Sem Controle

449 27 10
                                    

Mentira: substantivo feminino, ação ou efeito de mentir, engano, ludíbrio. Hábito, costume ou vício de mentir, falsidade. Afirmação que não condiz com a verdade nem com a realidade.

Ponto de Vista de José Alfredo:

Após a nossa conversa, jantamos com nossos filhos. O jantar foi tomado por piadas sobre o fato de termos passado a noite fora, eles parecem animados com nossa reaproximação. É bom ter um momento de paz em nossa família, ainda mais com a chegada dos gêmeos daqui alguns meses. Quem diria que a mulher que salvei anos atrás se tornaria minha esposa, mãe de meus filhos e agora a avó de meus netos.

Mas nem tudo são flores, odiei a vinda de Merival até nossa casa, parece que Marta o usou para me irritar. Se esse foi seu plano tenho que lhe dar os parabéns, concluiu com maestria. Ultimamente ando sentindo um ciúmes enlouquecedor, um de meus medos é ver Marta com outra pessoa. Por mais que ela diga que nunca faria, o que me garante? Maria Marta é capaz de tudo e o mistério faz parte de sua vida.

Em meio a pensamentos, escuto a porta do quarto de Marta bater, pensei que ela viria para o nosso quarto. Espero alguns minutos e percebo que ela não virá para cá, então, em silêncio, me dirijo até seu quarto.

- Não vai passar a noite comigo? - Pergunto após abrir a porta, assustando-a.

- Não sabe bater na porta? - Diz recuperando-se do susto, com a mão no peito. - Desse jeito vai me matar do coração.

- Não respondeu a minha pergunta. - Digo fechando a porta.

- Hoje não, estou muito cansada. - Diz enquanto tira sua roupa, ficando nua à minha frente. Após coloca sua camisola azul marinho, oh céus, que cena! - Tá me olhando igual um cachorro olha um pedaço de carne. Não vai babar, José Alfredo. - Ironiza, colocando as duas mãos na cintura, encarando-me com um sorriso de canto.

- Você é uma obra de arte. - Respondo.

- Pois a obra de arte aqui quer dormir, volte para o seu quarto. - Reclama enquanto acomoda-se em sua cama. - Estou exausta, e com uma dor terrível nas costas.

Enquanto lhe admiro, Marta pega um hidratante em sua mesa de cabeceira, passando o creme em seus braços cuidadosamente. O perfume de flor de lavanda toma conta do quarto.

- Já que você não vai para o seu quarto, ao invés de ficar ai parado me olhando, passa nas minhas costas. - Diz entregando-me o creme.

Prontamente tomo o hidratante de suas mãos enquanto Marta vira-se de costas para mim. Óbvio que irei aproveitar esse momento. Coloco um pouco do creme em minhas mãos e passo em suas costas, por baixo da camisola. Massageio sua pele suavemente, subindo e descendo com calma. Sinto a tensão de seus ombros ser liberada enquanto a toco. Minhas mãos passeiam pelo seu corpo, massageando cada parte, fazendo-a relaxar.

- Já havia me esquecido como você é maravilhoso quando faz isso. - Diz minha esposa. - Até que é bom ter você de volta.

Beijo seu pescoço e ombros, fazendo-a arrepiar. Sua pele é macia como seda, nem uma flor possuí tanto perfume, é como um alucinógino, ela me faz ir até o paraíso e voltar. Senti falta de viver esse pequenos momentos ao seu lado, sou tomado pela paixão e em um momento de coragem ou até mesmo insanidade, faço um pedido inesperado:

- Quando estou contigo é como se todos os problemas fossem embora, você é mágica, Marta. - Digo sussurrando em seu ouvido, declarando-me mais um vez. - E é por isso que vou lhe perguntar uma vez só, Maria Marta de Mendonça e Albuquerque, quer casar comigo? - Digo repetindo a frase que lhe disse a trinta anos atrás.

Ela vira-se e ficamos frente à frente.

- Eu tinha certeza que você iria construir o seu reino, e como prometido eu sou sua rainha. - Ela responde, olhando fixamente em meus olhos. - Eu aceito, José Alfredo. - Ela diz segurando meu rosto, exatamente como fez em nosso primeiro pedido, quando estávamos em um quarto em Zurique, foi o mesmo dia que ela anunciou que estava grávida. Memorável.

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora