morrer, pensei, vendo a porta à minha frente ser aberta por minha mãe.
- Você parece cansada. - ela disse, andando em direção à minha cama - Você precisa dormir muito para repor suas energias.
Observei-a tirar a colcha de minha cama, enquanto eu tirava meus coturnos.
- Desculpe-me. - falei um pouco mais alto, voltando toda sua atenção para mim.
- Desculpar pelo quê? - ela olhou para mim.
- Por você estar passando por tudo isso. Por fazer você sofrer, por ter que matar sua filha favorita. - abaixei minha cabeça, encarando meus pés.
- Ei, ei. - ela andou em minha direção e levantou meu rosto entre suas mãos - Você é a minha filha, minha única filha.
- Mas... Lucy. Você sempre preferiu Lucy.
- Lucy, desde pequena, precisava de muita atenção e sempre foi muito mimada. Seu pai não podia dar o que ela precisava, então eu fiquei com ela.
- Eu não queria ter que matá-la, mamãe. - confessei, sentindo as lágrimas se alojarem em meus olhos e minha visão ficar embaçada.
- Mas você precisa, meu amor.
- Por que, hein? Porque nós não apenas tentamos mudá-la?
- Porque você não pode fugir do seu destino.
- Destino de merda esse. - falei, cruzando os braços.
- Eu sei que é difícil. Acredite, é difícil para mim também. Mas pense em todo o mal que ela causou todos esses anos, com você, comigo, com seu pai, com os criados, com seus amigos... Com Branden. Você não sente nem um pouquinho de raiva?
- Talvez uma vontade de dar um tapa nela, ou trancá-la no calabouço. Mas aí eu penso em como ela sofreria e esqueço tudo.
- Definitivamente você é a boazinha. - rimos as duas - Agora vá, durma um pouco. - minha mãe segurou em meus ombros, guiando-me até a cama - Você precisa descansar. - ela disse, e eu afastei o edredom, deitando em minha cama e colocando-o por cima de mim outra vez - Boa noite, minha filha. - ela deu um beijo em minha testa - Durma bem.
- Boa noite, mamãe. - respondi, vendo-a andar em direção à porta.
- Tudo depende de você. - ela se virou para mim - Se você não cumprir seu destino, vamos todos morrer. - ela abriu a porta, saindo logo em seguida.
- Repor as energias uma ova. - falei, jogando o edredom para o lado, ficando em pé ao lado da cama.
Sentei-me em minha cama novamente, calçando meu coturno. Nada me impediria de pegar Lucy desprevenida, ainda mais porque eu sabia que Lucy tinha a absoluta certeza de que nenhum guarda do castelo iria entrar na zona proibida. Além do mais, eles eram proibidos de chegarem perto do castelo de Wallguinton. Quero dizer, qualquer habitante tem medo de chegar perto daquele castelo.
O castelo de Wallguinton estava abandonado há mais de duas décadas. A família que ali habitava era dona de um dos maiores bancos da Itália, no qual guardava o dinheiro dos maiores proprietários de Florença. A família Wallguinton havia enganado a todos, ela estava desviando o dinheiro que recebia para sua própria conta para poder sobreviver. Papai, quando descobriu essa barbaridade, mandou que prendesse a todos e fechou o castelo, logo em seguida. E, desde esse dia, o castelo de Wallguinton tornou-se zona proibida.
Alguns dizem que a família nunca saiu realmente do castelo, já que o rei fechou tudo e nunca voltou para checar. Outros dizem que, depois da partida da família Wallguinton, o castelo passou a ser assombrado pelos fantasmas furiosas dos antigos Wallinguintons que ali moravam, fazendo toda a vegetação ao seu redor morrer.
Histórias de dormir contadas a crianças que desobedeciam aos pais, pensei, abrindo a porta de vidro que dava para minha varanda.
O gramado do castelo estava vazio, já que a maioria dos guardas estava descansando para a busca por Lucy no dia seguinte. O labirinto que dava para o bosque, que levava a zona proibida, estava sem vigília, o que facilitava minha fuga. Além disso, minha varanda ficava de frente ao labirinto. Apenas alguns metros de distância, e eu estaria caminhando para o meu destino.
Subi na grade de proteção da minha varanda e pulei para o pequeno telhado que ficava ao lado. Dei graças a Deus por meu pai ter colocado uma escada ao lado de cada janela, caso acontece algum acidente e fosse preciso escapar. Segurei a barra com minhas mãos, em seguida, colocando meus pés cinco barras abaixo. A escada não era alta o suficiente para me assustar, ela ainda ia até o telhado do castelo, lugar vazio que era apenas usado pelos atiradores caso alguém ameaçasse o castelo ou em alguma festa com membros da alta sociedade.
Coloquei meus pés no gramado do castelo e olhei para os lados, vendo o campo completamente vazio. Coragem, Caroline, pensei, respirando fundo.
Comecei a dar passos firmes em direção ao labirinto, mas meu corpo congelou no lugar. Ao ouvir uma voz, girei meus calcanhares em direção ao caminho que havia traçado há apenas alguns segundos.
- Aonde você pensa que está indo?
- Eu... Eu vim buscar um brinco que caiu aqui ontem à noite.
- E que parte dessa história você quer que eu acredite?
- Toda?
- Não acredito nem ao menos em uma letra.
- Olha, Lorenzo, eu tenho que fazer isso. - falei, dando alguns passos em sua direção - O reino depende de mim... Todos dependem de mim... O Branden depende de mim. Eu não posso decepcioná-los.
- Eu não vim aqui para te impedir. Eu vim aqui para ir com você.
- Lorenzo, ela vai acabar com você.
- Ingrata. Fui eu que te ensinei a socar alguém do mesmo jeito que eu aprendi na aldeia de treinamento.
- Eu não quero que você se machuque, tanto já foram machucados por minha causa. - lamentei, abaixando minha cabeça.
- Ei! - ele levantou meu rosto com as pontas dos dedos - Nada é culpa sua, Caroline. Não é sua culpa uma bruxa louca jogar uma maldição e ela permanecer por anos na sua família. Você nem era nascida, afinal. E se fosse, devo dizer, gatinha, você está uma belezura para quem tem mais de quatrocentos anos.
Senti os meus lábios se curvarem em um sorriso e não consegui reprimi-lo.
- Obrigada. Mas isso não vai me impedir de ir encontrar Lucy.
- Eu estou pronto mesmo. Vamos logo caçar a vadia. - ele me pegou pelo braço e começou a andar em direção ao labirinto.
- Lorenzo. - falei, fazendo-o parar - Eu não vou deixá-lo ir.
- E eu não vou deixar você ir sozinha, então estamos quites.
- Eu preciso fazer isso sozinha.
- Ninguém é melhor sozinho. E Lucy não está sozinha. Você é minha melhor amiga, ex-cunhada preferida e praticamente da família. Caroline, você é a irmã mais nova que eu sempre quis ter e eu não vou deixar você encarar o seu destino sozinha, desprotegida. Além disso, eu não me perdoaria se algo acontecesse com você e eu soubesse que eu poderia ter feito algo, mas não fiz. Então, não tente me convencer, você nunca foi boa nisso. E não vai ser agora que você vai conseguir.
- Obrigada, Lorenzo. - pulei em seu pescoço, abraçando-o forte - Obrigada mesmo, por tudo. - continuei, separando-me dele.
- Você se esqueceu de uma coisa.
- O quê?
- A adaga que eu emprestei. - ele falou, desabotoando a fivela do cinto que estava acima do seu verdadeiro cinto, que carregava uma arma e uma espada do outro lado - Você esqueceu em cima da mesa.
- Obrigada. - respondi, pegando o cinto e envolvendo em minha cintura - Eu não pretendia usá-la.
- Você ia encontrar com sua "irmã", - ele fez aspas com a mão - que pretende matar você desde o dia do seu nascimento, desarmada e sem nenhuma guarda?
- Eu tinha esperança de que, se eu conversasse com ela...
- Você realmente acha que ela deixaria você falar? - ele me interrompeu.
- Eu tinha uma pontada de esperança. - confessei, começando a andar pelo bosque.
Estava uma noite fria e o céu não tinha nuvens, apenas estrelas e a lua. Eu não queria pensar nisso, mas talvez hoje fosse o último dia que eu veria um céu estrelado, que eu sentiria o vento em meu rosto e veria as folhas das árvores caindo.
A maldição dizia claramente que eu 'devo' matar minha irmã, mas não diz nada sobre ela não lutar pela sua vida ou se voluntariar para morrer. Ela iria lutar, eu sabia disso. E também sabia que ela podia muito bem acabar comigo, afinal Lucy era muito melhor em brigas do que eu, tanto que ela costumava me defender das meninas malvadas que insistiam em implicar comigo por eu ser uma princesa. Foram as inúmeras vezes que papai teve que dar uma recompensa às mães das meninas que apareciam em suas casas com uma parte do cabelo faltando ou um dente de leite em mãos. Bons tempos que não voltaram.
O labirinto me dava calafrios e, logo que avistei o bosque, o medo tomou conta de mim e minha cicatriz ardeu de leve. Esse bosque me trazia péssimas lembranças e, à noite, quando não se estava correndo feito um louco e podia-se vê-lo calmamente, parecia mais assustador ainda.
Lorenzo segurou em minha mão e começou a me guiar em direção ao castelo de Wallguinton.
- Você está tremendo. - Lorenzo falou, olhando-me.
- É o frio.
- Como se eu fosse acreditar em ti.
- Esse bosque não é o meu lugar favorito.
- Más lembranças, certo?
- Péssimas. - falei, passando a mão em cima da minha cicatriz - Droga! Esse troço está ardendo.
- O quê?
- Minha cicatriz, ela arde de vez em quando. Vai ver é uma coisa que acontece quando um de seus órgãos é quase perfurado por uma louca.
- Ou então quer dizer que estamos perto.
- Do que você está falando?
- Bem, minha mãe costumava dizer coisas sobre atos de uma bruxa.
- Sim. - olhei para ele, esperando que ele continuasse - Droga, Lorenzo, continua. O que sua mãe dizia?
- Ela dizia que quando uma bruxa tenta te matar e você sobrevive, você passa a senti-la.
- Senti-la? Tipo, se ela estiver perto de mim, eu vou poder senti-la através da dor da minha cicatriz?
- Alguma coisa parecida com isso.
- Isso está totalmente fora do meu limite de loucura.
- Você atravessou o limite de loucura quando nasceu. - ele falou olhando para frente, estreitando os olhos para enxergar melhor - A estrada que leva ao castelo de Wallguinton está logo à frente. - Lorenzo olhou para os lados e depois olhou para mim.
- O que foi?
- Você escutou isso?
- O quê?
- Shiu! Apenas escute. - olhei para Lorenzo, abismada. Ele estava me assustando, e eu estava começando a pensar que aquele campo de treinamento, além de treinar soldados, os deixava psicóticos - Vamos andando. - ele falou, puxando-me pelo braço e caminhando em direção à pequena estrada que levava a entrada do castelo de Wallguinton.
- Lorenzo, o que está acontecendo?
- Alguém está atrás de nós.
- Isso é impossível. Ninguém...
Minha fala foi interrompida pelo barulho da primeira badala do relógio da igreja que ficava no castelo, anunciando que era meia-noite. O uivo de um lobo fez com que eu apertasse a mão de Lorenzo com mais força, e eu virei meu rosto para trás, avistando três lobos enormes e acinzentados parados a alguns metros de nós, que não pareciam nada amigáveis. Oh, droga, a maldição não havia sido quebrada ainda!
- Esses são...
- São sim. - interrompi-o, engolindo em seco.
- Eles vão nos atacar? - escutei a oitava badalada.
- Corre, Lorenzo, corre!
Segurei na mão de Lorenzo com mais força, puxando-o para correr comigo. Eu podia escutar as patas daqueles animais amassarem as folhas secas que estavam no chão logo atrás de nós. Agradeci a Deus por meus pés tocarem na estrada de terra, estavámos mais perto do que longe do castelo de Wallguinton.
O portão do castelo estava aberto e sem nenhuma tipo de guarda. Eu sabia que era uma armadilha, mas eu não podia deixar Lorenzo morrer por lobos raivosos e que estavam ali por minha causa. Eu teria que entrar no castelo de uma maneira ou outra.
Lorenzo me puxou para dentro logo quando atravessamos o portão, mexendo na alavanca e puxando-a para baixo, o que fez o portão de ferro descer. Os lobos pararam antes mesmo de chegarem à metade da estrada e deram meia volta, desaparecendo como o vento.
- Sejam bem vindos. - olhamos os dois para trás, dando de cara com Greta e dois guardas - Eu estava esperando por vocês. Peguem-nos.

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