Nunca havia dormido tão bem como naquela noite. Era uma sensação de liberdade e conforto que se aninhava em meu peito, indescritível e quase etérea. A felicidade pulsava dentro de mim, não apenas por causa do que tinha acontecido entre mim e Ashley, mas por algo mais profundo. A presença dela havia sido um alívio inesperado, um sopro de vida que me fazia sentir que, de alguma forma, eu estava voltando a viver. Eu sabia que seu gesto havia sido impulsionado pelo medo e pela pressão de Sabrina, mas, ao mesmo tempo, algo mudou em mim.
Desde a tragédia com meus pais, eu havia me aprisionado em uma armadura de risos falsos e sorrisos forçados. Porém, agora, eu estava rindo genuinamente, me divertindo e sorrindo com sinceridade. Cada gargalhada parecia uma chama acesa em um ambiente escuro, uma promessa de que ainda havia alegria em minha vida. A verdade é que, por tanto tempo, havia carregado o fardo da falsidade; a aceitação do que havia ocorrido me libertou de um peso que me esmagava.
Meus olhos estavam fechados, mas os sons ao meu redor falavam de um novo dia. O canto dos pássaros, alegres e vibrantes, ecoava como uma sinfonia de esperança, mas, por outro lado, os roncos irritantes de alguns amigos que ainda dormiam quebravam a harmonia da manhã. Estava no quarto de Jake, cercado por amigos, e isso me trazia uma estranha sensação de pertencimento que eu há muito não experimentava.
O quarto de Jake era uma mistura de escuridão e conforto, com suas paredes em tons frios e o piso brilhante como cristal, refletindo as sombras dos corpos que dormiam. Havia uma grande TV e videogame que, ao lado de um amplo sofá-cama, compunham um cenário perfeito para as noites de risadas e jogatinas. Enquanto eu olhava ao redor, uma leve risada escapou de meus lábios ao lembrar que havia decidido ir dormir muito depois da meia-noite, após as intermináveis conversas e risadas. A culpa, é claro, não recai apenas sobre Jake; eu também havia cultivado o hábito de acordar cedo, embora, geralmente, isso acontecesse apenas aos domingos.
A rotina de acordar e me preparar para o dia tinha seus encantos, especialmente nos domingos, quando o café da manhã se tornava um ritual. Eu costumava me deliciar com frutas frescas ou uma vitamina, preparando meu corpo para o dia que se desenrolava à minha frente. Entretanto, a ideia de impressionar Íris com um corpo tonificado parecia um sonho distante, especialmente agora que ela estava com Drake. Uma risada curta escapuliu de mim, ecoando um tanto amarga, mas ainda assim leve. Se houvesse um prêmio para a pessoa mais iludida do mundo, eu seria o campeão indiscutível.
Balancei a cabeça, tentando espantar os pensamentos que me atormentavam. Em um impulso, levantei-me da cama, a camisa preta que vestia folgando ao meu redor, um sinal de que meus esforços físicos estavam finalmente valendo a pena. Calças cinzas de moletom e chinelos azuis completavam meu look, que não me importava muito, pois a única coisa que queria era comida. Após me espreguiçar, caminhei cuidadosamente sobre os corpos adormecidos dos meus amigos até a porta, que se abriu com um leve rangido.
Entrei no banheiro, um espaço sombrio, com suas paredes e piso pretos, e rapidamente fiz minha higiene matinal, escovando os dentes e lavando o rosto. Com o corpo já mais desperto, desci as escadas em direção à cozinha, onde meu estômago gritou por alimento, um eco desesperado que não deixava dúvidas de que o café da manhã era essencial.
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Slifers
PertualanganJukhen Silverheart está prestes a adentrar em um novo mundo repleto de desafios monumentais e consequências de peso. Ao perceber que possui habilidades além da capacidade humana, ele é forçado a deixar para trás sua cidade natal e é enviado para o C...