Capitulo 8

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Zabdiel

O despertador toca às 8 horas em ponto, me espreguiço e fito o teto por alguns segundos antes de me levantar. A cama agora vazia com um toque de frustração me lembra dos últimos acontecimentos. Natasha chegou por volta de 3 horas da madrugada, fechei os olhos e relaxei o corpo enquanto ela tirava suas roupas com todo o cuidado do mundo. Achei melhor fingir que estava dormindo do que iniciar uma discussão a uma hora daquelas, estou descontente e não faço questão de esconder.

-Bom dia.-sem a olhar adentro a cozinha em busca de uma xícara de café.

-Bom dia meu bem. Já está de saída?-ela diz sem desviar a atenção do celular.

-Já. E você, tem planos para hoje?

-Não...nenhum. Pensei em ir com você até a empresa.-ela sugere e considero a ideia, mas confesso que estou muito chateado para ter um bom dia de convívio com a minha querida noiva.

-Não acho que seja necessário.-ela da ombros e suspira passando a mão pelos cabelos.-Como andam os últimos preparativos do casamento?

-Nada bem. É muita coisa para uma só pessoa.

-Por isso te pedi que não antecipasse, mas...

-Tá, tá. Não estou afim de escutar suas reclamações, não agora.-Natasha massageia suas têmporas e me sinto pequeno, machucado. Ela nunca falou assim comigo, nunca tivemos brigas feias, apenas conversas calmas e carinhosas.

-E por que essa rispidez?-eu quem deveria estar bravo e apático, mas simplesmente não consigo.

-Você me provoca, não posso ser um poço de paciência o tempo inteiro, Zabdiel.

-Me desculpa, eu não quis...-digo de cabeça baixa e ela assente antes de me deixar sozinho.

A porta do quarto se fecha e penso em ir até lá, mas talvez não seja uma boa ideia. Estamos nos perdendo tão rapidamente, em poucos dias não tenho sentido o amor caloroso que Natasha jurou sentir por mim. Entendo que sejam muitas e muitas coisas para resolver, mas sempre estive disposto a ajudá-la, não posso abandonar a empresa para organizar o casamento e mesmo assim me dispus a estar sempre presente.

Pego os meus pertences cabisbaixo e o meu dia finalmente começa. Dirijo até a empresa distraído, agora mais do que nunca a dúvida surge em minha mente. E se Nath também não quiser se casar? E se ela se deu conta de que nunca me amou ou coisa assim? Vou acabar enlouquecendo!

Desço do veículo e a passos lentos chego ao salão principal. Quantas pessoas nesse lugar sorriem escondendo uma angústia imensa dentro de si? Apesar do meu semblante ninguém imagina o que se passa em meu coração, meu maior medo é perder o amor da minha vida.

Observo todo o ambiente antes de seguir até o elevador, por um acaso meu olhar para em uma das mesas mais afastadas do saguão, se não a mais afastada. Não havia ninguém por perto, apenas seus cabelos loiros debruçados sobre a mesa. As pessoas passam, olham, cochicham mas não a acolhem. Se Richard estava certo sobre o caráter de Judith, por que ela não tem alguém que a ame ou que a admire o suficiente para lhe ajudar naquele momento?

Me pego andando até a mesa e breco no mesmo instante. Até quando sua empatia vai te levar ao buraco, Zabdiel? Jurei a mim mesmo não se aproximar da Senhorita Evans por questões complicadas demais. Ela é atraente, muito atraente e não me permito admirar outra mulher que não seja a minha Nath, o problema é que meu lado humano me diz que ela precisa de ajuda, e não é do meu feitio ignorar.

-Com licença...está tudo bem?-ela levanta o rosto encharcado por lágrimas e sinto o meu coração se partir ao meio.-O que aconteceu?-me abaixo ao seu lado e instintivamente seguro sua mão.

-Nada.-a moça puxa o braço com delicadeza passando as mangas da blusa por todo o rosto.

-Posso me sentar com você?-Evans franze o cenho soltando um riso nasalado.

-Não tem nada melhor para fazer, Senhor De Jesus?-ela age com brutalidade mas apenas enxergo uma mulher sensível, um choro doído e fraqueza. Ignoro sua arrogância e me sento.

-Não, não tenho. E você, não precisa trabalhar?

-Tá de brincadeira...-Judith murmura e pega sua bolsa, logo se levantando.

-Espera!-ela para e me encara.-Olha, me desculpa. Eu sou péssimo em consolar as pessoas, mas não podia te deixar aqui assim.

-Eu não preciso da sua ajuda. Passar bem, Zabdiel.

Seus passos firmes até o elevador me deixaram um pouco assustado, nunca conheci um ser humano tão agressivo em toda a minha vida, só quero acreditar que ela esteja em um dia ruim.

Natasha

-Tem certeza que ninguém te seguiu?

-Claro que tenho.-olho para os dois lados do corredor para me certificar de que não havia ninguém e puxo Christopher para dentro fechando a porta.

-Você está ficando maluco de vir aqui ou o que? O Zabdiel poderia estar em casa!

-A Judith, ela sabe de tudo.-Christopher diz e arregalo os olhos.-Estive com ela a alguns minutos atrás e acabei falando o que não devia.

-Ela não vai fazer nada, se acalma, tá legal?

-Nath, estamos correndo perigo agora.-ele se aproxima segurando meu rosto entre as mãos.-Temo que ela tente se vingar de mim ou até mesmo de você.

-Acha mesmo que o Zabdiel iria acreditar naquela brutamonte?-rio debochada e Chris me olha preocupado.

-Você não conhece a Judith como eu, ela já fez muitas coisas...ruins.-ele pisca várias vezes seguidas como se tentasse espantar maus pensamentos.-Eu vim porque te amo demais e...quero te propor uma coisa.-seu olhar terno pousa sobre mim e me desmonto por inteira.

-O que?

-Foge comigo, Natasha?-o encaro por alguns segundos e caio na risada. Só pode ser alguma brincadeira.-O que foi?

-Perdeu o juízo? Tenho uma reputação a zelar!

-Reputação? E isso é mais importante que o nosso amor?-seus olhos lacrimejam e suspiro entediada. Sempre achei Zabdiel um grande chorão, mas Chris consegue ser muito pior.

-O amor não compra uma vida tranquila, Christopher. E pare de chorar, já estou ficando irritada.-ele desvia a atenção para um canto qualquer e me jogo no sofá.-Espere até o casamento, vou tirar tudo que puder de Zabdiel  e então veremos o que vai dar.

-Eu não vou aguentar te ver com ele por todo esse tempo!

-Você não teria que aguentar se fosse rico o suficiente! Zabdiel me dá uma vida de rainha, não vou largar tudo para viver com pouco.

-Como pode dizer isso, Nath? Eu sou totalmente capaz de te dar a vida que você quiser.-ele se aproxima ficando ao meu lado.

-Apenas espere até o casamento, acredite em mim.

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