Xeque-mate

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Mãe: Aquela que gerou, deu à luz e criou um ou mais filhos. Aquela que, embora não tenha relação biológica com uma criança, a criou. Quem oferece cuidado, proteção, carinho ou assistência a quem precisa. O que há de mais importante e a partir do qual os demais se originaram.

Outono de 2015, 10 de Junho, 10 horas e 08 minutos.

Ponto de Vista de Maria Marta:

Acordo com um grande falatório no corredor do hospital, quem são os fanfarrões que estão fazendo tanto barulho? Isso é um hospital! Antes mesmo de terminar meu pensamento, ouço batidas na porta.

- Entra! - Digo esperando quem possa ser ainda atordoada por causa da gritaria.

- Cheguei! - Diz Zé Alfredo animado. - E tenho visitas! - Diz e chama minha família que estava no corredor. Não acredito que os bagunceiros eram meus filhos, que vergonha!

Nem deu tempo de recepcioná-los, meus três filhos já vieram correndo para o meu abraço, confesso que fiquei um tanto tonta pois acordei a pouco tempo e ainda estou medicada, eles já não são mais aquelas pequenas crianças que cabiam no meu colo, são três adultos que brigam para ver quem ganha um carinho meu primeiro.

- A mãe de vocês ainda está se recuperando! - Reclama Zé que está preocupado e com ciúmes ao mesmo tempo. Os três me largam imediatamente por causa da voz autoritária de meu marido.

- Tem lugar para você também, meu comendador. Não precisa ficar com ciúmes. - Digo e estendo os braços esperando um abraço dele que prontamente vem ao meu encontro, ele me abraça com delicadeza e depois me dá um selinho.

- Que nojo! Eu vou embora! - Diz Lucas fazendo cara de nojo após ver nosso beijo, ele sempre fazia isso quando era pequeno, chorava tanto quando Zé chegava perto de mim, agarrava-se em meu pescoço e não deixava o pai chegar mais perto, sempre foi ciumento!

- Pensei que nunca mais veria esse amor todo, é até estranho! - Diz Clara com um sorriso bobo nos lábios.

- Finalmente a Dona Marta fisgou o comendador, já estava ficando doido por causa do péssimo humor dele sem ela. - Confessa Zé Pedro que recebe um olhar intimidador do pai, acho que alguém falou demais.

- E que algazarra era aquela no corredor? Escutei daqui! - Pergunto.

- Era a sua filha brigando com a enfermeira! - Diz Zé olhando para Clara.

- Ela não queria nos deixar entrar! - Responde brava.

- Nunca vi a Clara tão brava, parecia que ia pular no pescoço da velha! - Debocha Lucas.

- E daí a Clara subornou a mulher! - Completa Pedro.

- Subornou? - Pergunto rindo.

- Tive que entregar meu anel de rubi para ela calar a boca! - Confessa olhando para sua mão vazia, tocando o dedo que estava o anel. - Ele foi uma fortuna, mas pelo menos conseguimos entrar!

- É bem sua filha mesmo, Maria Marta. Tá comprovado! - Zé responde incrédulo.

- Nossa filha! Na verdade mais sua do que minha já que ela só tem olhos para você. - Digo enciumada, Clara me abraça e distribui inúmeros beijos em minha bochecha.

- Eu te amo, mãe. - Tenta me convencer.

- Mais do que o seu pai? - Pergunto.

- Mais do que o enorme rubi que tinha naquele anel! - Responde dramática.

- Eu aceito sua prova de amor, era um rubi e tanto! - Digo rindo.

Entre abraços e risadas, vejo minha nora parada próxima a porta, parece receosa, um pouco tímida.

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora