Capitulo 32

85 11 42
                                    

Natasha

Na tarde daquele domingo dei início ao que chamei de "plano perfeito". Christopher e eu sumimos decididos a viver o amor que tanto juramos um ao outro, o amor que me fez desistir de tudo e todas as coisas que eu tinha. Grávida e somente com as promessas que me foram feitas, escolhi fugir.

Cruzamos a fronteira do México num jatinho particular, sabíamos que sair da cidade próximo do julgamento seria um problema e tanto para Christopher, mas o amor e a chama ardente da adrenalina nos fez esquecer de tudo e todos. O que iriam dizer de nós? Não quisemos saber, apenas brindar a um novo começo enquanto o avião deslizava sobre o céu de Cancún.

Os dias eram repletos de felicidade, eu o amava e somente isso bastou por ora. Em pouco tempo a polícia notou a fuga de Chris e tratou de bloquear todos os seus bens, nos deixando a mercê da crise financeira. Patrick permanecia como nosso principal aliado, cerca de 2% de todos os lucros da Evans Construction paravam em nosso cofre no final do mês, mas ainda era pouco.

Perante toda a bagunça de nossa vida, e com o medo de ter deixado o certo pelo incerto, passei a sofrer por antecipação. E se perdêssemos realmente tudo? Viveremos de dinheiro sujo para sempre? E mais, esse dinheiro dará uma vida digna a mim e ao meu bebê?

As brigas se tornaram frequentes. Christopher e eu vivíamos em meio ao caos decidindo o futuro. Eu não podia voltar como um cão arrependido para Zabdiel, não agora. Minha família jamais me perdoaria, e nunca me aceitariam de volta.

Sem redes sociais, o mínimo de contato. Christopher passou a ser o único rosto visto por mim, e a situação começou a me sufocar. Os policiais o farejavam como cães de caça sedentos por justiça, então nosso cuidado passou a ser redobrado e ao mesmo tempo cruel. Em pouco tempo o homem que amo pode estar atrás das grades, o que torna tudo mais complicado.

Os dias se passam e as coisas não mudam. Uma agonia toma conta de mim derramando as mais desesperadas lágrimas. Sem mais delongas, caminho até o guarda roupa retirando uma pequena mala de rodinhas.
Aos poucos o objeto se enche com minhas vestimentas amassadas, algumas até jogadas de qualquer jeito, não me importo.

-Amor?-ele chama a minha atenção.-O que está fazendo?

-Eu vou embora daqui.

Christopher parece compreender todo o meu sofrimento. Ele se aproxima e apenas me toma para si, um abraço onde me sinto confortável o suficiente para desabar. A mala aberta e o coração fechado. Fechado para quaisquer sejam as possibilidades de ir embora, a quem quero enganar? Para onde eu iria?

-Nath, vamos dar um jeito, eu prometo.-Christopher diz com sutileza.-Eu me sinto horrível por tudo isso, mas você não pode simplesmente ir embora.

-O que vai ser de mim quando você for pego, Christopher?

-Eu não serei pego.

Suas palavras me tranquilizaram por um momento, devido a firmeza com que foram ditas. A verdade é que nem mesmo Christopher tinha certeza de nada, no fundo dos seus olhos o medo era perceptível.

-Você precisa convencer a Judith a retirar as acusações!-digo alto me soltando de seus braços.

-Não é tão simples quanto parece, ela jamais iria me ouvir.-Christopher diz aparentemente chateado.-Eu trai a confiança dela, Natasha. Éramos amigos!

La DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora