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Capítulo 17

Violet

Era estranho estar de volta à escola. Estive poucos dias em casa, mas quase me tinha esquecido do barulho das conversas paralelas no corredor.

Ao contrário dos outros dias, não estava a ouvir piadas nem nada do género, e eu estava a caminhar de cabeça erguida. Estava, claro, um pouco nervosa. Mas não mentia quando disse que não tinha medo.

O que me deixava mais inquieta era o Tate. Não o tinha visto, mas sabia que ia ser inevitável encontrá-lo já que éramos da mesma turma. Eu estava muito desiludida com ele. O Michael tinha razão quando dizia que ele era um rapaz perigoso e que nunca ia mudar.

Apertei o livro de Biologia contra o meu peito e respirei fundo, caminhando para a sala perdida nos meus pensamentos. A meio do corredor, fui obrigada a regressar à Terra quando um par de mãos magras e compridas acertou no meu livro, fazendo com que o mesmo caísse. Baixei-me rapidamente para o apanhar, olhando para cima de seguida e constatando que tinha sido a Madison. Que raiva.

– Olha só quem voltou.

– Eu não tenho paciência para os teus joguinhos, Madison. – Sorri ironicamente e tentei seguir em frente. Ela, no entanto, colocou-se à minha frente.

– Vá lá, acabamos de nos encontrar. Só te vi no outro dia na praia quando estava com o Tate. Ele inclusive sugeriu chamar-te para o pé de nós para gozarmos com a tua cara, mas eu tive pena.

– Eu jamais desperdiçaria o meu tempo com pessoas como vocês.

Mais uma vez tentei seguir em frente, mas ela agarrou-me o braço. Nesse momento senti a raiva tomar conta de mim e reuni todas as minhas forças, dando-lhe um empurrão. Ela bateu com as costas nos cacifos e ficou boqueaberta a olhar para mim.

– Que seja a última vez que me tocas. Vai para o inferno. – Ameacei.

Virei-lhe as costas e vi o Michael correr na minha direção. Cumorimentei-o com um sorriso.

– Eu vi a Madison falar contigo. Está tudo bem?

– Ela só veio testar a minha paciência. Nada demais. – Sorri.

– Eu sabia que não devias ter voltado. Seria tão bom se fossemos os dois embora daqui! Ela vai continuar a fazer-te a vida negra, devias ouvir-me.

– Mike, calma. Está tudo bem, eu dei bem conta dela. – Brinquei, piscando o olho. Ele olhou-me com o cenho franzido.

– Mas... Nada do que ela te disse te afetou?

– Nop. – Neguei. – Nada.

...

Durante as aulas mal olhei para a cara do Tate. Entrei de cabeça baixa na sala e saí do mesmo modo para evitar contacto visual. No entanto, não pude evitar ficar nervosa com o facto se saber que estávamos na mesma sala. O meu coração quase explodiu quando ele respondeu a uma pergunta da professora na aula de inglês.

A última aula do dia foi educação física, mas como eu tinha ainda atestado médico fiquei apenas a assistir a aula da bancada. Escusado será dizer também que mal olhei para o campo a fim de não ver o Tate.

No fim da aula, pude respirar de alívio e quase corri dali para fora. Queria apenas ir para casa e esquecer tudo. Estava muito mais segura de mim, e tinha até enfrentado a Madison. Mas havia algo que ainda faltava.

– Violet. – Ouvi a voz que evitei a manhã toda e acelerei o passo, ignorando-a. – Violet, espera. Por favor.

Ignorei mais uma vez o rapaz e soltei um gritinho de surpresa quando o meu pulso foi agarrado e eu fui puxada para a parte de trás dos balneários.

– Larga-me!

Fui encostada à parede e dei pequenos murros no seu peito para o afastar, permanecendo com o olhar baixo para não o olhar.

– Hey, calma. Só quero falar.

– Eu não te quero ouvir. – Tentei empurra-lo mais uma vez e ele cedeu, afastando-se um pouco.

– Violet, por favor. Aquilo que viste na praia... Não é o que parece. Não é mesmo.

Engoli a minha vontade de chorar e finalmente falei.

– Não é? Então vais dizer que não eras tu a segurar aquele pacote com droga e aquela garrafa de bebida? Que não foste tu a bater no Michael, a humilhar-me dia após dia? Não foste tu que me deixaste presa àquela maldita fonte a noite toda? Não foste tu que fizeste amizade comigo para depois me humilhares à frente a toda a gente?

– Eu sei que errei. Mas o Michael está a mentir. Acredita em mim.

– Eu não posso acreditar em ti. – Contive um soluço. – Eu vi, tu deste-lhe um soco. Eu não posso confiar em alguém como tu. Eu estava enganada quando disse que eras uma boa pessoa.

Uma lágrima escorreu pela face dele e eu cedi à vontade de chorar também.

– Consegues pelo menos tentar perdoar-me? Por favor... Eu não consigo viver comigo mesmo. Apenas... Deixa-me ser teu amigo.

– Tate... Tu és a última pessoa que eu quero ver à frente. Não me peças uma coisa dessas.

Agarrei na minha mochila, que entretanto tinha ficado perdida no chão, e virei-lhe as costas, caminhando com passos apressados para casa.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora