Capitulo 18

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Zabdiel

De borboletas no estômago a uma tristeza avassaladora, é assim que me sinto ao consultar meu relógio de pulso confirmando os 45 minutos de espera. Os convidados e seus burburinhos estavam começando a me incomodar mais do que deveria, Richard se levanta e caminha até mim um pouco desconcertado, acredito que no fundo ele saiba exatamente o que está acontecendo.

-Ela não vem, não é?-sorrio fraco sentindo os meus olhos se encherem.

-É normal que as noivas se atrasem, filho.-minha mãe gagueja um pouco, mas sua preocupação é nítida.

-Isso é verdade.-Richard concorda.-Eu já volto.-ele diz tateando o celular no bolso e logo se afasta.

Respiro fundo trazendo o pouco de otimismo que ainda me resta e continuo a esperar.

2 horas depois...

A essa altura eu já me encontro sentado nas escadas do altar, mamãe caminha de um lado para o outro tentando encontrar uma solução, um erro, um imprevisto. Os convidados saem aos poucos com expressões de pena, alguns tentam se aproximar numa tentativa de consolo mas Rich não permite.

De cabeça baixa choro como nunca, de ódio, tristeza, e sejam lá quais forem os outros motivos, todos eles doem. Sinto meu coração se partir com força, os estilhaços parecem ferir o ponto mais fundo do meu ser, não me conformo com tamanha covardia.

Eu fui para Natasha o que nunca fui para ninguém em toda a minha vida, me doei por inteiro a ela na tentativa de ser o melhor que poderia ser, afinal, ela não merecia menos que isso.

A frase "que seja eterno enquanto dure" nunca fez tanto sentido como agora, suas palavras vazias ecoam em minha mente e me lembro perfeitamente do timbre de sua voz ao dizer "eu te amo". O meu amor foi intenso, caloroso e real, eu jurava que a eternidade nos contemplaria com um final feliz, mas infelizmente terei de me contentar apenas com o final.

Palavras não são e nunca serão suficientes para descrever o tamanho da minha dor. Eu não perdi tudo, mas perdi a certeza que tudo valha a pena.

Deem play na música

Judith

Após uma noite de sábado em claro me levanto preguiçosamente da cama, confesso que chorei mais do que deveria e talvez tenha bebido um pouco também, isso explica a minha cabeça latejando de forma surreal.

A voz de Christopher se despedindo me assombrou na madrugada fria, e só então aceitei que de fato não dormiria tão cedo.
Para onde ele iria? O julgamento está se aproximando, logo o mesmo está impedido de deixar a cidade, as coisas se complicariam ainda mais se ele tentasse ou realmente fugisse.

Abraço o meu corpo e fecho os olhos buscando alguma memória dele, seja o seu cheiro ou seus toques, algo precisa me confortar se nunca mais irei vê-lo. Sem pressa, as lembranças e flashes se tornam verdadeiras o suficiente para que eu possa senti-lo, é impossível deixar de sorrir e derramar algumas lágrimas. Abro os olhos e meu interior parece entender que tudo não passou de uma despedida, seus fantasmas me deixaram sossegar.

Prendo os cabelos num coque alto me preparando para um banho matinal, mas paro ao ouvir o toque do meu celular.

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