Dou dois passos em sua direção.
— Você é Min Nabi? — repito a pergunta.
Nunca pensei que os olhos de Ester pudessem ficar tão grandes, ela está surpresa ao me ouvir dizer o nome em voz alta.
Reparo seu tórax subindo e descendo, seus lábios estão trêmulos. Eu nunca a vi tão abalada. Ela puxa o ar com dificuldade e se força a perguntar:
— Como sabe esse nome? Quem é você? — A voz de Ester, ou seja, de Nabi, sai embargada, mas ainda assim, firme. Ela está com medo? Raiva? Não consigo identificar.
— Estive te procurando por todos esses anos. Fiquei com medo que tivesse morrido naquele incêndio. Eu devia ter reconhecido seus olhos desde a primeira vez em que te vi, eles ainda são os mesmos — tento explicar. — Finalmente entendi o porquê da senha 510. Cinco de Outubro foi o dia em que nós dois fomos deixados no orfanato. Também é a data em que nós nascemos.
— O que disse? — a pergunta sai tão baixa, quase como se fazê-la causasse dor. A primeira lágrima desce por seu rosto, ela não consegue impedir.
— Eu senti sua falta — ouso dizer. — Nunca fui capaz de te esquecer.
Minha voz sai com dificuldade e sinto meu coração quase parando. Imaginei meu reencontro com Nabi diversas vezes, mas isso é muito surreal e inacreditável. Um medo circula meu corpo como se corresse junto ao meu sangue. Eu não consigo prever qual será a reação da mulher a minha frente. Suas lágrimas me assustam.
— Todas essas fotos são a prova de que não houve um dia sequer em que eu não tenha procurado por você — afirmo.
— Os contos de fadas. O Pequeno Príncipe — ela afirma. Não para mim. Está falando consigo mesma.
Ester baixa a cabeça deixando o restante das lágrimas descerem e quase sem fôlego balbucia meu nome:
— Chang Do-yun — diz soltando o ar e ergue os olhos para encontrar os meus.
Esse foi o nome que ela me deu. Eu não lembrava o meu nome verdadeiro e ninguém sabia me dizer quem eu era. Nem mesmo o senhor Benjamim sabia exatamente como eu me chamava.
Tento me aproximar mais um passo, mas ela se afasta, virando-se e me dando as costas.
— Primeiro se acalme e vamos conversar sobre isso — peço. Ela continua andando.
— Nabi — chamo, fazendo-a parar.
— Não me chame assim — ela ordena.
— Está bem, mas pelo menos me dê uma chance de saber mais sobre você e sobre tudo o que aconteceu. Eu fiquei no escuro por todo esse tempo.
Ester continua de costas para mim.
— Você perdeu o direito de saber sobre mim ou sobre qualquer coisa relacionada ao meu passado no instante em que me deu as costas, sem pestanejar. Pelo menos agora você sabe o porquê eu odeio quando as pessoas dão as costas pra mim. É por sua causa.
Engulo em seco e me esforço para não derramar as lágrimas acumuladas em meu globo ocular. Saber que ela tem algumas feridas e cicatrizes que foram causadas por mim, dói mais do que qualquer outra coisa.
Você me procurou a vida toda? — pergunta dando uma risadinha sarcástica. — Eu esperei muito por esse dia, quando seria eu a dar as costas para você.
— Ester, eu nunca quis te abandonar.
— Mas abandonou. Você me trocou pelo luxo que poderia ter diante de uma adoção. O gênio da lâmpada atendeu todos os seus desejos? Veja só você. Cresceu em berço de ouro, teve tudo do bom e do melhor. — Ela suspira. — Prometemos que ficaríamos juntos, não importasse o que acontecesse. Você foi o primeiro a quebrar a promessa.
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A Garota da Máscara (COMPLETO)
RomanceCOMPLETO Sinopse: Uma garota com feridas profundas desistiu de amar e perdeu a empolgação pela paixão. Um rapaz romântico que tem sua vida embaralhada pelo imprevisto se vê obrigado a se casar de repente, mesmo que a pessoa não seja quem ele está p...