Capitulo 26

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Judith

Deem play na música

Eu me sinto estranha, como um trem desgovernado prestes a se chocar com pedras rochosas. Tê-lo tão perto de mim de fato não faz bem a minha saúde mental, consigo imaginar milhões de possibilidades de acabar em seus braços, mas todas são duvidosas, incertas, como se a qualquer momento Zabdiel fosse desaparecer levando com sigo todo o meu coração.

Gosto da sua voz, gosto dele por inteiro. Suas mãos deslizam por minhas maçãs do rosto como o tecido da mais exótica seda. Ouvi-lo dizer tão claramente que tenho sido dona de seus pensamentos me fez arrepiar dos pés a cabeça, tudo ocorreria perfeitamente bem se não fosse pelas inseguranças que carrego.

Gentilmente Zabdiel aproxima ainda mais seu rosto do meu, nossos narizes se esbarram e fecho os olhos sentindo o seu beijo por antecipação. Devagar, suave e singelo. Sua boca macia se une a minha carinhosamente, o próprio zoológico se agita dentro do meu estômago. Não havia malícia ou intenções libidinosas, apenas suavidade e cuidado. Aos poucos, o sinto se afastar e espero alguns milésimos de segundo para abrir os olhos. Temo que tudo não tenha passado de um devaneio, seria decepcionante.

Aos poucos suas mãos voltam para o lado de seu corpo, com o olhar fixo em mim ele sorri fraco. Seu suspiro veio logo em seguida, só não consigo decifrar se foi por frustração ou por não acreditar na loucura que fez.

-Por que você...-balbucio as palavras de forma baixa.-Por que fez isso, Zabdiel?

-Eu achei que também quisesse.-ele diz.

-E eu queria, mas não assim.-ele me olha confuso e prossigo.-Esta na cara que se sentiu culpado por não sentir o mesmo por mim.

-Você está começando a viajar.

-Ah mas é claro!-rio irônica.-A pouco tempo você não sentia absolutamente nada por mim, e agora diz que não saio dos seus pensamentos e me beija.

-Você está dizendo bobagens! Eu te beijei porque....-ele gagueja parecendo pensar na resposta.

-Por que? Me diz!

-E que diferença faz, Judith?-sua voz se altera.

-Toda diferença! Nem você mesmo sabe por que fez isso!-dou uma pausa e continuo.-Eu não preciso da sua compaixão, entendeu bem?

-Pare de sentir pena de si mesma, sempre se martirizando como se fosse impossível alguém se interessar por você verdadeiramente.

A essa altura o choro já se tornara incontrolável. Infelizmente cresci com a perspectiva de que sempre me trocariam, por amores melhores ou amizades mais divertidas.

-É a verdade!

-Me dê uma única razão, apenas uma para que eu não te beije mais uma vez.-suas mãos novamente seguram o meu rosto me obrigando a encarar a imensa escuridão de seus olhos.

-Eu, Zabdiel! Eu sou essa razão, eu sou assim!-digo em meio ao choro.

Seu polegar seca as minhas lágrimas com cautela, sua mão direita coloca uma das mexas soltas de meu cabelo atrás da orelha e o vejo fitar a minha boca. Seu olhar emana vontade, e por um momento desejo nunca ter o sentido, para viver todas as sensações mais uma vez.

La DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora