Nos Tempos de Outrora

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Guarda: substantivo feminino, ação de guardar, ato de proteger, de cuidar. Ato de ter (alguém ou alguma coisa) sob sua guarda, abrigo, amparo.

Inverno de 2015, 22 de Junho, 08 horas e 27 minutos.

Ponto de Vista de Maria Marta:

- Maria Marta, acorda! - Ouço José Alfredo, ele me chacoalha. - Marta, anda logo!

- Que isso? Está doido? Saia do meu quarto! - Reclamo ainda sonolenta, só pode ser piada.

- Marta, o Pedro! O Pedro... - Ele gagueja, parece nervoso.

- Depois eu falo com o Pedro, me deixa dormir. - Murmuro impaciente.

- O Pedro precisa da gente, Marta! – Meu marido toca em meu ombro, suas mãos geladas me assustam. Abro meus olhos e posso ver o quão nervoso ele está.

- O que aconteceu com o meu filho, José Alfredo? - Questiono um tanto rude. Relutante, o comendador procura as palavras certas. - Zé, ele se machucou? O que aconteceu com o nosso filho? Me fala! - Imploro já sem paciência.

- Ele foi preso, Marta! Preso! - Responde nervoso.

- Preso? Como assim preso? - O que Zé Pedro faria de tão errado? - Minha cabeça dói instantaneamente, o estresse toma conta.

- Ele estava levando a Bruna para a escola, foi parado por uma viatura, estavam a procura dele. Levaram ele, Marta! - Zé está nervoso. Ele perambula pelo quarto com as mãos na cintura. - Eu não sei o que fazer, Maria Marta! - Reclama.

- Chama o Merival! - Digo levantando da cama. Meu coração acelera, parece que vai sair do peito, meu corpo esquenta. - Vamos para a delegacia, José Alfredo. - Percebo que estou somente de lingerie, Zé me olha dos pés a cabeça, se distrai em meu corpo. - José Alfredo! - O faço voltar de seus devaneios.

- Stunning... - Murmura.

- Meu filho foi preso e ainda tenho que aturar esse teu inglês de bordel! - Pego um lençol e cubro meu corpo. - Vai ficar ai parado? Vai logo ligar pro advogado! - Ordeno e ele pega o celular para discar para Merival. Zé não tira os olhos de mim, parece anestesiado. Vou até à porta e a abro. - José Alfredo, sai do meu quarto! - Ele vem em minha direção, me pega pela cintura, o olho com gana.

- Nós vamos resolver isso, Imperatriz. Fica calma! - Zé toca em meu rosto, beija meu pescoço, me rouba um selinho.

- Não pense que porquê estou frágil você pode se aproveitar, José Alfredo! - Reviro os olhos, ele continua me segurando, sorri com o canto da boca. Esse homem me tira do sério!

- Vai dizer que não sente minha falta? - Questiona convencido.

- É claro que sinto... - Penso em voz alta, como sou tola!

- Então, por que não volta pra mim? - Zé insiste nesse assunto. Ele não percebe o quanto isso me desgasta. Ele aproxima nossos rostos. - Volta pra mim, meu amor. - Sussurra em meu ouvido.

- Zé, me larga de mão. Eu quero você longe de mim! - Reclamo tentando me desvencilhar dos braços dele.

José Alfredo fecha a porta do quarto, me olha com prazer, esquecemos tudo ao nosso redor. Ele me puxa até a cama, me deita com cuidado, beija meus seios. Eu o puxo para um beijo e em um momento de distração dele, inverto nossas posições. Ajeito-me no colo dele, seguro seu rosto com uma das mãos.

- Nosso filho acabou de ser preso, comendador. - Falo brava. Beijo o canto da boca dele, ele arfa ao me sentir tão perto. - Prometi a mim mesma que jamais deixaria você me tocar novamente. - Sussurro em seu ouvido. - Agora saia do meu quarto, ou eu faço um escândalo! - Levanto da cama e ele fica me olhando sem entender.

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora