Maria

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Viver: existir, ter alegria de viver, continuar vivo, experimentar, viver uma experiência interessante. Aproveitar (a vida) no que ela tem de melhor.

Outono de 2015, 12 de Junho, 11 horas e 18 minutos.

Ponto de Vista de José Alfredo:

E foi entre amores e carícias que nós adormecemos, a quietude do hospital nos fez esquecer que não estávamos em casa, o quarto está uma bagunça, as roupas estão espalhadas, as pétalas estão murchas pelo chão, em cada canto desse quarto há um pedaço de ontem, ou melhor de hoje.

Fazia tanto tempo que eu não me sentia tão vivo. Acordo e vejo minha esposa em meus braços, dormimos entrelaçados e isso é algo tão nosso, foi assim durante trinta anos e eu espero que seja assim pelos próximos trinta. Maria Marta é como uma aurora, ela chega de mansinho e ilumina por onde passa, é vibrante como a alvorada que antecede um dia cheio de afazeres, mas carrega os mistérios do ocaso, sua luz vai embora e dá lugar aos mistérios do entardecer. Ela é mil mulheres em uma, cada pessoa tem de Marta o que merece e isso a torna um ser único para cada um de nós, todos nós temos um universo próprio dessa mulher e posso garantir que o meu pedaço de Marta é o mais bonito que já conheci, ela é o meu lugar favorito.

Ela se mexe devagar, parece lutar contra o próprio sono, nossa noite não se resumiu a um ato, amamos até o último resquício de energia escapar de nosso corpo.

"Ela me olha sedutora, seu corpo está quente sobre o meu, seus lábios tem gosto de cabernet misturado com canonica (chocolate produzido em Genevè), seus olhos estão fúlgidos e suas pupilas dilatam ao me ver. Toco em seu rosto com a ponta do dedo, sentindo sua pele ebórea tão delicada. Estamos cansados mas não satisfeitos, ela me olha com o mais descarado dos sorrisos e isso me instiga. Seguro em seu corpo desnudo e inverto nossas posições, agora quem está por cima sou eu.

- Decidiu tomar as rédeas, comendador. - Ela diz sedutora enquanto me olha fixamente.

- Deixei você aproveitar teu reinado, imperatriz. Agora é a minha vez. - Digo e ela gargalha com ironia e sem pudor algum.

- Estou as ordens, meu amor. - Ela diz e arrasta as unhas em minhas costas, a ardência de minha pele já calejada faz com que eu suspire, e ela solta um sorriso malicioso.

Sem avisar, seguro em sua perna com força e introduzo meu membro em seu interior, ela geme surpresa, seu olhar desvia do meu e eu seguro seu rosto com a mão livre.

- Olha para mim, imperatriz. - Viro seu rosto de frente para o meu e ela me olha como quem quisesse me matar. Sua respiração fica descompassada e eu introduzo meu membro mais uma vez, mas de forma lenta.

- Você joga sujo, José Alfredo. - Sussurra e eu dou um sorriso de canto.

- Eu jogo para ganhar. - Respondo e sinto seu interior contrair, ela fica impaciente e eu encaro seu rosto, sua teimosia a impede de pedir mais, Marta só esqueceu que eu posso ler o seu pensamento.

Nossos movimentos são calmos e um tanto torturantes, seguro seu rosto e dou um beijo no canto de sua boca, introduzo com mais força e ela geme baixinho meu nome. Eu viveria nesse momento por toda eternidade, estar com ela é tudo o que eu preciso. Nossos corpos brigam entre si, eu tenho a suavidade e Marta insiste em querer tudo para ontem, ela é impetuosa e não gosta de perder tempo, não estar no comando a irrita. Agora quem está liderando sou eu, ela terá que aprender a me acompanhar pelo menos uma vez na vida.

- Eu te odeio, eu te odeio tanto. - Ela murmura. - Você está me torturando, comendador.

- Eu vou continuar até você ceder, imperatriz. - Digo e ela fecha os olhos, sinto seu corpo relaxar quase como um pedido de socorro. - Assim mesmo. - Respondo e toco em seu rosto com a ponta dos dedos, continuo nossos movimentos lentos, nossos corpos se conversam e fazem as pazes. Ela se entrega a mim, e na intensidade de nossos olhares e gemidos apaixonados liberamos os últimos resquícios de energia que existiam em nossos seres."

Olhos de Apatita - Malfred [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora