15 PT II - Príncipe Miguel (Ester)

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Cinco dias depois:

Seguro com firmeza o batom que Miguel comprou para mim enquanto passeávamos. Eu o passo deixando meus lábios vermelhos o suficiente para me tornar imponente novamente. Reúno todas as minhas forças e a coragem que me resta. Eu preciso enfrentar Ricardo.

Vou até o restaurante combinado e aguardo. As imagens dos médicos tentando fazê-lo voltar não saem da minha cabeça. Eu só queria ter a certeza de que Miguel irá acordar.

— A pequena sereia salva o príncipe. Um prato cheio para a garota que ama contos infantis. Você sabe o que acontece no final da história? — pergunta Ricardo com sarcasmo. — Ela vira espuma! — Ele enfatiza a última palavra e ri fazendo inúmeros gestos com as mãos para complementar sua ofensa. O seu sorriso é tão nojento que ele poderia se tornar o próximo coringa no próximo filme da DC. — É possível sair um beijo de amor verdadeiro em um casamento falso?

— O que isso faz de você? Úrsula? A vilã invejosa e assassina que não cansa de correr atrás de uma coroa que não lhe pertence? — revido.

— Você acha que sou um assassino, mas aceitou se encontrar comigo a sós. Não tem medo que eu seja uma ameaça? — pergunta Ricardo, debochando.

— E você tem coragem para acabar comigo com as próprias mãos, aqui nesse restaurante? — retruco, mastigando um pouco da carne.

— Eu já disse que não tenho nada a ver com o que aconteceu. Olha só pra você, essa roupa preta, até parece que está de luto. Você é muito mais assustadora do que eu.

— Está insinuando que fui eu? — pergunto.

— Pense bem, você receberia o restante da herança da família Garcia. A rainha e glamorosa Ester seria a mais beneficiada com essa morte, estou errado?

— E você seria o maior beneficiado se ele morresse e a culpa fosse minha, estou errada?

— Então acredita que eu queria matá-lo e colocar a culpa em você? Isso é um absurdo. Você estava com ele quando aconteceu, o casamento é uma farsa e você não sente nada por meu sobrinho. Sem contar que misteriosamente você recebeu parte da herança que era toda dele e se tornou importante na empresa. Tudo aponta para você, não sei se eu posso guardar todos esses detalhes comigo — Ricardo argumenta.

— Está me ameaçando? Você disse que eu sou assustadora e me acusa de ter matado alguém, então por que não tem medo de mim? — pergunto. — Você parece bem calmo aqui na minha frente.

— E você teria coragem de fazer algo com as próprias mãos? — Seus lábios se torcem em ironia. Ele usa a mesma pergunta que eu fiz no começo da conversar.

— Sabe por que esse foi o restaurante que eu mais gostei aqui dentro? — pergunto tocando na carne e lambendo o dedo.

— Por causa dessa carne quase crua? — pergunta fazendo a careta de sempre. Acabo de perceber que ele carrega um sotaque pesado, isto indica que morou na Coreia por um tempo. Acrescento a minha lista de informações.

— Não, eu nem sou fã de carne, muito menos assim, mas olha que linda — digo mostrando. — A faca daqui é maravilhosamente bonita. Eu tenho um fraco por itens bonitos, principalmente quando são afiados. — Passo a ponta da faca por todo prato. Ricardo torce o nariz e junta as sobrancelhas. Limpo a faca com o guardanapo.

— Você é maluca — afirma.

— Essa faca é incrível — digo e corto o dedo superficialmente. — Oh! Olha — mostro o dedo sangrando. — ela corta mesmo, é lindo! Vou levar pra mim, assim eu não preciso voltar aqui e quem sabe posso usá-la na próxima vez que você ou qualquer outra pessoa me ameaçar.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora