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Capítulo 2

Violet

O resto da semana foi mais ou menos tranquila. Depois do incidente da mesa fui gozada durante alguns dias e de resto tive que aturar as piadas habituais da Madison.

Para além do Tate ela era uma das pessoas que eu mais odiava na escola. Era o tipo de modelo perfeita que todos querem seguir e bla bla bla. O Tate costumava andar com ela às vezes, mas pelo que eu percebi eles nunca chegaram a ser namorados. Era apenas um caso. Eu nem sabia ao certo como é que isso funcionava.

— Como é que eles não são expulsos da cantina? — Sorri ao ver o Michael sentar-se ao meu lado com o seu tabuleiro com comida.

Ele estava a referir-se precisamente à Madison e ao Tate. Eles estavam praticamente a engolir-se um ao outro a um dos cantos.

— Acho que as pessoas apreciam um bom show. — Ele riu, e eu ri também. — Que nojento. — Murmurei, brincando com a minha comida. Sentia-me triste. Zangada. Sei lá. Queria desaparecer. Esbofetear a Madison e discutir com o Tate. Chamar a atenção de todos e dizer que eu existia. Que estava em sofrimento.

— Oh não. Não, não, que nojo. — Ele comentou ao ver o Tate passar a mão na coxa da Madison e a levantar-lhe levemente a saia. Franzi a testa, também bastante incomodada com a visão. — Acabei de perder o meu apetite. — Ele comentou, pousando os talheres.

— Só agora? Eu já perdi há muito tempo. — Levantei-me, pegando na minha mochila e levando o tabuleiro para as prateleiras. O Michael seguiu-me.

— Espera, eu vou contigo. — Sorri ao perceber que não ficaria mais um intervalo sozinha. Era bom ter alguém.

Passamos o intervalo do almoço juntos. Fiquei muito feliz por não ter ficado sozinha. Tinha finalmente um amigo. Ele pareceu-me alguém divertido e muito interessante. Estivemos a conversar até tocar para a primeira aula da tarde. Era pela ele não estar na minha turma.

[...]

No fim do dia saí sozinha da sala. Não vi o Michael no corredor, mas também não o procurei. Tinha receio de o incomodar. Quero dizer, o facto de ele ter passado o almoço comigo não implicava necessariamente uma amizade tão próxima.

Quando saí do portão estranhei não ver grande movimentação. No entanto, virei as costas e continuei a andar. Só ao chegar à esquina é que percebi que havia algo de errado.

Lá estava o Tate e alguns rapazes da equipa. Eu tentei mudar de direção mal os vi, mas foi demasiado tarde.

— Hey, hey! Onde pensas que vais? — O Tate correu, colocando-se à minha frente e impedindo-me de fugir. — Não sejas má! Estamos aqui à tua espera.

— Deixa-me em paz, Tate. — As minhas mãos começaram a suar e eu comecei a ficar nervosa. Aquilo não era nada bom.

Ele apenas riu, juntamente com os amigos, que continuavam parados a assistir. Eu comecei a ficar cada vez mais nervosa e sentia o meu coração bater fortemente no peito. Queria chorar e correr dali para fora, mas não podia.

— Vá lá, Violeta. Não sejas assim.

— É Violet. — Corrigi, ganhando coragem para erguer o olhar.

— Ui! — Ele ergueu os braços no ar, rindo. — Aquele teu namoradinho novo anda a ensinar-te a ser corajosa?

Desviei rapidamente o olhar e limpei as minhas mãos suadas às calças. Olhei para os lados, vendo que a rua continuava deserta. Atrás de mim os amigos do Tate continuavam a observar a cena, divertidos. Eu tentei fugir novamente, mas ele barrou-me o caminho.

— Ele não está aqui agora para te proteger. Que pena.

Ele agarrou na minha mochila, tentando arrancá-la das minhas costas. Em pânico, eu agarrei fortemente a alça. Em vão. Ele conseguiu arrancá-la, e eu encostei-me ao muro mais próximo, em pânico.

— Ora vamos lá ver o que tens aqui. — Ele comentou ironicamente, abrindo o zíper e começando a vasculhar na minha bolsa. — Cadernos, cadernos e mais cadernos. — Arregalei os olhos enquanto o via tirar os cadernos um a um e a atirá-los para o meio da rua, rasgando algumas folhas no processo. — Uh, porta lápis! O que tens aqui? — Ele abriu o Zíper do porta lápis, deixando que todo o meu material se espalhasse. De seguida, pisou algumas canetas, partindo-as.

Ganhei coragem para avançar na direção dele, tentando tirar-lhe as minhas coisas das mãos. Ele riu, empurrando-me para longe.

— Para, Tate. Por favor. — Murmurei.

Senti as minhas bochechas molhadas com lágrimas. Os amigos dele estavam a vigiar a rua e alguns riam de mim também.

— Tudo bem. De qualquer das formas é aborrecido assim. Fazer-te chorar é mais fácil do que tirar um brinquedo a um bebé. — Ele encolheu os ombros, virando a minha mochila ao contrário e deixando que o resto do meu material caísse. Olhei horrorizada para a minha calculadora gráfica, que tinha sido muito cara. Os meus pais iam matar-me se eu a partisse.

Estendi-me rapidamente para pegar na calculadora, mas ele foi ainda mais rápido e chutou-a para longe, fazendo-a bater contra o muro. Quis chorar ainda mais.

— És ridícula. — Olhou-me com desdém e eu permaneci calada. — Dá cumprimentos ao Michael por mim.

Horrorizada, permaneci ajoelhada perto do meu material arruinado enquanto o via caminhar para longe com o seu grupo.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora