Ruína

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Espanto: substantivo masculino, surpresa causada por algo inesperado. Assombro, perturbação.

Ponto de vista de José Alfredo:

 Outono de 2015, 10 de Maio, 23 horas e 55 minutos.

- Prazer, Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque, Imperatriz das Apatitas. – Diz Marta com um sorriso vitorioso. - Eu tenho meu próprio império, comendador.

Sinto o ódio corroer cada parte do meu corpo, ela me olha com deboche! Com aquele maldito sarcasmo que, hell... Me faz querer matá-la. Maria Marta é a mulher que ultrapassou a Império com um incrível minério de apatitas, tanto azuis, quanto rosas. Em seis meses, vi minha empresa sucumbir, ficar em ruínas, tudo por causa daquelas pedras malditas! Bruscamente, entramos em colapso. Os clientes já estavam fartos de diamantes e buscavam algo novo, novo esse que uma tal empresária conseguiu.

Todos os dias me questionei sobre quem era essa diaba e como ela conseguiu ultrapassar meus diamantes com um maldito cristal colorido! Já era de se esperar que essa mulher fosse Marta, a grandiosa dona da Apatithe era ninguém menos que minha esposa, ela se vingou, ela conseguiu me ultrapassar. Preferia que estivesse morta ou em algum exílio por aí.

- Então quer dizer que VOCÊ é a magnata das minas de apatita? – Maria Clara adentra o quarto. - Praticamente faliu a Império!

- Sim, sou eu. Não entendo o espanto! Acha que só o seu papaizinho tem a capacidade de transformar pedra em ouro? – Marta diz com soberba. Minha vontade é matá-la agora mesmo. – Minha filha, eu não sumi à toa.

- Shit, Marta! What up?! Tem noção do que isso causou na empresa? – A fitei ainda desacreditado, queria que fosse mais uma mentira bem articulada por ela. – Não tinha esse direito! – Meu sangue fervilhou com o modo que ela me olhou.

Estava indiferente, mudada, com um ar de superioridade. Aquela pose ridícula de aristocrata estava mil vezes pior, sentia a soberba dela me atingir ao ouvir sua gargalhada alta.

- Quer dinheiro emprestado, Zé? Ou talvez algumas franquias?! – Sorria como se fosse a dona do mundo. - Afinal, não foi nada fácil valorizar aquela pedra. Esse ramo de joias me cansa, era melhor quando você ficava com o trabalho sujo. – Desdenhou. Ela gargalhou ao olhar para mim e ver meu desespero.

- MARTA! – Vociferei com tanto ódio que poderia infartar agora mesmo. – Shut up! – Ouvir a voz dela me cortava os ouvidos, me torturava.

- Posso lhe dar uma aliança belíssima de apatita rosa, um presentinho para a sua doce criança. Quem não segura uma mulher, recorre as menininhas. Franguinhas. – Ah, claro! Ela estava se vingando, já era de se esperar que esse fosse o motivo.

Maria Marta usou todo o seu desdém ao falar sobre Ísis, meu maior erro foi subestimar a única pessoa que conseguiria me derrubar. A Imperatriz é a minha ruína e Ísis...

Ponto de vista de Maria Marta:

José Alfredo me olhava com tanta decepção que fez todo meu esforço valer a pena, vê-lo sem palavras foi como um combustível, algo que me divertiu após tanta dor. Foi como um acalento após tudo que ele me fez passar. A ruína que ele me transformou estava sendo restaurada, muito melhor do que antes, mais forte do que nunca.

Não sei se seu choque foi por me ver ou por simplesmente ter me subestimado como fez durante anos. Os homens subestimam as mulheres, comicamente construí em seis meses uma fortaleza que ele levou a vida toda para erguer.

- Não ouse falar de Ísis! Ela foi o meu pilar durante esses meses. E você não é metade da mulher que ela é. – Tentou me atingir.

- Seu pilar? Aquela ninfeta foi o seu pilar? Não é à toa que caiu feito um castelo de cartas! – Tirei sarro, ele respirou fundo. “Pilar” patético!

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora