-8-

1K 72 32
                                    

Capítulo 8

Violet

Pensei muito no que o Michael me tinha dito e acabei por decidir que preferia ser eu a falar com o Tate. Talvez o conseguisse convencer a acabar com aquilo e tudo acabasse bem.

No dia seguinte saí mais cedo de casa com a desculpa de que tinha um trabalho de grupo para acabar antes da primeira aula e logo que cheguei à escola dirigi-me ao cacifo do Tate.

Forcei a fechadura com um grampo de cabelo e, após diversas tentativas, consegui finalmente abrir. Estava quase vazio, o que ia facilitar a minha busca.

Olhei mais uma vez à minha volta para ter a certeza de que não estava a ser vista e retirei o único estojo que lá tinha. Abri-o e vasculhei no meio das canetas até encontrar um saquinho com um pó branco.

Senti uma sensação estranha. Não sabia bem explicar o que sentia sequer. Ver aquilo ali à minha frente deixou-me estupefacta. Não queria acreditar que o Tate usava aquela porcaria.

Sem pensar muito, peguei no saco e meti-o ao bolso, arrumando as coisas e fechando o cacifo. De seguida, dirigi-me para a sala de aula como se nada fosse.

[...]

O Michael estava atrasado, e por isso fui almoçado sozinha. Não lhe tinha contado que tinha ido ao cacifo do Tate, e estava a tentar não tocar nesse assunto. Não queria mesmo falar sobre isso.

Suspirei, acabando de comer a minha sopa. Estava tão distraída que comi tudo sem esperar pelo Michael. Só esperava que ele não ficasse magoado por isso.

Quase saltei de susto na cadeira quando senti uma palmada nas costas. Virei-me assustada, vendo o Tate atrás de mim. A cantina toda ficou em silêncio, tal como eu.

– Então, idiota? Já comeste a papinha toda sem esperar pelo namoradinho? – Fechei o punho com raiva. Eu não entendia mesmo o que ele queria. A sério. – Não falas? Se calhar precisas de mais nutrientes!

Arregalei os olhos em pânico quando ele me envolveu nos seus braços e me puxou com ele, arrastando-me até um tabuleiro com restos de comida de alguns alunos numa mesa.

– Larga-me, Tate. Por favor. – Não controlei mais os meus nervos e chorei. Chorei de raiva, de medo e de repulsa.

Tentei sair do seu aperto e correr dali para fora, mas ele impediu-me, forçando-me a sentar em frente ao tabuleiro nojento.

– Shhhh... Come. – Berrou, forçando a minha cabeça para baixo.

Tentei resistir, mas ele tinha mais força que eu e eu acabei com a cara colada à comida nojenta.

– Tate... – Implorei, mas a minha voz foi abafada contra a comida.

– Come! – Berrou novamente e eu vi-me obrigada a mastigar algumas folhas de alface que estavam na beira do prato.

– Hey!

De súbito ele largou-me e eu olhei para trás, vendo o Michael em cima dele no chão. Eu continuei a chorar de pavor, e passei a mão pelo rosto, tirando o excesso de comida da cara.

– Michael... – Murmurei. – Deixa estar. Anda. – o Michael continuou a agarrar a gola da camisola do Tate, que gargalhava da cara dele. Que raiva. – Por favor.

Ao ver o meu estado, ele acabou por ceder e correu para a minha beira. De seguida levou-me para um canto isolado do recreio. Eu sentia o meu estômago às voltas e a meio do caminho vomitei para dentro de um contentor do lixo.

– Obrigada. – Agradeci enquanto o Michael me ajudava a tirar o excesso de arroz do cabelo. – E desculpa por teres que ver aquilo ali atrás. – Farei, referindo-me ao facto de eu ter vomitado à frente dele.

– Eu devia de lhe ter dado um murro. Devia mesmo. – Murmurou. – Tens dores? – Ele passou levemente os dedos no meu pescoço, onde o Tate tinha feito força para me obrigar a comer. Nem queria pensar naquilo outra vez.

– Não, está tudo bem. – Menti.

– Se não queres que lhe bata tudo bem. Mas amanhã vou falar com o diretor por causa das drogas. Ele vai pagar por tudo o que te fez.

Suspirei, brincando com os meus dedos. O Tate merecia mesmo que ele fizesse aquilo, mas eu era uma idiota e por isso continuei com a ideia de ser eu própria a falar com ele para evitar que ele arranjasse problemas.

– Michael, eu não quero que faças isso. – Ele olhou-me com a testa franzida. – A sério. Deixa estar. Confia em mim.

Ele ficou calado, parecendo refletir durante alguns segundos. De seguida suspirou e olhou para mim.

– Tudo bem, miúda. – Sorriu. – Não te preocupes. Para já não vou fazer isso. Mas se ele continuar eu vou acabar por o fazer.

– Obrigada. – Agradeci.

Ele abriu os braços, e eu aceitei o seu abraço. Sentia-me humilhada e só queria poder desaparecer dali e não voltar nunca mais.

Queria falar com o Tate, mas acabei por não o fazer naquele dia. Não tinha coragem de o enfrentar depois da cena na cantina, e o Michael não me deixou mais sozinha.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora