Capítulo 24

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Nós todos entramos em completo silêncio assim que passamos pela porta e ela foi fechada atrás de nós. Nestha encarava Elain e Lucien com incredulidade, enquanto Feyre tinha um olhar surpreso. Aelin e eu tentávamos ficar o mais distante possível da situação desconfortável, a loura agora com Orion dormindo em seus braços.

Antes que qualquer pergunta fosse feita, o homem de cabelos vermelhos começa a falar, se dirigindo a Grã-Senhora:

-Eu descobri algumas coisas que me deixaram muito abalado... - Engole em seco, Elain o olha com preocupação. - Procurei por Tamlin, mas ele se recusou a deixar sua forma bestial...

-Forma bestial? - Aelin sussurra para mim.

-Sim, ele consegue mudar seu corpo para a forma de uma besta. - Faço uma pausa, me lembrando das coisas que ouvi sobre ele. - Não que precisasse, ele é uma besta com ou sem forma.

A rainha de Terrasen solta uma risadinha, mas logo se cala para ouvir o restante.

-Então eu vim procurar por você, mas encontrei Elain.

-Eu o convidei para ficar. - A fêmea diz, interrompendo o que quer que sua irmã mais velha fosse dizer. - Eu estava cansada de ficar sozinha e Lucien precisava de alguém para desabafar.

-Nós conversamos sobre o modo errado como as coisas entre nós aconteceram, eu me desculpei e, graças ao Caldeirão, ela aceitou minhas desculpas. De certa forma, encontramos conforto um no outro. - Os dois sorriem.

-Isso foi tão meloso! - Aelin sussurra de novo, dessa vez fazendo um som de vômito.

Tapo a boca para evitar uma risada.

-Elain, como você pôde... - Nestha parecia muito nervosa. - Depois de tudo...

-Eu acho que você precisa entender, Nestha, que eu sou uma mulher adulta e faço da minha vida o que eu bem entender. - O tom de Elain é sério e seu queixo está erguido em desafio quando ela fala. - Está seguindo sua vida, deixe que eu siga a minha.

Todos nós, com excessão de Aelin que não a conhecia, estávamos sem reação. Elain dificilmente enfrentava alguém, muito menos Nestha, que aos poucos vai retomando sua postura usual.

-Com alguém que acha que tem algum tipo de posse sobre você? - Responde.

-Irônico ouvir isso vindo de você. - A outra rebate. - Foi ele quem me fez companhia enquanto você se atracava com Cassian.

Nestha com certeza não gostou do modo como a irmã falou, pois seus olhos brilharam com chamas prateadas e seus dentes ficaram a mostra. Não assustou Elain.

-Se soubesse que aqui era assim eu teria vindo antes. - Aelin sussurra.

-Nós estávamos resolvendo problemas de adulto, Elain, não acho que você entenda o que é isso. - Seu tom sai carregado de ironia.

-Já chega! - Feyre diz, seu olhar em Nestha. - Elain é adulta, sabe o que faz. Lucien jamais faria mal a ela. - Seu olhar volta para a outra irmã. - Estivemos ausentes para você e peço desculpas, mas isso não te dá o direito de atirar suposições.

Elain cora, aceitando a repreensão da irmã, Lucien toca seu ombro para reconforta-la. Um gesto que antes a fazia se retrair e que agora a aproximava. A Grã-Senhora se volta para ele.

-O que queria falar comigo? - Sua voz soa mais calma que antes.

-Estive na Outonal, visitando minha mãe.

-Oh! Isso é ótimo! - Sorri.

-Sim... - O macho soa desanimado. - Ela me contou algumas coisas que não podia contar enquanto Beron estivesse vivo... - Ele olha ao redor, se dando conta de que não estão sozinhos. - Será que poderíamos conversar em particular?

-C-claro... - Além de gaguejar, a voz de Feyre sai um tanto estridente.

Lucien a olha, reparando detalhadamente nela. A Grã-Senhora cora, desviando o olhar, apertando as mãos uma na outra.

-Você sabia. - O de cabelos vermelhos diz, ela não responde, provando sua culpa. - Você sabia esse tempo todo.

-Eu...

-Feyre, como pôde esconder algo assim de mim? - Lucien parecia indignado.

-Do que é que eles estão falando agora? - Aelin pergunta baixinho.

-Não tenho ideia. - Respondo.

-Parece sério.

-Pois é.

-Lucien era uma suposição! - Feyre se defende. - Eu não tinha certeza de nada, Helion só tocou no assunto uma única vez!

-Então ele não sabe?

-É claro que não! Só sua mãe poderia confirmar.

-E ela confirmou!

A voz do macho sai estranha e ele engole em seco várias vezes, Elain é quem o conforta dessa vez. Feyre nos olha.

-Nos deixem a sós, por favor.

Aelin entrega o bebê para a mãe e segue comigo e Nestha para fora.

-Quem é Beron? - Pergunta.

-O antigo Grão-Senhor da Corte Outonal. - Respondo.

-Quem é a mãe do ruivo?

-Sua ex esposa.

-Eles se separaram.

-Ele morreu. - Quase sorrio me lembrando. - Feyre o matou.

-Oh... Helion?

-O Grão-Senhor da Diurna, foi ele quem atravessou o portal que abri na sala de treinamento.

-Então se eu entendi direito... - Aelin começa, franzindo o cenho. - Esse tal de Beron era corno e Helion é o pai do ruivo.

-Foi o que deu pra entender também.

-Além de linda, também sou esperta. Eu sou demais!

Eu reviro os olhos e Nestha bufa, provavelmente pensando o mesmo que eu. As vezes Aelin era bastante parecida com Cassian.

-Rowan precisa saber disso! - Diz sorrindo e então seu sorriso morre.

Assim como o meu. Estávamos todas preocupadas com os que atravessaram o portal, não sabíamos o que as rainhas já tinham feito.

Por tempo consideravelmente longo nós apenas permanecemos sentadas do lado de fora da Casa do Rio. Eu sentia meu coração apertado, não só pela preocupação, mas como se algo estivesse errado. Passava os quadros de Kyla pela mente, tentando encontrar algum sentido. Houve um baque e então Feyre corria até nós, já em seu couro illyriano, Lucien e Elain, com Orion no colo, a seguindo.

-Encontrem Amren e fiquem juntos! - Dizia a eles.

-Nós faremos. - Elain responde.

A Grã-Senhora se vira para encarar os dois.

-Cuidem do meu filho! - Aquela era uma ordem.

Ambos assentem. Eu, Nestha e Aelin já estávamos de pé.

-O que aconteceu? - A rainha de Terrasen pergunta.

-Elas já deviam estar aqui... - Feyre começa a explicar. - Procurei por Mor e encontrei sua mente gritando por socorro. - A Grã-Senhora engole em seco antes de continuar. - Elas estão com problemas, estão na montanha da Prisão.

Um dos quadros de Kyla volta a minha frente, se expandindo, como se quisesse que eu focasse, como um aviso, um alerta para nos apressarmos.

Era o quadro de uma construção destorcida no topo de uma montanha, vários monstros saindo dela. Pintada naquele quadro, estava a Prisão.

A Corte de Mundos e Alianças (Vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora