7/PT II - Abraço Quente (Ester)

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- Meu Deus! - exclama Sofia com a mão no peito. - O que está fazendo deitada no chão? Quer me matar do coração? Você mora aqui agora?

- Su casa es mi casa - digo.

- Sem chance. Já dormiu aqui por dois dias seguidos. Eu quero dormir na minha cama quentinha. Além disso, seu pai está sozinho e você não vai pagar o aluguel pra mim, ou vai?

Começo a rir da minha situação inusitada e peculiar. Não sei se rio ou choro. Minha vida é tão complicada.

- Você está me assustando! Que reação é essa? Vem, levanta. O que está acontecendo?

- O irmão do meu pai está na cidade e está cuidando dele essa semana. Não precisa se preocupar.

- É isso o que importa agora? Eu te encontro no chão, não sei se rindo ou chorando e você nem vai se explicar direito?

- Você não precisa mais pagar aluguel!

- Está doida? Eu amo essa casa, se pudesse comprava ela. É uma pena que a loira oxigenada não me venda. Não vou sair daqui.

- Eu sei, por isso comprei a casa para você!

Ela gargalha debochando!

- O que fez agora? Roubou um banco?

- Eu comprei um hospital também. - Dou risada novamente. - Eu fiquei rica da noite para o dia e já gastei tudo que eu tinha no banco.

- Você sabe que não pode beber Ester, um copo já te derruba. Por que insiste em beber? - ela pergunta duvidando.

- Eu achei que estava sonhando e gastei tudo antes de acordar, mas não era sonho.

- Vem! Eu vou te dar um banho de água fria - diz convencida de que estou bêbada.

- Eu não bebi Sofia - digo, ficando de pé. - Pode confirmar com a proprietária, quer dizer, antiga proprietária dessa casa.

Ela me encara surpresa por eu ter conseguido ficar de pé sozinha. Ri olhando para a tela do celular.

- Você depositou cinquenta mil na minha conta? Mais que raio de sonho eu estou tendo.

- Pois eh! Não é sonho, não se engane.

- E quanto você pagou nesse hospital?

- Cem milhões - respondo.

Ela permanece em silêncio por cinco segundos antes de cair na gargalhada, mas percebendo que continuei séria, ela para de rir.

- Você é uma doida varrida - diz, discando o número da antiga proprietária da casa. - Oi Milena, tudo joia? Então...

- Como? Parabéns pelo que? - Ela arregala os olhos e fica paralisada. - Certo. É... Obrigada por tudo - diz, desligando. - Você ganhou na loteria, Ester? Essa casa é mesmo minha. - Ela agarra meu pescoço e começa a pular feito maluca.

- Espera! Me solta! - insisto.

- Ai meu Deus! Ai meu Deus! Eu tenho uma casa, eu tenho cinquenta mil no banco.

Rio da euforia repentina dela. Por que eu não me sinto da mesma forma? Ela não vai me deixar explicar tão cedo.

- E um carro. - Jogo as chaves na mão dela e ela continua pulando ao ver a caminhonete na frente de casa.

- Mas espera! Você comprou mesmo um hospital? Você esteve bem ocupada hoje - diz ainda duvidando.

- Você nem imagina! - digo suspirando. - Amanhã também será bastante cansativo. Então senta aqui para que eu possa te contar o que aconteceu e o que você vai fazer amanhã, além de me emprestar uma roupa.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora