Epílogo (Fred, Nan e Ester)

94 8 22
                                    


Um ano depois:

Fred

Estou decidido a encontrar um assistente. Não aguento mais. Todos os que eu contratei para um teste conseguiram me fazer duvidar da minha capacidade de escolha.

— Tinha um cara, não lembro o nome dele, acho que era Alberto, um dia ele veio vestido igual ao Wood de Toy Story. Eu fiquei o dia todo tentando entender o que estava acontecendo, até que por fim ele disse que tinha feito isso para me agradar, já que eu tinha dito que odiava a frase do Buzz lightyear: Ao infinito e além. E a verdade é que eu nem odeio. Até gosto mais do Buzz do que do Wood, mas isso não vem ao caso — explico.

Miguel cerra os olhos tentando me compreender.

— Tudo bem, eu e Ester vamos te ajudar a encontrar alguém que não seja um completo idiota — ele diz.

Eu suspiro aliviado. Meu pai, Brian, Ester e Miguel vão me ajudar a escolher um assistente. De hoje não passa. Preciso acertar dessa vez. Acredito que já devo ter contratado uns cinquenta candidatos e nenhum deles deu certo. Ou eu sou muito exigente, ou não existem mais pessoas competentes nessa cidade.

A primeira pessoa entra e eu já tenho vontade de desistir. Não que eu seja preconceituoso, mas não dá nem pra saber como era o rosto dele antes de tatuar a cara inteira.

— Aqui no seu currículo diz que você já trabalhou de assistente antes por quase dois anos. Pode confirmar a empresa? — pergunta Ester.

— Não era uma empresa. Eu era assistente da Madre Tulipa — ele responde.

Olho para meu pai. Ele baixa a cabeça rindo.

— Ah... Madre Tulipa? O que ela faz? É um tipo de Freira? — Ester tenta descobrir que raio de candidato é esse.

— Não. É uma agente espiritual. Ela consegue ver o futuro das pessoas através das linhas de expressão. — O homem todo tatuado, que mais parece um gibi humano faz gestos tão intensos, que eu me pergunto por que ela o mandaria embora, mas decido ficar na curiosidade. Posso me arrepender se ouvir a resposta. Vai ver foi porque ela nunca conseguiu ler o futuro dele, já que não dá pra achar as suas linhas de expressão.

Ester dá um jeito de dispensar o assistente de vidente. Definitivamente não é o que procuro.

Decido ficar quieto e deixar que os outros façam as perguntas enquanto eu risco os nomes da lista. Um por um. Até um assistente de papai Noel teve hoje. Essa cidade é diferenciada mesmo. Não é pra amadores. Estamos quase no final da lista. Uma moça loira e bem arrumada entra na sala, mas eu nem julgo mais pela aparência. Já estou esperando ela dizer que era assistente de traficante. Eu me acostumei tanto a não esperar nada, que até risquei o nome da coitada antes de ouvir suas respostas.

O currículo dela é bem-feito, mas ela tem pouca ou nenhuma experiência.

— Onde trabalhava antes? — pergunta Brian.

— Eu trabalhava no Mc Donald. Era assistente de cozinha — ela responde.

Santo Pai! Aperto os olhos usando o indicador e o polegar. Depois disso terei que tomar um remédio para dor de cabeça.

Assim que a loirinha, que mentiu no currículo, sai, sinto outra pessoa entrando. O perfume me chama atenção, mas eu já desisti disso aqui.

Depois de um silêncio constrangedor, pego o currículo para dar uma olhada e elaborar uma pergunta, já que ninguém o fez. Meu chaveiro, que na verdade é a presilha de cabelo, começa a piscar, me roubando toda atenção. Olho o celular e a localização de Sophia é a mesma que a minha. Assim que vejo a foto e o nome no currículo, levanto a cabeça. Mal posso acreditar no que estou vendo. Será que remédio pra dor de cabeça causa alucinações? Porque Sophia está sentada bem a minha frente, mais linda do que já era.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora