Persuasão

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Perfeição: substantivo feminino, excelência, de teor elevado, supremo, sem defeitos, falhas. O mais elevado grau de exatidão. Justeza, alto nível de virtude, correção moral: perfeição de caráter.


Ponto de Vista do Narrador:

Nessa vida só há uma certeza: a perfeição não existe. Todos carregamos fardos, cicatrizes, mágoas e inúmeras outras coisas que moldam nosso ser. Somos seres humanos únicos e falhos. Por mais que alguém se esforce, sempre haverá algo que mostrará sua imperfeição. Devemos apenas respeitar a imperfeição de cada um, pois o único responsável pelas nossas idealizações somos nós mesmos.

Mas e quando nossas imperfeições são, na verdade, desvios de caráter? Até que ponto chega a cretinice de alguém? A mágoa, a angústia e a ira quando misturadas com uma dose de falha de conduta podem gerar danos irreversíveis.

Maria Marta e José Alfredo viverão seus sentimentos em níveis elevadíssimos. A vida quer explorar de ambos o âmago de seu ser, o que os faz ser o que são, e para isso será preciso passar por inúmeras situações enlouquecedoras. Entre o amor e o ódio, existem inúmeras possibilidades.

Ponto de Vista de José Alfredo:

Ao chegar na Império, revisei alguns contratos e acabei percebendo algumas falhas. Está faltando dinheiro, muito dinheiro, e essa quantia está localizada em um banco português. Por quê cargas d'água tem dinheiro sendo transferido desta forma e para tão longe? É nessas horas que me arrependo de ter mandado meu advogado embora.

Após refletir bastante, decido deixar isso para amanhã, irei contratar outra pessoa. Preciso ir para casa, e pretendo levar Marta junto pois garanto que nem se alimentar ela conseguiu, no caminho contarei para ela sobre o ocorrido.

Ponto de Vista de Maria Marta:

Ana Helena e eu ficamos durante horas planejando as novas lojas. Admito que metade do meu estresse é por causa do ciúmes que senti dela, é egoísta não querer vê-la com outra mulher? Ainda mais depois da minha noite com José Alfredo, ocasião que a deixou um tanto irritada.

São tantas coisas para pensar que parece que nunca irá acabar. Estou exausta, completamente exausta. Cada parte do meu corpo dói, só queria poder sumir desta empresa por alguns minutos.

- Posso entrar? - Diz Zé Alfredo, escancarando a porta.

- Já entrou. - Digo massageando as têmporas. Que estresse!

- Você já almoçou? São quase três horas da tarde. - Pergunta Zé enquanto observa meu estado deplorável.

- Não tive tempo ainda. Eu só precisava de um banho e uma tarde inteira para dormir. - Explico. - Preciso de um calmante!

- Marta, chega de trabalho um pouco. Venha, vou te levar para casa. - Ele diz. - Você está cansada, não se alimentou, precisa cuidar de você um pouco. Está tudo sob controle, vamos embora.

- Parece que você leu meus pensamentos. - Digo com um semblante cansado. - E você ainda deixou o meu pescoço horrível, olha essas marcas. Essa echarpe está me dando alergia e a culpa é sua. - Reclamo, tirando a peça para ele visualizar as marcas arroxeadas na minha pele.

- Eu amo tanto você, Maria Marta. - Ele diz me olhando com desejo, o mesmo olhar de quando nos conhecemos. - E garanto que você adorou quando às fiz. - Ele diz referindo-se ao meu pescoço.

- Eu também me amo, comendador. Sou irresistível! - Digo ironicamente arrancando uma risada de meu marido. - Dá próxima vez faça em um lugar mais escondido.

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora