23 PT 2 - Sétimo Round (Ester)

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 — Hoje eu vou te ajudar a treinar o básico para que você possa se defender — diz Miguel.

Estamos ajoelhados sobre o tatame e eu o encaro.

— Prometo que não vou machucá-lo — zombo.

— É bom ouvir isso, mas faremos um treinamento sério. Se você tiver que medir forças com um homem que saiba lutar, as técnicas serão sua única chance — ele retruca fechando o cenho. Parece realmente preocupado. — Mantenha o foco.

Eu consinto.

Nós nos cumprimentamos como de costume antes de uma luta. Miguel fica lindo de Kimono. Tento não desviar minha atenção para sua beleza. Foco Ester. Foco.

Tento os primeiros golpes, mas ele desvia. Quando me esforço novamente ele me prende em um mata leão. Será que devo admitir que nunca tivesse lutado de verdade antes? Tudo o que eu sei são teorias. Coisas que ouvi da minha avó.

Miguel me solta. Assim que tento mais um golpe ele me derruba. Já percebi que ele não está para brincadeira.

— Devemos apostar alguma coisa? Estou confiante de que posso ganhar essa luta mesmo tentando te ensinar — diz quase sorrindo.

— E o que vai querer se você ganhar?

Tento derrubá-lo, mas não consigo. Ele é forte e passa meu braço por cima de sua cabeça para tentar me jogar de novo no tatame, mas dessa vez eu salto parando de frente pra ele, segurando a gola de seu Kimono. Miguel faz o mesmo e enquanto tentamos derrubar um ao outro, giramos pelo tatame como que em uma dança. Quando paramos nossos olhos se encontram.

— Quero que seja sincera comigo e diga o que sente — diz Miguel me empurrando para baixo.

Eu prevejo que será uma tentativa de um golpe que chamamos de Armlock da montada, por isso levanto o pé para defender a guarda e me jogo forçando-o a cair deitado. Então eu me coloco por cima dele. Partindo da montada tento aplicar o mesmo golpe que ele provavelmente pensou em fazer comigo antes.

— Então você sabe algumas defesas, isso é ótimo. Coloque mais força — ele orienta.

Eu não tenho força o suficiente e Miguel consegue reverter a situação ficando por cima de mim novamente. Tudo o que eu sei são teorias. Na prática é bem mais complicado. Por isso a primeira coisa que me vem à mente é manter a guarda fechada com as duas pernas sobre suas costas. Escolho um de seus braços para atacar com um Armlock da guarda.

Rapidamente puxo seu cotovelo esquerdo e piso em sua cintura com minha perna direita, forçando meu joelho para travar a posição. Com a perna esquerda consigo quebrar a postura de Miguel e transferir a perna direita para cima de seu pescoço. Fecho bem os joelhos para travar o braço de meu marido enquanto seguro firme em seus punhos com as duas mãos. Ele consegue soltar uma das mãos e leva até a minha perna tentando se defender. Subo o quadril forçando a perna para jogá-lo para o lado e isso é o suficiente. Consegui! Continuo segurando mesmo depois que ele desiste. E dou risada quando ele reclama.

— Se queria ganhar a aposta deveria ter se esforçado mais. Você me deixou vencer — afirmo ainda ofegante.

Permanecemos deitados no tatame tentando recuperar as forças.

— Não deixei — ele responde acariciando o braço. — Poxa, eu já tinha dado as três batidinhas.

— E o que isso significa? — brinco.

— Não tem graça. Quando a gente desiste, você precisa parar.

— Está bem, professor — digo.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora