20 PT 2 - Mistérios (Miguel)

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— O nome Lee Jae In faz algum sentido pra você? — pergunta Fred.

— Não! — respondo. — Por quê?

— O Japonês que te deixou em coma. Aquele que foi preso. Ele se matou na prisão. Se é que podemos acreditar que foi suicídio. Aqui o chamavam de Jean, mas descobriram que ele tinha mais de quinze documentos falsos. O nome verdadeiro dele era Seiji Yamazaki.

— Certamente não deve ter sido suicídio. Uma hora ele ia acabar revelando a verdade. Mas o que tem a ver com esse nome?

— O detetive responsável pelo seu caso aqui no Brasil descobriu que há mais de trinta anos o Japonês trabalhou para Lee Jae In antes de vir pra cá. Jae In era presidente de uma empresa de produtos químicos da Coreia. Esta empresa era corrupta e seus produtos fizeram muitos funcionários perder a vida. Famílias inteiras de testemunhas, detetives e policiais envolvidos com o caso desapareceram antes de conseguirem provar todos os delitos daquela empresa. Quando todos os seus crimes foram finalmente revelados e provados, Jae In tentou fugir e encurralado pulou de um prédio de mais de dez andares e morreu.

— Que horror! — exclamo.

— Jae In não tinha esposa. O problema é que o filho dele Jae Sang, que na época tinha vinte e um anos, simplesmente desapareceu junto com o Japonês.

— Entendi. Nós precisamos de mais informações sobre todos eles — afirmo.

— E é aí que entra um o mistério de tudo isso — diz Fred.

— Que mistério?

— Não há nenhuma foto nem dele e nem do filho dele em lugar nenhum. Nem a polícia de Seul tem mais informações do caso. Alguns foram presos, a empresa deixou de existir e fim.

— Tem que ter alguém que saiba de alguma coisa, não é possível. Isso tem que ter passado no noticiário da época — reclamo.

— Vou continuar tentando encontrar mais coisas.

— Está bem — digo. — Pode investigar Laura pra mim?

— Investigar Laura? Que brisa é essa agora?

— Só investigue tudo sobre ela desde o nascimento — afirmo e escrevo em um papel:

"Ela disse que é a Nabi. Disse que é perigoso e ninguém pode saber."

— O quê? Pode deixar comigo! Eu descubro tudo, mas por que você escreveu em vez de falar? — sussurra.

— Por que as paredes têm ouvidos. — Olho para o relógio. — Já são dezenove horas? Droga. Ester já saiu?

— Sim, ela foi dar aula. A boa notícia é que ouvi Ester pedir pra Sophia encerrar o contrato dela com a faculdade porque está muito sobrecarregada. A má notícia é que ela foi com aquela roupa que te deixou com ciúmes — afirma rindo.

— Ciúmes? Eu? Não sou assim — reclamo pegando a chave do carro.

— Não é? Você acabou de pegar a chave do carro às pressas. Está indo pra faculdade, não está?

— Sim, mas não é por causa disso. Quero convencê-la a ir comigo pra casa.

— Sei — debocha.

[***]

Eu me encosto à batente da porta e admiro enquanto ela conversa com os alunos. Ester fica tão linda ensinando. É uma ótima professora. É claro que eu não esperava menos.

Um dos alunos me incomoda bastante. Ele nem disfarça, repara Ester da cabeça aos pés e sua baba daria pra encher um balde. Eu não o julgo, mas tenho vontade de quebrar o pescoço dele.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora