12 - Já pode beijar a noiva (Miguel)

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— Você sabe que nenhuma mulher trabalharia no dia do casamento, não sabe? — pergunto entrando na sala de Ester.

— De quem foi a brilhante ideia de fingir uma lua de mel? — pergunta fechando o cenho. — Agora preciso terminar isso porque na teoria estarei fora do país amanhã.

— Nós realmente vamos viajar. Aceite! Foi ideia do seu pai. Ele disse que você sempre sonhou com isso e "você" — enfatizo bem — me disse para fazer tudo que ele pedisse. Encare como férias. Eu preciso de férias!

— Só me diga que reservou quartos separados — diz.

— Por quê? Está com medo de não resistir aos meus encantos? — brinco.

— Não. Apenas certa de que você não pode resistir aos meus — retruca.

Não sei nem se posso discutir sobre isso.

— Reservei dois quartos, mas precisamos pensar onde iremos morar. Será muito esquisito se morarmos separados.

— Já esteve em um castelo?

— Que pergunta é essa do nada?

— Quando você era criança, seu pai te levou em alguma mansão que se parece com um castelo?

— Sim, eu me recordo vagamente de um lugar em que ele me levou e perguntou se aquela casa me trazia alguma lembrança. Mas eu não tenho muitas recordações de antes de fazer seis anos, por que a pergunta? Ele te deixou aquela mansão também?

— Sim — responde e meu queixo cai.

— Tá de brincadeira? Sério? Por que ele faria isso? Achei que ele já tinha vendido aquilo.

— E quem compraria? Parece um castelo mal assombrado.

— Tem razão. Enfim, temos que estar no cartório daqui a poucas horas. Deixa esse trabalho pra depois. Eu trouxe um presente pra você.

— Relaxa! Não vou deixar você plantado hoje. Não precisava trazer um suborno.

— Não é um suborno. Pedi que fizessem um vestido igual ao que você deixou na loja naquele dia das fotos e também achei que seria legal te dar um presente de casamento.

Ela olha a sacola com o vestido e fica evidentemente satisfeita.

— Foi o primeiro modelo que eu desenhei e fiz sozinha — explica.

Abre a caixinha com o colar e parece surpresa.

— Uma borboleta? — pergunta.

— Percebi que você gosta. Acho que combina com você e eu também gosto de borboletas.

— Sim, eu gosto, mas por que você acha que combina comigo?

— Acho que tem a ver com a sua perseverança. Você voaria alto e iria longe mesmo com uma asa quebrada. Isso me faz ter a certeza de que você é a pessoa certa.

Ela me encara como se isso tivesse sido inesperado.

— A pessoa certa? Não me diga que está se apaixonando por mim.

— Eu deveria? — pergunto me aproximando e segurando sua mão. — Podemos fazer isso dar certo.

Ela fecha a caixinha com o colar, solta a minha mão e se vira para a mesa.

— Não se apaixone por mim, vamos manter como um casamento por conveniência. É isso o que é — diz ainda de costas.

— Te vejo daqui a pouco — digo, deixando-a.

[***]

— Ansioso? — pergunta Fred.

— Um pouco. Queria poder tornar isso um pouco mais fácil para Ester, mas quando tento me aproximar, ela me afasta.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora