Castelo de Areia

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Vingança: substantivo feminino, ação de se vingar, de causar dano físico, moral ou prejuízo a alguém para reparar uma ofensa, um dano ou uma afronta causada por essa pessoa. Ato retaliativo contra quem seria o causador de uma ofensa ou de um prejuízo. Qualquer tipo de punição, castigo, tudo o que pode castigar ou causar sofrimento.

Ponto de Vista de José Alfredo:

Estar com Marta é maravilhoso, mas hoje estou com um sentimento estranho, uma angústia, uma vontade louca de protege-la. A última vez que senti isso foi quando Marta quase morreu no parto. Talvez a cafeína ainda esteja fazendo efeito, estou alucinando!

Espero que seja apenas uma insegurança.

Chegamos na empresa e Marta decidiciu mostrar seu anel para nossos filhos, como já estava atrasado não pude participar deste momento. Ela estava entusiasmada, e eu mais ainda por tê-la mais próxima de mim.

Retiro alguns papéis da minha gaveta, são documentos que devem ser assinados o quanto antes. Estou no aguardo de algum informação sobre o suposto roubo na empresa, espero que Marta não conte o ocorrido para nossos filhos, precisamos de sigilo até ter todas as cartas na manga.

Percebo uma movimentação estranha vinda do corredor, pelas vozes posso advinhar ser Marta e Helena, essas duas estão sempre grudadas! Mas, por incrível que pareça, parecem zangadas, ao menos Marta sei que está. Mas por qual motivo? Em um ato de curiosidade, saio de minha sala e vou até a porta de sua sala, tentando escutar algo. Nunca perco essa mania.

Só consigo ouvir gritos furiosos de minha esposa, e logo após ouço uma frase que não esperava, uma frase que me machucou por dentro, nem o tiro que levei quando mais novo doeu tanto.

"Que ódio ter traído meu marido com você!"

Não acredito que isso tenha saído da boca de Marta, em uma fração de segundos duvidei, mas a frase dita por Ana Helena confirmou o que achei ter escutado. Marta me traiu com a melhor amiga. Não espero nem um segundo, nem uma fala á mais, adentro à sala e vejo o rosto de minha esposa mudar, sua pele esbranquiçar e a tristeza tomar conta de seu olhar. Eu descobri o segredo de Maria Marta.

Ponto de Vista do Narrador:

- Eu não vou te deixar sozinho com a Marta! Ainda mais com essa cara de louco! - Diz Ana Helena, um tanto assustada.

- Eu disse para sair da sala! Agora! - Grita Zé Alfredo obrigando a arquiteta a sair do cômodo.

Maria Marta sentiu seu peito doer, algo a consumia por dentro, ela sabia exatamente o que tinha feito e o que isso poderia ocasionar. Todos os fantasmas de Marta fazem questão de a assombrar, a imperatriz já aprendeu a viver um dia de cada vez. Ela apenas senta-se em seu sofá e aguarda o veredito. O conto de fadas desmoronou sobre sua cabeça, e ao seu lado resta apenas um homem esperando respostas. E ela não faz ideia de como explicar.

Ao ouvir que realmente foi traído, José Alfredo sente seu corpo estremecer, não somente por conta da raiva, mas por saber que não pode condenar a esposa por um erro que ele também cometeu. O comendador senta ao lado da mulher que foi sua companheira a vida toda, observa-a em silêncio, implorando internamente por respostas. No seu pensamento passam todas as juras de amor, todos os votos de lealdade, todos os momentos de paixão, mas uma pergunta ecoa pelo seu íntimo: Por que?

- Eu esqueço que as paredes tem ouvidos. - Sussura Marta com um olhar vazio.

- Nós já passamos por tantos problemas, situações que me fizeram querer morrer, nosso passado é um emaranhado de situações terríveis. O que nós nos tornamos, Marta? - Pergunta o comendador, encostando sua cabeça no sofá e olhando cada parte do escritório de sua esposa, para ele é mais cômodo olhar ao seu redor do que encarar o rosto de sua mulher.

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora