Virtude

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Outrora: advérbio, em tempos antigos, que aconteceu no passado, antigamente: lembro-me dos tempos de outrora.

Ponto de Vista de Maria Marta:

Ao chegar no restaurante, me deparo com Ana Helena discutindo com o proprietário do estabelecimento. Ela continua a mesma.

- Posso saber o que está acontecendo aqui?! - Digo, pegando Heleninha de surpresa.

- Marta, minha rainha!! Até que enfim você chegou! Não estão querendo liberar a melhor mesa, ela já está vaga. - Ela me responde irritada.

- Está senhora está querendo uma mesa que já está reservada. Infelizmente, não temos mais espaços disponíveis nas próximas três horas. - Ele diz, nervoso.

- Senhora é a sua digníssima mãe. Estou na flor da idade! - Helena rebate, irritada.

- Me dá 5 minutos. - Digo, piscando um dos olhos.

Puxo o dono do restaurante para uma conversa rápida e negocio o horário da reserva. Após algumas caras feias e muito dinheiro envolvido ele cede. Coitado de quem perdeu a reserva!

- O que você disse para o homem? Saiu feliz da vida. - Ela pergunta, incrédula.

- Ele vai ser o responsável pela gastronomia no próximo desfile da Apatithe. Você está me devendo uma. - Digo, gargalhando.

- Desculpa se o meu Fonseca não é pareo para o seu Mendonça e Albuquerque... - Helena rebate, revirando os olhos. - Maldita hora que fui casar com Toni. Poderia ser modelo em Londres, mas fazer o que.

- A vida é uma ingrata mesmo, olha eu, rica e com um belo par de chifres na cabeça. - Falo irritada.

- Não se faça de santa, Maria Marta. Seu passado lhe condena. - Ela diz maliciosa. - E que saudade dos velhos tempos! Fui infinitamente feliz.

- Passado é passado. Não gosto de falar dos meus momentos de fraqueza. - Digo.

- O passado pode virar futuro, basta você querer. O que te impede? - Ela diz pegando em minha mão.

- Ana Helena Fonseca! Você veio aqui para ouvir minhas lamúrias ou para reviver o passado?! - Rebato.

- Chata! Você sabe muito bem que sou infinitamente melhor que o seu maridinho. Mas vim para ouvir as fofocas! - Ela diz sorridente. - Mas antes, preciso encher a cara. Nada me irrita mais do que suas histórias com José Alfredo.

Após algumas doses de martini e várias taças de vinho, falamos sobre a minha nova empresa, os filhos e as viagens que pretendemos fazer. Ela está radiante pois a filha, Maria Luísa, está cursando Teatro em uma federal. Ser atriz era o grande sonho de Heleninha. Também desabafa sobre o namoro fracassado de Cecília, sua filha mais nova, com um rapaz italiano.

- Estou cansada de falar da minha família! Quero saber sobre o seu caso com o advogado da empresa. Tá pegando o Merival?! - Questiona.

- Ainda não! Ainda! Vi que isso irrita José Alfredo em níveis absurdos, e como Merival sempre foi louco por mim, irei aproveitar a oportunidade. - Respondo, esperando a opinião de Helena.

- Tem todo o meu apoio. Infelizmente, José Alfredo é o seu grande amor, se acha que isso te deixará mais próxima de reatar seu casamento, aproveita! - Helena me responde, sincera. - Acredito que você deve ficar com alguém que te ame e valorize, mas se quer o comendador, apenas faça de tudo para tê-lo.

Ana Helena nunca gostou de José Alfredo, nem mesmo quando nosso casamento estava no auge. Para ela, Zé não era a pessoa perfeita para mim, e eu não julgo sua opinião. Mas eu não posso ir contra o meu coração, vai muito além de riquezas e poder.

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora