Debeers

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Capítulo 2

Andréa.

Após acordar brigando com Nate por sua saída com os amigos noite passada, e, retorno bêbado como um gambá decidi sair cedo para caminhar. Respirei o ar fresco da manhã misturado ao cheiro de asfalto molhado pela garoa da noite passada, odeio sair sem ter um propósito mas a cada dia parece mais difícil conversar, ou, simplesmente conviver com meu namorado, respiro pesadamente segurando firme meu livro, ergo meu olhar para o letreiro Starbucks a minha frente, por sorte não há filas (ainda) e poucas mesas estão ocupadas, algo que me permiti escolher com calma meu pedido, um capuccino e cheesecake de metilo, meus preferidos, a manhã estava linda então decidi ler e consumir o que comprei em uma mesa externa.

Me envolvi tanto na história que lia que nem percebi que estava em minha terceira xícara, sou um pouco agitada e café em excesso intensifica isso, suspirei frustrada comigo, dei um gole saboreando finalmente o líquido, olhei em volta, quanto tempo fiquei entretida?

O lugar já tinha mais pessoas do me recordava e então uma sensação familiar me tocou, aquela que temos quando somos observados, não pude acreditar quando meus olhos encontraram Miranda Priestly, o rosto voltado em minha direção, mas tinha nos olhos óculos escuros que me impedia de ter certeza se nossos olhos se encontravam de fato, fiquei ali incapaz de desviar o olhar de uma mulher tão elegante e imponente quanto ela, cabelos brancos como a neve, pele igualmente branca, óculos de lentes marrom e formato redondo, uma bolsa Chanel preta pendurada em seu antebraço, um vestido igualmente negro moldando seu corpo bem desenhado, bom o pouco que me era permitido perceber já que seu casaco de pelos vermelho com preto era quase bufante, uma peça realmente pode dar um ar totalmente diferente a um look.

O semblante frio e indiferente, sem perceber comecei a tilintar meu anel contra a xícara de forma impaciente "Interessante senhora Priestly..." Pensei controlando um sorriso que queria fugir pelos meus lábios, tudo acontecia de uma forma estranhamente envolvente, mas tudo se encerrou quando alguém lhe tocou o braço, tomando assim sua atenção e me fazendo agradecer por acordar do transe que fui colocada, que merda eu estava fazendo agora pouco? Trocando olhares com uma mulher? Ri da possibilidade ridícula, não tem a possibilidade de me interessar pelo mesmo sexo! A simples sombra da ideia me parecia extremamente ridícula, Miranda é uma mulher admirada por todos, obviamente chamaria minha atenção assim como chama de várias outras mulheres, não significa que todas querem algo além de admirar sua elegância, meu celular toca me puxando dos pensamentos acelerados, o pego da mesa aonde o contato "Papai" brilhava na tela, rapidamente virei meu pulso olhando o relógio.

- Merda!

Esbravejei ao perceber que acabaria me atrasando, detesto me atrasar!

– Oi, papai? Sim, já estou chegando...

Mentira, nem perto.

– Hum... Talvez chegue 5 minutos atrasada...- Disse já sentindo a irritação.

- Está tudo bem querida? Você se atrasando é estranho.

Meu pai falou de uma forma preocupada.

Será que choverá de novo? – Perguntou em tom de brincadeira.

- Muito engraçadinho senhor Richard, vou desligar estou chegando! Te amo papai.

- Te amo princesa.

Sorrio pelo apelido carinhoso desligando em seguida e já caminhando apresada, consegui felizmente pegar o semáforo aberto para os pedestres, chego ao outro lado seguindo em direção do escritório, a sensação estranha de estar sendo observada voltou, sem parar de caminhar olho rapidamente ao redor mas não vejo ninguém, dou de ombros e sigo meu caminho.

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- Bom dia papai.

Sorrio de leve deixando o livro na cadeira ao meu lado, sento na vazia de frente para ele, tirando a atenção de alguns papéis e sou observada atentamente enquanto tirava os óculos de grau, papai só faz isso quanto está em conflito sobre me questionar algo, percebendo isso mudo minha postura de filha para profissional.

– Em que posso ser útil para você?

Digo séria cruzando minha perna e ajeitando minha postura, um suspiro escapa do meu pai enquanto se levantava indo até o sofá de couro negro, dá dois tapinhas no espaço vazio do seu lado e olha aguardando.

- O assunto deve ser sério, me chamando para sentar aqui?

Digo com uma das sobrancelhas erguidas já de frente para o sofá largo, um sorriso brota nos lábios dele, não aquele de carinho, mas o de que indicava que realmente iria falar algo muito importante.

- Querida... Você sabe, seu velho pai já não tem mais a mesma disposição e saúde que já teve um dia... – O olhei atentamente. – E sabe também que sempre tive a intenção de manter a liderança de nosso império na família, sua irmã apesar de ser a mais velha claramente nunca teve qualquer intenção em assumir essa responsabilidade, por isso...

Já estava entendo aonde aquilo iria me levar.

– Quero que comece a trabalhar aqui, comigo, vou colocar uma mesa para você ao lado da minha, assim consigo lhe passar informações e ensinar a entender o cargo de presidente, quero que você assuma tudo daqui a 2 meses filha, eu sei que não vais me decepcionar!

O semblante estava sereno enquanto segurava a minha mão que pousava sobre o joelho.

- Entendi papai, fico feliz em finalmente cumprir o meu propósito.

Digo de forma mecânica quase sem emoção, a verdade é que um dia tive sonhos aonde era mais como minha irmã mais velha, firme e convicta de que simplesmente viver a vida era o suficiente e pouco importava os outros e suas expectativas sobre mim, porém não consigo ser assim, sempre fiz e faço aquilo que agrada os outros em primeiro lugar, algo que me deixa frustrada, queria ter a coragem de ser e fazer mais, porém esses privilégios deixo para minha irmã mais velha, para mim resta as responsabilidades abandonadas pela outra.

Algum tempo depois...

Após uma extensa reunião com meu pai e os acionistas, que estava relutante sobre ter uma mulher na presidência, finalmente cheguei em casa, me sentia cansada e mais irritada do que quando sai hoje cedo, a frase “ Porque ela não se casa logo com o namorado e deixamos ele assumir Richard?” de um dos velhos caquéticos, que ignorou a todo momento minha presença me irritou profundamente.

- Velhos retrógrados! Vou dar um jeito de trocar todos eles quando assumir.

Resmungo enquanto entro no banho, o calor da água atingiu os pontos tensos em meus ombros e um gemido de satisfação escapa, me apoio com as duas mãos na parede de frente deixando a água escorrer em meu pescoço, com a cabeça baixa, olhos fechados e boca entre aberta a imagem de Miranda surgi em minha mente, as curvas, o belo rosto, cabelo alinhado, roupas sofisticadas e ar elegante, suspiro com o pensamento mordendo o lábio inferior, abro os olhos logo em seguida assustada, as vezes essas sensações estranhas e pensamentos esquisitos sobre outras mulheres surgiam em minha mente, como uma provocação de algo que não aceitaria jamais, algo que se esgueira pelas minhas entranhas, como um parasita trazendo vontades que não são minhas, que não poderiam ser...

Tento ignorar tudo voltando a tomar meu banho de forma rápida, só quero deitar a cabeça no travesseiro e ignorar tudo em volta com uma bela noite de sono, ainda bem que Nate ainda não tinha chego porque não iria suportar lidar com essa sensação e com meu namorado.

Faces de um Anjo (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora