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Capítulo 32

Nora

A raiva subiu pelo meu corpo quando ouvi a voz da Constance. Não conseguia explicar o vazio que sentia por saber que tinha perdido um dos meus filhos, e ver ali aquela mulher ainda deixou tudo pior.

– Mataste o meu menino! – Ela berrou para o Tate, que se encontrava encolhido a chorar quase no colo da Violet, que também chorava sem parar.

– Vá para o inferno. – A Violet berrou de volta, acariciando os cabelos do Tate para que ele se acalmasse. – Ele não matou ninguém. O Michael escolheu isto.

A Constance aproximou-se de nós a passos decididos e, ao chegar perto do Tate, deu-lhe um pontapé nas costas. Aí a minha raiva explodiu.

– Seu traste. Atira-te também, é o mínimo que podes fazer! – Ela berrou.

Levantei-me, consumida pela raiva.

– Vai-te embora daqui, sua cabra. Acabei de perder um filho. Não te admito que te metas com o outro.

Ele gargalhou da minha cara enquanto as lágrimas lhe escorriam pela face. Que nervos.

– Ele não era teu filho. Nunca foi. E este... Bem... Tenho pena de ti por seres mãe dele. Mas admito que nada me deu mais prazer na vida do que bater-lhe todos os dias.

Sem pensar, reuni todas as minhas forças e dei-lhe um estalo. Ela calou-se e eu deixei-me dominar pela raiva. Fui-me aproximando dela, deferindo-lhe vários golpes. Há muito tempo que eu desejava fazer aquilo.

Violet

Não conseguia descrever o que estava a sentir naquele momento. Perder o Michael foi uma facada. Ele era uma pessoa muito importante para mim, apesar de tudo. Ver o Tate naquele estado também me deixava de rastos. Odiava que ele tivesse que sofrer.

– Eu vou tentar separá-las. – Murmurei para o mesmo. A Constance e a Nora estavam a bater uma na outra e com toda essa confusão de socos, puxões de cabelos e arranhões, estavam cada vez mais perto do precipício. Perigosamente perto, e já chegava de perdas.

– Nora. Por favor, já chega. – Pedi. Ambas se separaram. A Constance estava virada para mim, perto da beira da falésia. A Nora estava de costas para mim, virada de frente para a Constance.

– É só isto que consegues fazer? – Ela provocou a Nora, e eu própria senti a raiva consumir-me por dentro. – És mesmo fraca. O Tate tem a quem sair. Aquele resto de aborto. Só tenho pena de ter perdido o meu saco de pancada.

– Nunca mais fales assim do meu filho. – A Nora murmurou com os punhos fechados.

A Constance gargalhou sem humor.

– É só isso que tens para dizer? – Ela ergueu uma sobrancelha num tom provocatório e eu mordi a bochecha, controlando-me.

– Vai para o inferno.

Soltei um grito de susto quando a Nora deu um pontapé à Constance, fazendo-a desequilibrar-se e cair para trás.

Nora

Quando percebi o que tinha feito, desabei. Perdi um filho e matei uma pessoa. Que monstro. Sem forças, caí para o chão. Só queria desaparecer.

Tate

Chocado, vi a Constance cair. Não consegui emitir algum som, apenas chorei. Apesar de tudo, ela era a pessoa que eu tinha reconhecido como mãe. No entanto, ela não era a minha mãe. Nunca tinha sido, e não foi o teste de ADN que me fez ver isso, mas sim a forma miserável como ela me tratava.

A Violet ficou parada entre mim e a Nora, provavelmente perdida e sem saber quem ajudar primeiro. Ela estava a sofrer também, dava para ver claramente. Eu odiava vê-la sofrer.

Levantei-me e limpei as lágrimas. Não queria chorar perto dela. Deixei que ela me abraçasse e descansei durante alguns segundos a cabeça no seu ombro. Nos seus braços, sentia-me protegido do mundo.

Um soluço fez-me acordar. Olhei para o chão, vendo a Nora caída a chorar. Eu não sabia o tamanho da dor dela, mas seria com certeza imensa. Ela tinha perdido um filho. E sentia-se culpada pela Constance. No entanto, eu não a culpava.

– Tate... – Ela murmurou. – Eu... Desculpa... Eu...

Não lhe respondi. Apenas me sentei ao seu lado e a envolvi nos meus braços.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora