Capítulo Três: Nunca confie em um estranho

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Já havia passado uma hora desde a morte dos meus pais

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Já havia passado uma hora desde a morte dos meus pais. O tempo parecia se arrastar, como se cada segundo se recusasse a avançar. A dor ainda era insuportável, e meus olhos ardiam, secos de tanto chorar. O vazio deixado pela perda esmagava meu peito, e levantar daquele sofá parecia uma tarefa sobre-humana. Mas, de alguma forma, reuni forças. Eu sabia que precisava agir. Chamei Lee, o inspetor da cidade.

Ele era alto, de semblante duro, com os cabelos negros parcialmente cobrindo o rosto, e os olhos sempre semiabertos, carregando em si o traço de sua origem japonesa. Seus músculos delineavam-se sob o colete preto, resultado de anos na força policial. Em seu cinto, o coldre e o distintivo pendiam pesados, como se, naquele momento, também carregassem o peso de sua alma. A notícia o devastara. Seus melhores amigos, assassinados brutalmente. E ali estava ele, na sala de estar, de frente para o filho deles, agora órfão e perdido.

— Como você disse que era o nome do homem? – Lee me perguntou, sua voz soando como uma âncora à realidade. Ele me encarava, os olhos cheios de perguntas e incertezas.

Eu não queria falar, a menção daquele nome era insuportável. Minhas mãos trêmulas agarraram a caneta em cima da mesa e, com um esforço quase desesperado, escrevi no caderno: Cronos Sanguinem.

Lee leu em silêncio. Eu vi em seu rosto o reflexo da confusão, da impotência. Ele não conhecia o nome, não sabia o porquê de tudo aquilo. Senti sua mão pousar no meu ombro, um gesto de consolo que quase me fez desmoronar novamente.

— Sinto muito, Jukhen. Se precisar de qualquer coisa, estou aqui. – Sua voz saiu com uma mistura de dor e culpa, como se ele sentisse que deveria ter protegido meus pais de alguma forma.

Suspirei, tentando limpar as lágrimas que insistiam em retornar, enquanto a escuridão da realidade continuava a me cercar. Meu olhar encontrou o de Lee, e minha voz saiu em um sussurro pesado.

— Já levaram os corpos deles?

Ele desviou o olhar, talvez para esconder a própria dor. — Sim, já foram levados para autópsia... O funeral será amanhã. – Havia uma tristeza em sua voz que não deixava dúvidas: ele estava se reprimindo, segurando o peso de sua própria perda.

O silêncio que se seguiu foi pesado, sufocante. Cada segundo parecia durar uma eternidade até que ele finalmente quebrou o gelo:

— Você realmente pretende ir atrás do amigo do pai de Jin?

Senti um calafrio percorrer minha espinha. — Sim. Tenho medo... aquele cara pode voltar. Ele já sabe onde me encontrar, conhece meus amigos. Eu jamais me perdoaria se Kazuya, Alice ou Íris pagassem o preço por eu existir.

Lee balançou a cabeça lentamente, e pude ver que ele lutava para entender. — Não consigo imaginar o que você está passando... mas talvez seja melhor você sair daqui. Eu prometo que vou encontrar esse desgraçado e prendê-lo. – Sua promessa soou firme, mas havia uma fragilidade oculta em suas palavras.

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