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Capítulo 34

[3 anos depois]

Tate

– A Violet está grávida. É um menino, e tu nunca o vais conhecer. – Observei com desprezo a mulher à minha frente.

Fazia 5 anos desde a morte do Michael e desde o dia em que a Constance ficou presa aquela cama. Ao contrário do Michael, ela teve um castigo horrível e não morreu com a queda: ficou completamente imobilizada e sem conseguir falar. Desde esse dia que ela estava enfiada numa casa de repouso, onde passava os dias numa cama a olhar para o teto. Às vezes eu ia visitá-la, mas tirando isso mais ninguém ia. Eu só conseguia sentir pena e desprezo por ela.

– Claro que ele não é teu neto de sangue. – Ri. – Mas de certa forma é teu neto, embora não me sejas nada. Fico feliz com o facto dele nunca te vir a conhecer. – Ela continuava imóvel, como era de esperar, e fitava-me de lado. Pude ver uma lágrima escorrer dos seus olhos. – Vais continuar aí abandonada e sozinha. Eu só espero que sofras como eu sofri até ao fim dos teus dias. Presa a essa cama e dependente da pena das enfermeiras.

Levantei-me da cadeira, indo para a porta.

– Ah, quase me esquecia. – Voltei-me para ela. – Esta é a última vez que venho cá. Por isso, a partir de agora estás condenada à solidão mesmo.

Dirigi-me para o carro, onde estava a Violet à minha espera. Ela recusava-se a ver a Constance, e eu entendia perfeitamente o seu lado. Eu próprio nunca mais lá ia. Nem queria que o meu filho lá fosse.

– Está tudo bem? – Ela interrogou quando eu entrei no carro.

– Sim. – Sorri e beijei-a, passando depois a mão na sua barriga já bem notável por baixo do vestido. – Está quase na hora. Vamos?

(...)

– Eu ainda não acredito nisto. – A Violet murmurou ao meu lado.

Tínhamos vindo ao funeral da Madison. Ela faleceu com uma overdose. Era por situações como aquela que eu me sentia grato por ter conseguido deixas as drogas na escola.

– Eu também...

– Ela sempre foi cruel comigo na escola, e teve as suas falhas... Mas... No fundo ela era boa pessoa e acho que de certa forma ela tomou consciência do que fazia depois... – A Violet murmurou.

– Tenho pena que isto tenha acabado assim.

Ela deu-me a mão e apoiou a cabeça no meu braço. Beijei-lhe a testa e começamos a caminhar para uma outra campa - a do Michael. Todos os anos, no aniversário da sua morte, íamos lá deixar uma flor.

– Eu nunca quis que isto acontecesse. – Murmurei, pousando a rosa Branca sob o mármore branco da campa.

– Eu sei. Ele sabe também. – A Violet pousou a mão no meu ombro. – Ele era o meu melhor amigo, apesar de tudo.

– Eu sei. E no fundo eu acabei por o reconhecer como meu irmão depois... Foi estranho. Eu... Não queria que ele tivesse morrido.

Uma lágrima escorreu pela minha face. No entanto, como vi a Violet chorar ao meu lado, limpei-a rapidamente. Não a queria ver mal.

– Vamos? – Sorri-lhe na tentativa de a animar. Ela sorriu triste, limpando as lágrimas que corriam.

– Sabes o que estive a pensar? – Disse, já no carro, na tentativa de a distrair da tristeza. E de me distrair a mim próprio também. – Faltam menos de 4 meses para o nosso pequenino estar cá fora e ainda nem vimos os berços.

– Vamos lá agora! – Ela sugeriu alegre. Eu ri com o seu entusiasmo!

– Vamos. Pelo caminho ainda lhe compro uns equipamentos de futebol e tudo.

– Ah, não Tate.

– Vá lá, há uns tão fofinhos! Vou comprar-lhe um do Manchester United.

Ela soltou uma gargalhada e de seguida acariciou a barriga.

– Au! – Queixou-se e eu olhei-a preocupado. Será que ele ia nascer? Impossível. Faltava muito tempo ainda. – Pontapé. – Ela explicou.

– Vês? Ele gosta.

Ela rolou os olhos e eu ri, divertido.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora