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Capítulo 24

Violet

– Vá lá, Violet. Que diferença te faz vir comigo para casa depois das aulas? Podíamos ir dar uma volta.

Engoli em seco e respirei fundo enquanto caminhava com o Michael pelo corredor da escola. Era sexta feira e ele estava a tentar convencer-me a ir para casa dele. No entanto, eu não queria ir. Estava de pé atrás com ele porque ele estava a ter atitudes muito estranhas ultimamente. Eu diria mesmo que ele andava a ser abusivo e eu já não me sentia muito bem perto dele.

– Hoje não me dá jeito, já te disse. – Murmurei e ele bufou.

– Nunca te dá jeito agora. – Olhou-me sério. – Até parece que mais alguém te quer como amiga.

– Eu não acredito que disseste isso. – Franzi o sobrolho, chateada. Aquelas palavras foram duras e magoaram-me.

Não o deixei responder, apenas continuei a caminhar para a minha sala, deixando-o para trás. Perto da porta encontrei o Tate.

– Dia mau? – Ele perguntou com um sorriso. Bufei, concordando com a cabeça. – E se faltassemos à aula? É a última do dia. – Ri da sua proposta. –O que é? Não estou a brincar. – Ele encolheu os ombros e colocou as mãos nos bolsos das calças. – Também estou a ter um dia péssimo.

– Eu faltaria se o meu pai não descobrisse depois. – Respondi irónica. Eu também não queria ir à última aula, mas o meu pai ia saber e exigir saber com quem eu estava. Já tinha discutido com ele no outro dia quando ele me viu com o Tate no pátio.

O Tate apenas sorriu e estendeu-me a mão. Eu aceitei-a, ignorando a eletricidade que percorreu a minha pele.

– O teu pai nunca vai saber.

(...)

– Como é que tu conseguiste fazer aquilo? – Perguntei a rir enquanto caminhavamos na calçada.

– Anos de treino. – Ele piscou o olho e eu ri mais.

O Tate tinha conseguido convencer a enfermeira da escola de que eu estava doente. O teatro foi tão convincente que ela acabou por assinar uma justificação para que eu faltasse à última da aula. Assim, não teria falta e o meu não saberia.

– Queres jogar às cartas? Podíamos ir para linha cara. – Ele sugeriu e eu mordi o lábio, nervosa. Era estranho dar-me bem com o Tate depois de tudo o que tinha acontecido. Mas era estranhamente bom. – Oh, eu entendo se não quiseres ir.

– Vamos. – Sorri.

(...)

A casa do Tate era estranhamente grande e sombria. Apesar de ter bastante espaço, o ambiente era escuro e triste. Passava uma vibe muito depressiva, mas estar ali com ele era estranhamente bom. Ele sem dúvida salvava a alma da casa.

Quando entramos uma senhora loira veio na nossa direção com um cigarro aceso entre os lábios. Senti repulsa dela por saber o que ela fazia ao próprio filho, mas controlei-me.

– O que é que combinamos sobre trazeres mais putas cá para casa? – Ela dirigiu-se assim ao Tate e eu fervi de raiva.

– Ei, controla a língua quando falares da Violet. – Ele levantou a voz e eu segurei no seu braço para o tentar acalmar. Já estava arrependida por ter aceite o convite dele.

– Violet... – O olhar dela percorreu o meu corpo e eu senti-me extremamente desconfortável. – Esta não foi a moça que quase mataste? – Ela riu, tragando o cigarro. – Devias ter mais cuidado com as companhias que escolhes, querida. Já te vi muito melhor acompanhada.

Franzi o sobrolho. Estava irritada e não queria que o Tate tivesse que discutir com a mãe por minha causa. Não queria que ela lhe batesse nem nada do género.

– Eu vou embora. – Murmurei para o Tate.

– Não, não vais. – Ele segurou no meu pulso. – Vai para o inferno. – Ele murmurou para a mãe e puxou-me pelas escadas acima.

(...)

– Ela é sempre assim? – Perguntei.

Estávamos sentados no tapete do quarto do Tate a jogar às cartas. O Tate estava a tentar evitar o assunto da mãe, mas eu estava curiosa.

– Costuma ser bem pior. Mas eu já nem lhe ligo. – Ele encolheu os braços, atirando uma carta para o tapete. – Sabes... No outro dia quando estavas no Pátio comigo... – Ele suspirou. – Esquece.

– Não, diz.

– O teu pai foi muito mau contigo?

– Não, está tudo bem. Isto vai acabar por lhe passar, ele está só chateado com o que aconteceu. – Respondi. – Mas diz o que ias dizer. Eu sei que não era isso que me querias contar.

Ele riu.

– Apanhaste-me. – Pousou o baralho de cartas ao seu lado e olhou-me. – Quando te foste embora a mãe do Michael quase me atropelou sem querer. Depois esteve a falar comigo e foi super simpática. Eu fiquei só... Confuso, acho. É muito estranho que ela seja tão querida comigo. Eu sou literalmente o fruto da traição do marido. Não consigo entender.

– A Nora é uma pessoa espetacular. E tu não pediste para nascer. Ninguém pediu, aliás. És a única pessoa no meio disto tudo sem culpa. Porque é que ela haveria de te odiar?

Ele sorriu triste e encolheu os ombros.

– Tate... – Quebrei o silêncio. Havia uma coisa que eu tinha que lhe perguntar. – Quando me contaste aquilo do Michael... Sobre ele ter mentido sobre o soco no hospital e tudo mais. Era mesmo verdade?

– Claro que era, Violet. O Michael não é quem pensas que é. Tem cuidado com ele.

Suspirei.

– Ele é o meu melhor amigo, e eu sinto-me mal por dizer isto... Mas acho que tens razão. – Admiti.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora