20 PT 1- Sexto Round (Miguel)

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- Posso saber o que veio fazer aqui? - pergunto para Laura.

Meu sangue ainda está fervendo. Nunca pensei que ver Alan segurando o braço de Ester daquele jeito fosse me deixar tão irritado. O jeito que ela olhou pra ele fez meu coração gelar. Repito pra mim que ela não gosta mais dele e que estamos casados, mas meu subconsciente não está querendo entender isso. Laura responde, mas minha cabeça está lá fora. O que aqueles dois estão conversando?

- Você não ouviu uma palavra do que eu disse, ouviu? - pergunta Laura irritada.

- Eu não ouvi mesmo, desculpe. Pode repetir?

- Você precisa controlar sua esposa. Eu só vim aqui para nós dois terminarmos aquela conversa.

- Às cinco da manhã? Achei que já tínhamos terminado.

- Eu tenho que trabalhar daqui a pouco, eu não posso chegar atrasada, você sabe bem onde eu trabalho. Eu só tenho algo pra dizer, mas Ester é desequilibrada, ela estava tentando me matar.

- Em primeiro lugar, se ela quisesse te despedir já teria feito isso há muito tempo. Você provoca Ester em cada oportunidade. Ela pode ser sim, impulsiva e debochada, mas por que você sempre tem que dizer coisas que vão deixá-la irritada?

- Uau. Temos aqui um bom marido que vai sempre defender a esposa - debocha. - Não é cansativo ter que ficar o tempo todo amenizando o que ela faz?

- Em segundo lugar - continuo de onde parei -, você foi a primeira a ser agressiva, eu estava escutando a conversa há um tempo. Eu me sinto cansado sim! Estou cansado de você, estou cansado daquele idiota que não aceita perder e estou cansado de todos torcendo para que o nosso relacionamento não dê certo.

Não costumo ser grosso, mas não consigo controlar, meu tom sai tão áspero quanto o meu sentimento no momento.

- Nunca pensei que o nosso reencontro seria desse jeito. Aqueles anos não significaram nada pra você? Nossa amizade no orfanato ou mesmo a nossa amizade na adolescência não fizeram nenhuma diferença na sua vida? - pergunta sendo tão ríspida quanto eu. - Por que eu me lembro até hoje de como fiquei magoada e destruída por ser deixada pra trás, não uma, mas duas vezes.

Não posso negar que as palavras dela me fazem sentir culpa. Parece que, agora, isso é tudo que eu consigo sentir em relação à Nabi.

- Quando nos reencontramos anos atrás você devia ter sido sincera comigo, não me culpe se eu também me sinto traído agora. E a amizade que tínhamos quando jovens perdeu o brilho no momento em que você decidiu por si só que deveríamos ser mais do que amigos.

- Você também disse que me amava.

- Eu te disse que amei aquela garotinha do orfanato. Talvez você seja mesmo ela, mas eu nunca amei a Laura que era minha amiga na adolescência. Achei que tivesse sido claro com você quando sua mãe tentou nos transformar em um casal. Olhe para dentro de você e vai saber que também nunca me amou de verdade.

- Você duvida de mim e duvida do meu amor. Como você pode ser assim?

- Se você me amasse teria me contado quem era desde o começo. Se me amasse mesmo teria respeitado minha decisão e meus sentimentos. E se me amasse agora ficaria feliz em saber que estou feliz. O que você sente não é amor. É obsessão! Você e Alan são iguais, simplesmente não conseguem aceitar que algo que tinham como certo está fora de alcance.

Ela me encara. Esses olhos que exalam ódio não são os mesmos olhos tristes e vazios da garota que eu conheci no orfanato. Nabi mudou bastante. Toda essa transformação terá sido por minha causa? Sou culpado disto também?

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora