Deixe-me Ir

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Embriaguez: substantivo feminino, estado provocado pelo consumo e ingestão de bebidas alcoólicas, condição da pessoa que se encontra bêbada.

Inverno de 2015, 21 de Junho, 01 hora e 04 minutos.

Ponto de Vista do Narrador:

O inverno chegou de forma avassaladora na família Medeiros. Maria Marta cansou de ser sempre a culpada de tudo, ela sente a fúria acumulada por trinta anos em um só dia. José Alfredo percebe que perdeu a mulher que amava, na visão dele, a "antiga Marta" morreu e só restou uma mulher traidora e vingativa. Ambos vivem a instabilidade de seus sentimentos misturada com o orgulho.

A frustração tomou conta do casal, eles ficam divididos entre a loucura causada pelo amor que sentem um pelo outro e a lucidez de acabar um relacionamento falido.

Já era passada a meia noite quando Marta reclamava nos ouvidos de Ana Helena e Zé Alfredo azucrinava os sentidos de Josué e Cláudio.

Ponto de Vista de José Alfredo:

Maria Marta passou de todos limites, conseguimos arruinar nosso casamento, acredito que ela tenha voltado para o Rio de Janeiro somente para pagar na mesma moeda, mas ao mesmo tempo lembro dos momentos que passamos e percebo o quanto ela me ama, ou amava.

- Eu quero mais um whisky. - Peço ao bartender.

- Comendador, tá na hora de parar. - Reclama Josué.

- Me deixa beber, gaúcho. - Murmuro enquanto tomo um gole da bebida que desce rasgando minha garganta. - Eu amo aquela mulher, mas ela não presta. - Reclamo.

- José Alfredo, vocês são muito impulsivos, brigam como inimigos, não é assim que casamento funciona. - Comenta Cláudio.

- Tu é difícil, homem. E ela também não se aquieta, daqui a pouco tão brigando de faca. - Fala Josué rindo.

- E como você faz para não brigar com a Beatriz? Mulher é bicho traiçoeiro, Marta é diabólica, não aceita nada calada. Agora tá lá com aquela amantezinha dela. - Desabafo e tomo o whisky que há em meu copo. - Mande mais um, cabra! - Peço ao bartender.

- Beatriz e Marta são diferentes, José Alfredo. Somos casados a tantos anos e aprendemos a ceder, enxergar pelos olhos do outro, somos amigos antes de sermos marido e mulher. -Explica meu amigo.

- Marta é minha inimiga, diaba dos infernos. Eu odeio amar aquela mulher, Cláudio. E agora ela ainda vai me fazer assinar aquele divórcio maldito. Não quero me separar dela mas olha o que ela faz! - Esbravejo.

- Dona Marta te ama, comendador. Tá estampado na cara da mulher, não é igual essas gurias que tu andava por aí. - Diz Josué sincero.

- Ela te ama mesmo, é perceptível. - Comenta Cláudio. Eu tomo um pouco de bebida.

- Ela mente, ama porcaria nenhuma. Só me engana, tava quieta lá no quinto dos infernos e veio só pra atazanar minha paciência aqui. Ainda traz aquele fi de rapariga do amante, ela vai me enlouquecer. - Murmuro. - Isso foi armação dela e agora fica de drama. Vou assinar esse divorcio e nunca mais quero olhar pra ela.

- Tá bom, comendador. Tu fingi que me engana e eu finjo que acredito. Para de onda, homem. Tu ama aquela mulher e só vai assinar essa porcaria de papel se for doido. - Rebate Josué já sem paciência.

- Trinta anos de casados, é amor. Só pode ser amor. - Penso em voz alta, o rosto dela não sai dos meus pensamentos, o toque suave das mãos dela em mim, a voz dela dizendo que me ama, Maria Marta é inesquecível, nem a bebida me faz esquece-la. Termino de beber o whisky do meu copo, penso um pouco sobre como acabar com esse problema mas meus sentidos já não são os mesmos por conta do álcool.

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora