- Então, com quem você estava ontem? - Mel perguntou quando entrei na cozinha.
- Quem te disse que eu estava com alguém? - respondi, sentando-me em frente à bancada.
- Eu disse. mamãe apareceu na cozinha e parou ao meu lado com os braços cruzados e uma expressão não muito feliz - Eu disse porque você conhece as regras e, mesmo assim, desrespeitou-as.
- Eu cheguei aqui a tempo. - falei, tomando um gole do meu café.
- E se você não tivesse chegado? - ela falou andando ao lado oposto onde eu estava sentada, sentando-se também.
- Mas eu cheguei. - falei, pegando o sanduíche que Mel tinha acabado de colocar em meu prato - Obrigada, Mel.
- Eu não quero que você fique fora depois das onze, entendeu?
- Sim, general. - dei uma mordida em meu sanduíche.
- Isso não tem graça. E onde diabos você estava?
- Foi apenas um jogo de futebol e depois nós saímos para ir a uma lanchonete. Não foi nada demais.
- Você já pensou no que podia ter acontecido?
- Pensei sim. Sonho todo dia com isso.
- Isso é uma espécie de brincadeira para você, mocinha?
- Melhor rir da sua desgraça do que deixá-la tomar conta de você.
- Às vezes eu acho que você gosta.
- Gosto? - coloquei o sanduíche no prato - Você acha mesmo que eu quis ter vindo correndo de uma lanchonete a dois quarteirões daqui quase colocando meus pulmões para fora? Não, eu não gostei. E, só para sua informação, eu nunca pedi por toda essa porcaria. Eu aceitei porque era algo que, mesmo que eu quisesse, eu não podia negar, pois, se eu o fizesse, eu me sentiria infeliz e culpada pelo resto da minha vida. E não venha me dizer que você sabe como eu me sinto porque, acredite, você não sabe! - gritei, respirando fundo em seguida.
- Eu sinto muito.
- Ah, claro. Você sente. Você já tentou se colocar no meu lugar? Claro que não, porque ninguém ia quere uma vida dessas! - gritei irritada, batendo com a mão na mesa - Desculpe-me, eu me descontrolei. Não vai acontecer outra vez. - abaixei meu tom de voz, recuperando meu fôlego.
- Filha... - ela se levantou, andando até mim.
- Apenas vá, mãe. Você vai chegar atrasada.
- Tchau, minha filha. - ela deu um beijo em minha testa e saiu.
- Vocês são tão estranhas. - ri pelo nariz olhando para ela.
- Você não sabe o quanto, precisa conhecer o resto da família.
- Sua mãe é meio radical quando o assunto é o toque de recolher. Ela fazia o mesmo com Lucy.
- O pai dela fazia o mesmo com ela, eu acho. - escutamos a campainha ecoar pela casa - Deixa que eu vou, Mel. - levantei-me, saindo da cozinha e passei pelo corredor, indo até a porta e a abri -Branden? O que você faz aqui?
- Boa tarde. - ele deu um beijo em meu rosto, entrando em minha casa - Seu DVD está pegando? Eu trouxe filme e pipoca. - ele andou pelo corredor de costas, olhando para mim. Eu estava estática segurando a maçaneta da porta, olhando-o, boquiaberta.
- Branden, dá para você me explicar o que está acontecendo? - fechei a porta, virando-me para ele com um sorriso nos lábios. Meu Deus, por que eu estava sorrindo?
- Essa é a sua sala? - ele apontou para o lado direito dele - Tem DVD?
- Tem, mas... - ele me interrompeu.
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Flawless Curse
Mystery / ThrillerMudar de cidade nunca é uma tarefa fácil. Mudar de país então, era a última coisa que ela desejava, porém, com tudo que tinha acontecido, alguém tinha que cuidar da sua mãe e, obviamente, sua filha estava no topo da lista. Tudo parecia uma tarefa f...