52 - Yoona (Miguel)

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Três anos depois:

Vejo claramente Yoona no meu colo. As imagens de seu nascimento e de como eu me apaixonei por ela imediatamente assim que a vi pela primeira vez são nítidas, como se tivesse acabado de acontecer. Eu consigo ver meu semblante feliz e preocupado enquanto cuidava dela quando era apenas uma bebezinha. Era difícil preparar uma mamadeira e tentar fazê-la parar chorar ao mesmo tempo. As cenas de seus primeiros anos se repetem em meus sonhos toda noite. E eu amo muito isso. É como se eu conseguisse até sentir o seu cheirinho ao acordar.

Se há uma sensação inexplicável neste mundo é a de ser pai. Passei a amar até as coisas que odiava antes, como acordar cedo ou dormir muito tarde.

Eu me levanto e começo a preparar o café da manhã. Logo minhas princesas estarão de pé. Quero fazer uma surpresa.

— Pai — a vozinha de Yonna enchem meus ouvidos —, seca meu cabelo?

Olho na direção da voz e a vejo com os cabelos molhados e um secador na mão. Ela usa um vestidinho rosa claro de golas amarelas. Seu cabelo não é difícil de secar, está na altura do ombro e a franja é curta.

— Cadê sua mãe? — pergunto.

— A mamãe não é muito boa nisso. Ela sempre deixa o secador esquentar demais. — A garotinha coloca à mão na frente da boca para esconder a risada. Eu me agacho e seguro em seus cotovelos, escutando atentamente o que ela tem a dizer.

— Está bem, eu vou secar pra você e depois vamos trocar de roupa e ir pra creche, tudo bem?

— Oba! — ela comemora. — Gosto de ir pra creche do hospital. Sempre dá pra ver o tio Nan.

— Você gosta do tio Nan? — pergunto.

— Sim. Ele é divertido, igual o vô Min.

— Seu avô e a família da sua mãe estão viajando. Eles foram passear em outra cidade, por isso vamos te deixar na creche e trabalhar com o tio Fred e a tia Sophia. Depois vamos te buscar. Quero que você obedeça às tias do hospital até o papai chegar, combinado?

— Uhum — murmura Yoona. — A gente pode comer tortinha antes?

— Podemos sim.

Ela gosta muito de pastelzinho de Belém ou "tortinha de creme", como ela costuma chamar.

— Não está prometendo dar doces a ela de novo, está? — pergunta Ester nos surpreendendo.

— Bom dia, você está linda. — Eu me levanto e dou um beijinho breve em minha esposa. — Sua mãe não é a mulher mais bonita que você já viu, filha?

— É sim.

— E você é mais bonita ainda — diz Ester beijando as bochechas gordinhas de nossa menina.

— A Giovana disse que você é uma bruxa. Não é verdade, né? — a pergunta inocente quase me faz rir, mas seguro a onda pra não levar um tapa.

— Eu não sei quem é Giovana, mas não dê atenção aos comentários dela. A mamãe mandou muita gente ruim pra prisão e por isso recebeu o apelido de Bruxa. Outras pessoas ruins colocaram esse apelido em mim.

— O seu apelido deveria ser legal e não chato — a menina reclama.

— Nem todo mundo gosta de quem faz o certo — digo.

— Por quê? — A pergunta típica de toda criança.

— Porque gostam de fazer o que é errado e querem continuar fazendo, por isso a pessoa que faz o certo se torna um inimigo quando mostra que a atitude deles é uma escolha ruim.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora