Capitulo 12

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Narrador

A muitas décadas atrás nossos erros eram considerados lucro, a frase "você vale o que tem" se entendia ao pé de letra. Mas quão longe o ser humano pode ir para conseguir o que quer?

Sem escrúpulos ou cultivo de vínculos sejam eles de amizade ou amor, a falta de caráter e sobra de falsidade agem como um todo induzindo um coração amargo a traição. O único erro do traidor é não se lembrar que estamos no século vinte e um, onde a liberdade de sua alma e consciência limpa não se compram por quinze ou cinquenta moedas.

A manhã ensolarada carregava um clima ácido, viaturas e carros blindados se aglomeravam aos montes sem nenhuma discrição a frente do grande prédio luxuoso. Policiais adentravam o local com seus óculos escuros e exibiam os distintivos por onde eram barrados, ao contrário de suas operações de adrenalina e agitação ali havia apenas sentimentos de determinação e ganância.

O elevador se esvazia e um trio de agentes aguarda ansiosamente a frente da porta, a campainha é tocada e logo uma fresta da mesma é aberta.

-Christopher Vélez?-o rapaz assente com a sobrancelha arqueada.-O senhor está preso por ocultação de bens, e furto qualificado.Você tem o direito de permanecer calado, tudo o que disser pode ser usado contra você no tribunal.

Christopher sorri de canto e estende os pulsos para receber as algemas frias e brilhantes. Em seu interior o ódio florescia com naturalidade, sabe-se que seu poder pode levá-lo ao céu ou ao fundo do poço, basta escolher com cautela.

-Podemos entrar em contato com o seu advogado?-a segunda policial pergunta enquanto o mesmo é algemado.

-Eu sou o meu advogado, agora vamos, quero acabar logo com isso.-suas palavras saem com sarcasmo e diversão. A guerra havia começado, e o ato de recuar não se encaixa em seu perfil.

Embaixo de centenas de jornalistas e holofotes, Vélez sai de seu condomínio cercado de investigadores, hora ou outra ele sorri e até cumprimenta os paparazzis. Christopher adentra a viatura com a ajuda de um detetive e logo o carro parte em direção à delegacia.

Enquanto uns lamentam por seus passos em falso outros parecem se divertir com o caos.

Manchete de jornal:

Manchete de jornal:

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Judith

-Estou me sentindo um lixo...um nada!-grito em meio ao choro enquanto Richard acaricia meus cabelos.-Ele nunca vai me perdoar, Rich.

-Se alguém aqui não irá perdoar será você! Ele te enganou, Jud! Como ainda pode sentir pena?

-Não é pena, é decepção.

Após a reunião do dia anterior a dor se fez mais presente do que nunca, assumir a mim mesma que o amor da minha vida é um bandido machuca, mas assumir para milhares de pessoas me destrói. Richard quis matá-lo quando dei a notícia, mas de alguma forma a minha tristeza o impediu de fazer uma loucura, passamos o restante do dia em minha casa.

Deixei nas mãos de Patrick toda parte processual, não quero me aproximar de nenhuma delegacia ou coisa assim. Sigo sem forças para nada, levantar da cama foi a minha primeira missão falha do dia, principalmente depois de ver o rosto de Christopher estampado nos jornais.

-Eu também fui pego de surpresa. Já fomos amigos e...nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer.-Richard assume um pouco cabisbaixo.

-Rich, estou com medo do que está por vir.-ele sorri fraco e segura minhas mãos.-A hipótese de furto qualificado indica que mais pessoas próximas de nós estão tentando me derrubar.

-Sim, infelizmente há mais envolvidos do que imaginamos, mas não perderemos a fé, certo?

-Eu já não sei se acredito que as coisas vão melhorar...-brinco com os meus próprios dedos abaixando a cabeça.

-Tudo isso vai passar, eu prometo.-seu polegar seca as minhas lágrimas com cuidado e por um minuto agradeço aos céus por ter Richard ao meu lado.-Agora você precisa comer alguma coisa. O que acha de uma maçã?

-Tô sem fome.-faço careta e ele revira os olhos.

-Certo, uma maçã. Eu já volto.

-Ei, eu disse que não!-digo rindo enquanto Rich abandona o quarto indo até a cozinha.

Com o pouco de ânimo que encontro em meu corpo me levanto e sigo até o banheiro, lavo o rosto e aproveito para escovar os cabelos também, preciso elevar a minha auto-estima.

-Jud?-me viro rapidamente para o olhar e seu semblante me deixa um tanto apreensiva.-A polícia está aqui.

-Eu não quero falar com eles, Rich...

-Você precisa, e também não tem com o que se preocupar, vou estar ao seu lado.-ele se aproxima e beija o canto da minha boca com carinho.-Vamos?-seguro sua mão sem pensar duas vezes. A segurança que sinto ao seu lado encoraja e fortifica a mulher que estou me tornando.

Não me importei em tirar o pijama ou colocar chinelos nos pés, apenas me deixei guiar por Richard logo dando de cara com alguns oficiais.

-Bom dia, Senhorita Judith Evans, receio que saiba o motivo de nossa visita.

-Sim, estou ciente.-aperto a mão de Rich o mais forte que posso e ele me olha, novamente me tranquilizando.-Sentem-se por favor.

-Começaremos com algumas perguntas simples, sugiro que não hesite em responder.-o homem fardado diz.

-Ela responderá apenas o que achar viável, nada mais.-Camacho se impõe sentando-se ao meu lado.

-Certo. À princípio, é necessário que saibamos que tipo de relacionamento a senhorita mantinha com o Senhor Vélez.

-Éramos apenas amigos, além de tê-lo como advogado da minha empresa.

-E tem em vista algum outro suspeito que também esteja envolvido?

-Não.

-No depoimento de Christopher, ele alega não ter acesso a senhas, logins e até mesmo computadores da empresa do Senhor Camacho.-o detetive diz e Richard o encara.-Imagina como tenha sido feita essa operação ilegal?

-Não, acredito que descobrir seja o trabalho de vocês.

-As provas não são totalmente claras, Senhorita Evans, os laudos apontam Christopher como o principal culpado e cabeça de todo o plano, porém ainda existem infiltrados entre vocês.-ele explica.

-E...o que vai acontecer com ele?-você é tão tola, Judith.

-O Senhor Vélez segue preso, porém responderá em liberdade nos próximos dias.-os dois policiais se olham e assentem se levantando.-Contate seu advogado e peça que entre em contato conosco. Por enquanto, fique atenta a qualquer comportamento suspeito, principalmente você, Senhor Camacho.

-Serei zeloso a todos os detalhes, não se preocupem.

-Obrigada por nos receber, Senhorita. Tenham um bom dia.-assinto sorrindo fraco e os acompanho até a porta.

Ele responderá em liberdade. Tudo o que imagino é o peso de sua ira caindo novamente sobre mim, só não sei se sobreviverei ao furacão Christopher mais uma vez.

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