24 PT 1 - Todos temos segredos (Miguel)

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Encaro o teto pensando em quão sortudo eu sou. Amanhã vou me mudar para o castelo com Ester. Considero mais uma vitória poder dizer que vamos morar juntos definitivamente. Ela é uma mulher incrível, a cada dia que passa, fico mais admirado com as suas qualidades. Ver como ela cuida do pai, do irmão e da avó sem nunca reclamar, mesmo sendo tão atarefada me faz sentir até vergonha por não ter passado tanto tempo quanto deveria com meus pais.

Levanto-me e preparo o café da manhã, eu posso fazer isso por ela todos os dias, nunca estive tão feliz. Sei que ainda temos muitas coisas para resolver e descobrir, mas não consigo nem explicar como Ester me faz bem. Cada sorriso que ela dá, por menor que seja, faz com que eu me sinta como a melhor pessoa do mundo. Eu quero muito vê-la sorrir mais vezes.

— Eu preciso passar no hospital e no meu pai antes de ir pra empresa porque à tarde não terei tempo, preciso terminar os documentos todos hoje porque amanhã vou me concentrar em nossa mudança — diz Ester roubando minha atenção.

— Antes de ir à empresa, eu quero que vá a um lugar. Vou te passar o endereço. Precisamos fazer nosso primeiro treino juntos como combinado — insisto.

— Acho que não vou conseguir escapar dessa coisa de Jiu-Jitsu não é mesmo? — reclama Ester. — Já que insiste tanto nisso, me envia por mensagem a localização. Eu preciso ir.

— Nada disso. Você precisa tomar café da manhã primeiro — digo fazendo-a se sentar.

Ester sorri e concorda com um breve movimento de cabeça. Ela reclama de tudo, mas no fundo sei que gosta quando eu demonstro ter atitudes de um verdadeiro marido.

Comemos juntos conversando e rindo sobre coisas aleatórias. Por um momento parecemos um casal sem nenhum problema pra resolver e sem nenhuma missão perigosa para encarar. Minha esposa ficou linda com o cabelo mais curto. Parece mais jovem e mais feliz.

— E Ji-hoon, pra não sair do papel de demente, ficou brigando com a criança por causa do sorvete — ela conta.

— Deve ter sido engraçado — comento. — Você parece ter ficado feliz com a inauguração do espaço para as crianças, filhos dos funcionários do hospital.

— Fiquei sim. Sinto que finalmente fiz uma coisa boa. Algo que valeu a pena por ter comprado aquele hospital — explica.

— Não sabia que gostava de crianças — afirmo.

— Ah! É... — ela pigarreia antes de continuar. — Eu sei que não pareço ser a pessoa mais amável do mundo para ter crianças perto de mim, mas isso não significa que eu as odeie — Ester mexe no prato sem comer, como se meu comentário a tivesse prendido em algum pensamento.

— Você é uma pessoa amável sim, Ester. Só se mantém escondida atrás de uma armadura que você acha que precisa — digo.

— Você me acha amável? — ela pergunta. — Será que as crianças vão gostar de mim?

— Por que está preocupada se as crianças da creche vão gostar de você? — pergunto.

— Rose me pediu pra ir um dia fazer uma festinha de inauguração com eles, mas não sei se elas vão gostar de fazer uma festa com uma mulher como eu.

Ester preocupada com a aprovação de crianças? Essa é nova pra mim e me pegou totalmente de surpresa.

— É claro que elas vão gostar — digo, mesmo sem ter certeza disso.

Ela se levanta, coloca um casaco e diz que precisa ir.

Eu encaro minha bela esposa, quero impedi-la de ir. Desejo muito passar um dia inteiro com ela, só nós dois. Sem preocupações, sem empresa, sem Ricardo, sem hospital ou funcionários. Eu a quero só pra mim, nem que seja por um único dia.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora