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Capítulo 30

Violet

Tinham passado alguma dias desde a confusão no baile de primavera. Desde então o Tate subia sem ninguém ver ao meu quarto todas as noites para dormir. Eu achava que a minha mãe desconfiava, mas o meu pai, felizmente, não sonhava sequer que eu lhe dava abrigo. No meu quarto ainda por cima.

– O que vais fazer agora? – Perguntei e o Tate levantou a cabeça da almofada, fitando-me confuso. – Quero dizer, agora que saíram os resultados do teste de ADN e sabes que a história que a Constance contou é verdade.

Ele encolheu os ombros, voltando a deitar-se.

– Eu não sei. Nem devia ter feito a porcaria do teste.

– Devias sim. Fizeste bem em fazer, pelo menos tiraste as dúvidas.

– Sim, mas isso não vai mudar nada.

– Não tens curiosidade em conhecer a Nora? Ela é uma pessoa excelente.

O telemóvel dele vibrou em cima dos lençóis e ele bufou, pegando nele e mostrando-me o nome dela aceso no ecrã.

– Ela tem-me ligado todos os dias, mas eu não me sinto pronto. Pelo menos para já não.

– Eu entendo. – Beijei a sua testa e ele sorriu.

– Violet? – A minha mãe bateu à porta e eu abri os olhos em pânico. Olhei para o Tate, que parecia também em pânico. Apontei para o guarda roupa e ele rapidamente correu para lá, escondendo-se.

– Sim, mãe. Entra.

A minha mãe entrou com um cesto de roupa passada a ferro e eu cumprimentei-a com um sorriso.

– Está tudo bem? – Ela perguntou com a testa franzida e um sorriso nos lábios.

– Claro que está tudo bem. – Tossi para clarear a voz.

– Vá lá, Tate. Podes sair do guarda roupa. – A minha mãe disse, deixando-me de boca aberta.

– Mãe, como é que?

– Ele deixa a mochila dele em cima da tua secretária todos os dias. Já para não falar das meias.

O Tate saiu em pânico do armário e eu continuava de boca aberta. Nunca me tinha lembrado desses pormenores. Que burra.

– Senhora Harmon, eu-

– Mãe... Desculpa.

– Ah, está tudo bem. – Ela riu. – Ainda estou de olho em ti, Tate. Mas se ela está feliz por mim tudo bem. Certifiquem-se apenas de pensar nos pormenores. Se tivesse sido o Ben a descobrir isto estavas em apuros.

– Sim, senhora.

– E Violet, para a próxima diz-me logo.

– Sim, mãe. Desculpa. Eu achei que ias ficar chateada se soubesses...

– Enfim. – Ela suspirou, pousando o cesto da roupa em cima da cadeira da secretária. – Se quiseres podes descer enquanto o Ben não está em casa. Mas não abuses. Ainda não te perdoei completamente. E tu, minha menina, ainda vamos conversar melhor sobre isto.

– Sim, mãe. – Murmurei, e ela riu, saindo do quarto.

– Já viste? Parecemos o Romeu e a Julieta da atualidade. O teu pai odeia-me. – Ele riu e deitou-se novamente de barriga para cima e com os braços cruzados atrás da cabeça. Eu ri também, copiando os seus movimentos e apoiando a cabeça no seu peito.

– É meio romântico. – Brinquei e ele riu, beijando levemente os meus lábios.

Fomos interrompidos desta vez pelo meu telemóvel, que vibrava incessantemente na secretária.

– Deixa-o tocar... – O Tate queixou-se, segurando a minha cintura numa tentativa de me impedir de sair da cama.

– Eu tenho que ir, Romeu. – Ele deitou a língua de fora e eu rolei os olhos, pegando no telemóvel.

Fiquei nervosa ao ver o nome do Michael. Não tinha falado muito com ele desde o sucedido. Sentia-me mal por isso, mas ele mal me respondia às mensagens e eu optei por lhe dar tempo.

– É o Michael. – Disse, mordendo o lábio.

O Tate ergueu-se da cama, encaminhando-se para a porta.

– Claro, eu vou dar-te privacidade.

– Não! Fica. Por favor.

Ele cedeu e eu atendi o telemóvel.

– Hey Mike.

– Violet? – Ele parecia abatido e tinha voz de quem tinha acabado de chorar. Fiquei imediatamente preocupada.

– Michael, que se passa?

Coloquei rapidamente o telemóvel em alta voz para que o Tate também ouvisse a conversa.

– Violet, vem ter comigo. Por favor. Eu não aguento mais.

– Claro, Mike. Calma. Onde estás?

– Eu estou na falésia na praia.

– Eu vou já para aí.

– Violet, eu vou atirar-me.

O Tate levantou-se imediatamente, e eu copiei os seus movimentos. Peguei nas minhas coisas e disquei rapidamente o número da Nora.

– Tenho que avisar a Nora. – Murmurei e o Tate assentiu, correndo comigo rua fora até casa do Michael, que felizmente não ficava longe dali.

– Tate! – A Nora cumprimentou surpreendida quando nos viu surgir no seu jardim.

– Nora. Olá. – Cumprimento e ela sorriu. – Tem que vir connosco, rápido.

– Mas... O que se passa?

– É o Michael. Ele está na falésia e diz que se vai suicidar. Vamos. – O Tate explicou rapidamente. A Nora começou a chorar imediatamente e pegou nas chaves do carro, correndo para ele. Nós fizemos o mesmo.

A viagem foi rápida. Nunca cheguei tão rápido à praia como naquele dia. A Nora estava em pânico, tal como eu. O Tate estava também visivelmente nervoso e tenso. Ele não queria que acontecesse nada ao Michael, eu tinha visto no seu olhar o medo quando ele ouviu a nossa chamada.

– Mike! – Gritei ao ver o rapaz na beira da falésia.

Ele aproximou-se da beira, olhando para mim com um sorriso no rosto e lágrimas a escorrer pela cara. O meu coração gelou naquele momento.

Constance

Nunca mais falei com o Tate. Nada mau. Também não precisava dele. Mas esperava poder falar com o Michael, e o facto dele me evitar deixou-me triste.

Estava mais uma vez a passar por casa dele para o ver ao longe, como fazia há anos, quando vi a Nora a correr para o carro com o Tate e com a Violet. Imediatamente percebi que havia ali algo de errado e corri para o carro com o intuito de os seguir. Talvez eles me levassem ao meu menino.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora