10 - Diamante (Miguel)

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Pode ser que eu esteja um pouco ansioso? Sim. Afinal, é a primeira vez que irei pedir uma mulher em casamento. Será que isso é normal? Por que eu me sinto como se eu realmente quisesse pedi-la em casamento?

Crio coragem e toco a campainha. Para minha surpresa uma moça vestindo roupas claras e com um sorriso brilhante vem me atender. Ela não é a mesma Ester que eu conheço. Nada de roupas pretas ou penteados elaborados. Eu a encaro com a boca aberta.

— Essas flores são para mim? — pergunta.

— Oh! Sim. — Entrego o buquê.

— Entre — ela diz ainda sorrindo. — É uma casa simples. Acredito que não esteja à altura do que você está acostumado.

Ainda um pouco envergonhado, entro. Um senhor Coreano me espera sentado em um sofá.

Estendo a mão e ele faz o mesmo.

— Muito prazer, eu sou Miguel — digo.

— Eu sei meu filho. Não precisa ficar tão apreensivo. Ester me falou bastante de você — ele diz.

Ela me olha um pouco assustada. Acredito que não estava nos planos dela que o pai me contasse isso.

— Ela falou bastante? — pergunto sorrindo e ela me encara brava.

— Sim, ela parece gostar mesmo de você. Eu fiquei curioso para saber como se conheceram.

— Foi uma coincidência, na verdade. Eu queria contratá-la como advogada, mas ela recusou. Eu acabei me apaixonando pelo jeito dela e fiquei perseguindo Ester até ela me aceitar.

— Então foi você o persistente. Ester pode ser jogo duro às vezes, eu admito. Talvez a culpa seja minha.

— Sim. Ela pode mesmo — digo e rimos.

— Vão se juntar contra mim? — ela reclama. Não com o tom de voz costumeiro. Ela é doce e sorridente.

— É claro que não meu anjo — digo. — O que está fazendo? — pergunto me referindo a por que ela ainda não se sentou ao meu lado.

— Estou terminando de preparar o jantar — ela diz sorrindo.

Levanto as sobrancelhas, confuso. Preparando o jantar? Como assim?

Dou uma olhada ao redor. Não há fotos. Pensei que em todas as casas houvesse fotos espalhadas por todos os cantos.

— Oh! Vocês têm um piano — digo, admirado ao notar o objeto.

— Sim, talvez a única coisa que temos de valor. Minha esposa tocava. Ela já se foi e mesmo assim ainda não conseguimos nos desapegar — explica. — Que rude, eu sou, nem me apresentei e só agora me dei conta disso. Concluí que minha filha já tivesse dito, mas eu sou Choi Ha-Jun.

— Ester me falou muito sobre o senhor também — minto. — Posso tocar? — Aponto para o piano.

— Você toca? — ele pergunta surpreso. — Pode ficar a vontade. Vai ser bom escutar o som deste piano novamente.

— Não sou muito bom, mas vou arriscar — digo.

Sento-me frente ao instrumento e uma ideia louca me vem à cabeça. Espero que ele entenda Inglês.

Começo a tocar e cantar "Marry your daughter – Brian Mcknight". Ester para instantaneamente de fazer o que estava fazendo e me encara espantada. Ela ri em algumas partes da música e eu tento me concentrar para não errar a letra ou as notas.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora