Capitulo 17

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Deem play na música

Zabdiel

Alguns corpos celestes se movimentam no espaço com sua própria luz, as estrelas que observamos no céu ao anoitecer são um exemplo, luminosas e brilhantes elas viajam de forma independente. O sol como uma estrela possui o seu brilho, intenso, cegante e quente, muito quente. Alguns satélites naturais do planeta Terra dependem de outros para funcionar, como a lua, pois o sol a ilumina trazendo clareza as noites escuras. Assim somos Nath e eu, com sua luz ela ilumina os meus mais tenebrosos dias, me fez funcionar da maneira correta por muito tempo, mas agora sinto que seu brilho está a cada segundo mais distante, me abandonando em uma completa escuridão.

O tempo é rápido quando queremos a lentidão, em minha cabeça sete dias passaram-se em algumas horas, justamente porque me casarei em instantes. Não tive forças ou ânimo para discutir com Natasha naquela noite, muito menos durante a semana, nem se quer procurei ir atrás para descobrir qualquer coisa que fosse, apenas me mantive indiferente esperando que a melhora caísse do céu, totalmente consciente de que nunca aconteceria.

Poucas coisas me assustaram durante toda a minha vida, e a rejeição é uma delas. Mesmo sem provas concretas de que minha noiva tenha outro suas atitudes a entregam. Ainda que eu enxergue aos poucos, me encontro totalmente cego pelo amor, cego por quem prometeu me amar eternamente.

Além do mais, me sinto envergonhado e fútil por ter ignorado Judith durante toda a semana, no fundo tudo é pavor de assumir que a mesma estava certa. Por mais que eu queira jogar tudo para o alto e desistir desse casamento simplesmente não consigo, mais infeliz do que estou sendo com certeza não serei.

Contra a vontade de Natasha insisti para que Richard estivesse presente, eu não poderia passar por um momento tão importante sem a presença de um amigo de verdade.

-Ainda dá tempo de desistir.-Richard pousa a mão em meu ombro enquanto encaro o espelho.

-Eu não posso.

Hoje deveria ser um dia de alegria, um dia onde eu juraria pela segunda vez amá-la para todo o sempre, mas infelizmente não me sinto apto a isso, apesar de tê-la lhe dado o meu coração por inteiro.

-Filho?-desvio o olhar em direção a porta.-Está na hora!-mamãe diz sorrindo e apenas assinto a vendo sair.

-Repito, ainda dá tempo de desistir.

-Richard, eu não posso!-altero o tom de voz o vendo bufar.-Quero acabar logo com isso e...

-E? Vai pedir divórcio assim que cruzar a saída da igreja?-respiro fundo passando as mãos pelo rosto.-Você não precisa fazer isso por pressão, sua família vai entender...

-Eu a amo, Camacho!-o interrompo.-Infelizmente a amo...

-Eu vou estar lá fora, se precisar de mim...-Richard diz sério se retirando do local.

Observo o meu reflexo no espelho pela última vez e tomo coragem para ir até o altar.

Caminho lentamente ao sentir o meu corpo cansado, meus pensamentos tem começado a me afetar fisicamente já que nunca me permito descansar.

A igreja está linda, rosas amarelas formam os mais belos arranjos que já vi, alguns familiares distantes e também próximos me cumprimentam desejando felicidades e boa sorte, sorrio forçado agradecendo um a um. Mal sabem eles o quão estou arrasado por dentro.

Me posiciono ao lado de minha mãe e começo a suar frio, a cada minuto as coisas se tornam mais reais e ao mesmo tempo agonizantes.

-Zabdiel?-a olho rapidamente.-Está tudo bem, filho? Você está pálido.

-Ahn...sim, está tudo bem. É apenas nervosismo.-ela ri acariciando o meu rosto.

-Em alguns instantes Natasha chegará, não se apavore. Tudo vai dar certo.-assinto direcionando o olhar até a entrada.

-Assim espero, mamãe.

Natasha

-Encolha mais a barriga, Natasha!-minha mãe ordena apertando cada vez mais o espartilho.

-Eu estou ficando sem ar...-digo chorosa.-O meu bebê...você vai machucar o meu filho!-me afasto bruscamente respirando fundo.

-Por que dificulta tanto as coisas, hum?-ela cruza os braços me olhando e apenas abaixo a cabeça derramando algumas lágrimas.-Termine logo de se aprontar, a Limousine já está esperando.

Com o coração em pedaços a observo sair batendo a porta.

Essa com certeza não é a vida que sonhei para mim, não é a família que sonhei em ter, e agora as coisas se complicaram como nunca, nem se quer sei quem é o pai do meu bebê.

A Natasha cheia de objetivos foi morta a punhaladas, dando vida a uma outra totalmente amargurada e solitária.

Com pesar, ajeito o véu em meus cabelos e calço os sapatos brilhantes. Seco as lágrimas e retoco a maquiagem num minuto, mesmo que as coisas se apertem preciso pensar no futuro e agora no ser que cresce dentro de mim. Independente de quem seja o pai, somente Zabdiel poderá ceder uma vida de conforto a mim e a essa criança.

Checo minha imagem mais uma vez me preparando para ir e logo ouço batidas na porta.

-Eu já vou, mamãe!-reviro os olhos estressada.

A porta se abre e rapidamente se fecha, arregalo os olhos ao ver Christopher ofegante girando a chave. Ele me olha com os lábios entreabertos e suspiro com sua ternura.

-O que diabos está fazendo aqui?-sussurro me aproximando.-Você quer estragar tudo?

-Precisamos conversar.-seus passos até mim são rápidos, em seguida sinto suas mãos segurarem as minhas com leveza e cuidado.-Você não pode se casar com ele, Natasha.

-E acha que tenho outra escolha?

-Sim, você tem.-sei que ele está falando de si mesmo, mas não posso me arriscar assim.-Eu fiz tudo o que fiz por você!

-Eu não te pedi para virar um bandido, Christopher!-ele passa as mãos pelos cabelos aparentemente desesperado.-Te implorei para que tivesse paciência, mas você não teve!

-Paciência? Acha que foi fácil te ver nos braços dele por todo esse tempo?-Christopher começa a se exaltar.-Eu não vou mais tolerar isso, Natasha...não mais.

-Chris...aguenta só mais um pouquinho.-seguro o seu rosto com as duas mãos o fazendo olhar para mim.-Não está sendo fácil para mim também!

-Eu não quero mais ouvir suas desculpas.

-Christopher...por favor.-o abraço mas ele não retribui.-Eu não posso perder você.

-Você me ama?-seus lábios se aproximam dos meus e acabo fechando os olhos ao sentir sua respiração.

-Amo, mais que tudo...-falo com dificuldade.

-Certo.-seu corpo se afasta e seu semblante sério reaparece.-Ou você desiste de toda essa palhaçada agora e vem comigo...

-Ou?

-Nunca mais me verá.

-Christopher...não.-o choro vem com força me deixando totalmente sensível.

-Você escolhe. Ou ele, ou eu.

La DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora