-28-

565 62 12
                                    

Capítulo 28

Constance

Gargalhei sem humor ao ver a cara de espanto da cabra da Nora.

– O quê? – Ela murmurou. – O que é que estás a dizer, sua louca? – Gritou.

Aumentei o volume das minhas gargalhadas perante o berro de desespero e o choro dela.

– És surda? Eu troquei os bebés! – Elevei também o meu tom de voz. Aproveitei para dar uma olhada ao asqueroso do Tate. Ele chorava. O meu menino, Michael, estava também em choque. – Eu queria que este verme sofresse tanto como tu. – Falei, referindo-me ao Tate. Apesar de tudo só conseguia sentir nojo dele, foi um sacrifício tomar conta daquela criança.

– Eu... Eu não entendo... – O Harry aproximou-se da Nora e a minha raiva ferveu dentro de mim ao ver os dois juntos.

– Tu usaste-me. Eu era só uma jovem idiota e apaixonada, e tu aproveitaste isso. Eu engravidei, achei que íamos ficar juntos e tu trocaste-me por ela. Quando eu soube que ela também estava grávida fiquei com ciúmes e com raiva. – Uma lágrima escorreu. De raiva. Tristeza. Sei lá. – Depois os bebés nasceram. Coincidentemente dois rapazes e no mesmo dia. Naquela noite eu decidi que o teu filho. – Apontei para a Nora e para o Tate. – Havia de sofrer tanto como eu sofri. Sentir que não era desejado. E ironicamente estiveste estes anos todos a tomar conta do meu filho com o teu marido. Não é hilariante? – Ri.

– És completamente louca. – Murmurou o Harry.

– Oh, achas que sou?

– Sua cabra! – A Nora pareceu recuperar as forças e caminhou apressadamente na minha direção. No entanto, o Harry agarrou-a antes que ela pudesse sequer chegar ao pé de mim.

Enquanto isso, o meu menino, o Michael chorava.

Violet

Fiquei completamente baralhada ao ouvir aquilo. Até os meus pais estavam de boca aberta, tal como as pessoas ao nosso redor.

– Tate... – Murmurei.

Enquanto a Nora e a Constance discutiam e as pessoas tentavam separar as duas, o Tate olhou para mim e depois desapareceu no meio da multidão. O Michael continuava estático, enquanto a Madison se manteve ao seu lado também boqueaberta. Assim, optei por correr atrás do Tate, que estava sozinho sabe-se lá onde. Estava preocupada com o que ele pudesse fazer.

– Violet. – O meu pai chamou.

– Ben, para. Deixa-a ir. – A minha mãe sussurrou e o meu pai acabou por me largar o braço. Corri pelo jardim à procura do Tate e acabei por não o encontrar.

Comecei a ficar nervosa e inquieta, e a pois refletir pensei que talvez ele tivesse saído do estabelecimento. Eu estava certa. Após escassos minutos de caminhada acabei por o encontrar num parquinho perto do restaurante onde estávamos. Corri até ele.

Ele estava sentado no chão, apoiado a uma árvore. A sua mão direita tinha um pequeno corte e sangrava. Olhei para a árvore, que também tinha um resto de sangue. Ele tinha socado a árvore? Quando o rapaz loiro me viu, encolheu-se como se estivesse assustado.

– Ei... Sou apenas eu. – Murmurei e sentei-me ao seu lado na relva.

Ele suspirou e puxou os joelhos contra o seu peito, escondendo a cara nas suas pernas. Eu abracei o seu corpo enquanto ele se balançava.

– Shhhh... Está tudo bem...

– Não, não está tudo bem. – Ele ergueu o olhar, limpando as lágrimas com a mão sã. – A minha vida foi toda uma mentira. – Levei a mão até ao seu rosto, retirando algumas mechas de cabelo molhadas pelas lágrimas da frente dos seus olhos. – Eu já não sei mais o que é real.

– Eu sou real... Anda cá...

Ele aninhou-se no meu colo e eu fiquei ali com ele a acariciar-lhe os cabelos enquanto ele chorava.

– O que é que fizeste com a tua mão?

– Nada. – Ele murmurou quando o choro acalmou.

– Tate...

– Eu meio que soquei a árvore. – Ele sussurrou.

– Deixa-me ver isso.

Ainda com a cabeça apoiada nas minhas pernas, ele estendeu-me a mão machucada. Eu retirei um lenço da mala, começando a limpar o sangue.

– E agora? – Ele murmurou.

– Eu não sei... Mas eu estou aqui. Não estás sozinho nisto.

– Eu sei... Quando saíste como estavam as coisas?

– A Constance estava a discutir com a Nora. O Michael estava rodeado com professores. Está uma confusão enorme.

– Eu não quero ir para casa. Nem quero voltar lá para dentro. Eu só quero desaparecer...

– Shhhhh... – Acariciei a sua face. – Não vais desaparecer. Eu vou dizer aos meus pais que quero ir para casa e tu vens comigo.

– E o teu pai?

– Não te preocupes com o meu pai.

(...)

– O diretor vai remarcar a festa. Que confusão. – O meu pai comentou enquanto destrancava o carro.

– Pai, mãe. – Ganhei coragem. – Como sabem eu sou amiga do Tate, e com a Constance as coisas são muito mais complicadas. – O meu pai estreitou os olhos na minha direção. – Então eu estava a pensar se -

– Não. Nem penses. Nunca na vida. Não. Fora de questão. – O meu pai interrompeu-me. – Aquele rapaz não entra por aquela porta nem por cima do meu cadáver.

– Ben, talvez - A minha mãe tentou falar, mas ele não a deixou.

– Não, Vivien. A resposta está dada. Vamos para casa.

Peguei rapidamente no telemóvel e escrevi duas mensagens.

Michael: Hey, como estás?
[20:56]

Tate: Estarei à tua espera em minha casa dentro de poucos minutos. Sobe pela janela do meu quarto.
[20:57]

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora