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Capítulo 4

Violet

Passei a noite em claro. Não acreditava que tinha falado com o Tate sem que ele gozasse comigo ou me batesse. Ele parecia até um pouco preocupado. Sei lá. Tinha ficado com essa sensação.

No dia seguinte a minha mãe levou-me à escola porque o meu joelho estava dorido ainda.

— Violet, não te esqueças de esperar pelo teu pai, querida. Ele vem buscar-te logo, mas vai atrasar-se um pouco. Portanto vais ter que esperar, ok?

— Tudo bem. Até logo. — Despedi-me dela e entrei na escola

A manhã foi tranquila. Tive que aguentar a Madison a atirar-me papéis durante as aulas, mas para mim isso já era algo normal. O Tate também permaneceu no canto dele a manhã toda, não me dirigiu sequer a palavra. Talvez tivesse desistido de se meter comigo.

— Hey, miúda! — Sorri para o Michael, que veio ter comigo ao corredor. Estava na hora de saída já.

— Hey. — Cumprimentei.

— Já vais para casa? — Parou para ajeitar a mochila nos seus ombros, e eu parei também, permanecendo ao seu lado.

— Nem por isso. O meu pai vem buscar-me mais tarde hoje, portanto vou ficar à espera.

— É pena. Eu tenho treino de futebol, senão ficava contigo. — Sorriu abertamente e colocou o braço sobre os meus ombros, fazendo-me corar.

— Sem problema. Vejo-te na segunda!

Ele despediu-se rapidamente de mim e correu para a saída. Eu suspirei e após refletir alguns minutos optei por ir até à biblioteca. Tinha quase quarenta e cinco minutos até o meu pai chegar.

Caminhei pelo corredor já praticamente vazio e subi para o primeiro andar, onde ficava a biblioteca. No entanto, ao passar pela sala de música, fiquei estática a admirar a melodia que de lá saía.

Estava alguém a tocar piano. Talvez um professor. A melodia era incrível, e por isso acabei por me aproximar da porta. O meu coração quis sair-me do peito quando vi o Tate tocar. Ele estava sozinho na sala, e estava bastante concentrado em fazer surgir aquela bela melodia. Tão bela que eu fiquei a ouvir.

Não podia negar que ele era bonito. Vê-lo assim concentrado fez-me ver o quão belo ele era. Se não fosse tão mau comigo diria até que me tinha apaixonado.

A música cessou de repente e eu voltei à terra, percebendo que tinha sido descoberta. Agora o Tate fitava-me com a testa levemente franzida.

— Desculpa. — Pedi, virando-me rapidamente e preparando-me para sair dali a correr.

— Não, espera! — Olhei espantada para ele. Continuava sentado no banco do piano, olhando para mim. — Podes ficar. Se quiseres. — Encolheu os ombros.

Acabei por me aproximar dele, permanecendo em pé e a uma distância segura. Ele parecia bem humurado, mas mesmo assim o melhor era garantir a minha segurança. Não confiava nele.

— O que estás aqui a fazer a esta hora? — Perguntei, mordendo o interior da bochecha. Esperava que ele me desse uma boa resposta e que não se irritasse.

Ele suspirou, encolhendo novamente os ombros e olhando atentamente para as pautas à sua frente.

— Nada de especial. Fiquei por aqui para tocar um pouco só. — Olhou para mim. — E tu?

— Estou a fazer horas até o meu pai chegar. A tua namorada deixou-me uma boa lembrança. — Bati-me mentalmente por o estar a provocar, mas não pensei quando falei assim.

— Ela não é minha namorada, já te disse. — Voltou a focar-se nas pautas. — Porque é que vistes aqui?

— Eu estava a gostar da música. Queria saber quem era o autor. — Ele sorriu levemente. — Não sabia que tocavas.

Senti o meu corpo trémulo quando me apercebi de que estava a falar com o Tate. Parecia irreal.

— És das poucas pessoas que sabe agora. E agradecia que continuasse assim. — Assenti com a cabeça e ele fez sinal para que me aproximasse. — Vem cá. — Eu continuei em pé, longe dele, e ele rolou os olhos, batendo com a mão no sítio vago ao seu lado no banco. — Vá lá, eu já te disse que não te vou fazer nada.

Ainda de pé atrás, aproximei-me dele e sentei-me na extremidade oposta do banco.

— Queres ver como se toca? — Ele sorriu, e eu apenas assenti, deixando que um sorriso escapasse também dos meus lábios. — Observa.

Ele começou a tocar outra melodia, que, embora mais simples, era também bela. Observei a delicadeza com que os seus dedos tocavam nas teclas e admirei-o. Ali, à minha frente, ele parecia uma pessoa completamente diferente daquela que me humilhava quase todos os dias. Era incrível.

— Ora tenta tu. — Encorajou-me e eu corei, levando as minhas mãos até às teclas e tentando fazer igual.

A melodia que eu fiz foi horrenda, e ele apenas riu.

— Não, esta mão fica aqui. — Perdi o fôlego quando ele pegou na minha mão, colocando-a no sítio certo. Senti uma espécie de eletricidade percorrer a minha pele e corei, olhando para ele.

O meu coração acelerou quando os nossos olhares se encontraram e entrei em transe. O Tate parecia estar na mesma situação que eu. Comecei a ficar nervosa e ele começou a aproximar-se lentamente de mim.

Pude sentir o seu hálito quente bater, e separei-me bruscamente dele ao ouvir o meu telemóvel tocar. Era o meu pai.

— Eu tenho que ir. — Levantei-me rapidamente, pegando nas minhas coisas. — Eu não vou contar a ninguém que te vi aqui.

Quase corri para a porta, e olhei para trás quando ele me chamou.

— Violet. — Ele sorriu. — Obrigado.

Sorri de volta e caminhei para a saída com um sorriso estúpido no rosto. Aquilo não estava certo. Mas eu tinha adorado.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora