Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]

Por Um Fio

Observação: recomendo ouvir a música Making This Go On Forever - Snow Patrol, escutei ela enquanto escrevia o capítulo! 🦋

Remorso: substantivo masculino, arrependimento, sentimento de culpa, sensação de mal-estar, de angústia que resulta de uma falha ou erro cometido contra alguém.

Ponto de Vista de José Alfredo:

Eu vi nos olhos de Ísis que ela iria atirar, mas preferi acreditar que a menina a minha frente não seria capaz de cometer tal ato. Eu estava enganado, ela atirou e eu apenas fechei os olhos esperando a bala atingir meu peito, o barulho foi atordoante, mas eu não senti o tiro, e ao abrir os olhos novamente percebo que Marta estava em pé e completamente imóvel a minha frente. Meu mundo simplesmente parou, foi como se o tempo tivesse parado, meu coração errou as batidas e eu senti uma dor na alma, eu preferia ter tomado esse tiro ao invés de presenciar tal cena.

Vi o corpo de minha esposa amolecer aos poucos, e em um reflexo rápido a seguro pela cintura. Sinto o peso de seu corpo em mim, o sangue rapidamente escorre pelas minhas mãos e ela treme em meus braços. Ísis larga a arma no chão, e sai andando pela rua no sentido contrário ao nosso. Sento no chão segurando a mulher da minha vida em meus braços. Assustada, ela põem a mão em seu peito, sentindo o ferimento, suas mãos ficam ensanguentadas e ela desespera-se.

- Eu sei que você me queria morta, mas não me deixa morrer, eu te imploro Zé. - Ela diz pausadamente, quase um sussurro, sua face vai perdendo a cor por causa do intenso sangramento.

- Você não vai morrer, eu te prometo. Eu não vou deixar você morrer. - Digo tentando acalma-la enquanto lágrimas teimosas insistem em molhar meu rosto.

- Eu to com tanto frio... E com tanto sono. - Ela explica.

- Marta olha pra mim, não dorme! Você não pode dormir! - Tento desesperadamente mantê-la acordada até a ambulância chegar.

Nesse instante os funcionários da Império, juntamente de nossos filhos saem na rua para ver o que aconteceu. Só consigo escutar os gritos de minha filha ao ver a mãe no chão, José Pedro segura Clara e a abraça, enquanto João Lucas permanece imóvel. É aterrorizante vê-los assim. Olívia e Theodora tentam segurar Ana Helena, a mesma grita perguntando quem fez isso com sua amiga.

- Zé, está doendo muito. Eu to com tanto medo. - Diz com os olhos cheios de lágrimas. - Eu não quero morrer, não agora. - Ela fala colocando a mão em meu rosto, sua pele está gelada, seus lábios estão esbranquiçados. - Promete que vai me amar para sempre?

- Eu vou te amar para sempre, e nós vamos casar novamente, no lugar que quiser e sonhar, e você verá nossos netos crescerem, será a melhor avó do mundo. - Digo e consigo arrancar um leve sorriso de seus lábios. - E nós seremos infinitamente felizes, fica comigo Marta, eu te imploro, não me deixa aqui sozinho. Eu sempre te amei, e eu vou te amar todos os dias da minha vida. - Digo desesperado.

- Eu sou imbatível, não esqueça disso. Eu te amo, José Alfredo. - Ela diz e seu semblante muda.

Sinto seu corpo amolecer, seu olhar ficar vazio e lentamente seus olhos se fecham. Sua mão que estava em meu rosto perde a força, caindo logo em seguida. Eu a abraço e choro desesperadamente. Não posso perdê-la, não assim, não depois de dizer aquelas palavras terríveis, o remorço consome cada parte do meu corpo. Maria Marta não pode morrer achando que eu a queria desta forma, ela não pode morrer!