16 - parte I - Antes da meia noite (Miguel)

154 15 23
                                    

Eu realmente fiquei em choque quando acordei e não havia ninguém ao meu lado. Foi um misto de tristeza e preocupação. "Por que eu estou em um hospital?" "Onde ela está?" "Ela está ferida?" Aos poucos as imagens do que aconteceu foram ficando mais claras em minha mente, mas tudo o que eu conseguia enxergar era o rosto aflito de Ester. Tão forte e bela. Tão sábia e esperta. Mas ao mesmo tempo tão frágil.

Encaro o teto, por que ela me disse essas coisas? Por que ela teve que sair desse jeito me deixando sozinho novamente?

Eu quero entender o que está acontecendo, mas quanto mais eu penso, mais eu encho meu coração de esperança. Esperança de que tudo o que ela disse significa que ela tem sentimentos por mim.

O som do celular tocando me desperta dos meus pensamentos confusos.

— Alô — atendo.

— Tem ideia do susto que você me deu? Cinco dias em coma? Eu quase morri de preocupação e tive que me desdobrar para esconder isso dos acionistas. Estava a ponto de viajar até aí quando recebi a mensagem de Ester avisando que você acordou — diz Fred sem pausa.

— Quem está falando? — pergunto. Ótima oportunidade pra pregar uma peça nele.

— Como assim? Sou eu, o Fred, seu único amigo e quase escravo. Quero um aumento.

— Fred? Quem é Fred? Peço desculpas, mas eu acabei de acordar do coma e perdi parte da memória.

— Quê?

Ele fica um tempo em silêncio. Não resisto e dou gargalhada.

— Eu estou bem Fred, obrigado por segurar as pontas. Eu volto logo — afirmo. — Você não está chorando, está?

— É claro que eu estou chorando. Você quase morreu e ainda faz uma piada de mau gosto, eu te odeio — reclama.

Seguro a vontade de rir.

— Ester me contou tudo em detalhes. Ela estava bem preocupada e aflita — diz.

— Ela me contou tudo também, mas agora a pouco desabafou o que guardou esses cinco dias. E eu sou tão patético que não paro de pensar em tudo o que ela disse. Parecia tão cheio de sentimentos, como se ela gostasse de mim, entende? Ester usou um tom diferente do que estou acostumado. Não era como se ela tivesse pensado em cada palavra. Foi como se ela estivesse brigando comigo, se eu não estivesse ficando doido, poderia afirmar que ela quase chorou.

— Acho que perdi um pedaço da história, quando foi que você ficou assim, tão fascinado? Aconteceu algo que eu não sei? Da última vez que nos falamos você estava caidinho por ela, achei que ia tentar conquistá-la, mas estou meio confuso aqui, explique melhor.

Realmente, ele não sabe do vestidinho preto, que deixou suas lindas pernas à mostra, nem do elevador, nem da latinha de refrigerante... Ah, aqueles olhos negros como noite estrelada, aquela pele quase que de porcelana, o cheiro dela, sua pele macia e aquela boca perfeitamente desenhada. Eu me perco em pensamentos por alguns segundos e nas imagens que me vêm à mente. Oh meu Deus! Eu não sei como sair dessa. Estou completamente perdido. Encrencado, eu diria.

Explico tudo o que aconteceu com detalhes para que ele possa, pelo menos, ter uma ideia do meu sofrimento.

— Resumindo, Ester se tornou meu ponto fraco, ela é minha kryptonita e pra falar a verdade eu estou subindo pelas paredes — concluo.

— Decide, você é o Super Homem ou o Homem aranha? — zomba.

— Não sei nem como te explicar como ela estava diferente na praia àquele dia, ela ria, brincava, contava coisas e falava o tempo todo. Aquilo não era atuação, era a pessoa que está por detrás de todas as feridas. Eu sei disso.

A Garota da Máscara (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora