A Garota da Máscara (COMPLETO)

8 - De repente fofa (Miguel)

— É impressão minha ou você quase caiu quando viu a Sophia? — pergunto deixando Fred um pouco desconcertado.

— Nem começa — ele responde. — Eu corri tanto hoje e tomei uma bela de uma chuva, não estou no clima.

— Pode ir pra casa. Amanhã nós estudamos o que fazer daqui para frente. Não acho que teremos problemas com Ester.

— Miguel, diga a verdade! Você está obcecado por ela. Eu sei quando você está fascinado por alguma coisa. Consigo ver em seu olhar.

— Se ela queria chamar minha atenção, ela conseguiu. É isso que você quer ouvir? — digo sorrindo. — Todos nós temos que lutar para sobreviver nesse mundo, mas ela faz isso tão naturalmente, como se fosse fácil.

— Não vou mentir, estou chocado com tudo o que aconteceu hoje e vou precisar de terapia.

Dou risada. Fred é muito afobado e engraçado, às vezes parece uma criança.

— Mano, ela apareceu aqui com uma pose daquelas. O cabo do guarda-chuva dela tem uma coroa. Quem tem um guarda-chuva assim? Já viu um antes? Eu sei que quem mandou colocar aquele trono foi seu tio, porém ela fez parecer que foi ela — ele tagarela fazendo gestos exagerados como se uma bomba tivesse explodido em sua mente, típico do Frederico. — Ela nocauteou Ricardo com uma maestria e sutileza. Nunca conheci alguém assim. — Ele bate palmas. — Só casa e depois faz ela se apaixonar por você porque vai ser difícil encontrar outra doida igual ou parecida.

— A luta está só começando. Foi apenas o terceiro round.

— Tem razão! Estou indo, antes que você desista de me dar folga. Obrigado por isso, eu estou precisando pensar e calcular.

[***]

Tirei o restante tarde para dar uma geral na casa e descansar, mas como descansar depois de um show daquele? O que o meu pai está tentando me mostrar ou ensinar dessa vez? O que eu faço daqui para frente? Preciso confiar nas decisões dele. Meu velho sempre foi bom em tudo e muito firme em dizer que o segredo para tudo é o amor. Como eu devo entender isso?

Um número estranho começa brilhar na tela do meu celular.

— Sim? — atendo.

— Miguel, desculpe-me por te ligar a essa hora. É a Sophia. Ester está passando as noites aqui em casa essa semana, mas estou preocupada porque não consigo encontrá-la. Já procurei em todos os lugares, está escurecendo e parece que vai chover. Não sei mais a quem recorrer. — A garota cuspiu as palavras numa velocidade surreal e sem pausa nenhuma. Parece estar chorando.

— Primeiro se acalme — digo. — Onde você a viu por último?

— Ela deu o carro dela como entrada para comprar um pra mim, mas ainda não comprou um para ela. Eu a deixei em frente ao hospital escola. Ester deu de cara com Alan e ele deve ter atormentado a vida dela como em todas as vezes que se encontram. Ela fez sinal que eu podia ir, mas eu liguei para o hospital e ela não apareceu por lá hoje. Eu não quero parecer paranoica, mas Ester parece forte e realmente é, porém ela não sabe lidar com as emoções quando muita coisa está acontecendo ao mesmo tempo.

— O que quer dizer? — pergunto.

— Ela coloca uma máscara para esconder o que realmente sente. Nunca demonstra quando está magoada, ferida ou triste.

— Não se preocupe. Eu vou encontrá-la.

— Obrigada.

— Vim trazer o seu jantar — diz Fred, colocando algo em cima da mesa. Provavelmente é frango frito de novo.