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Capítulo 12

Violet

– Nós sabemos quem foi. Um tal de Tate. Não precisas de negar. – A minha mãe acariciou os meus cabelos e eu suspirei, usando os meus braços como apoio para erguer o meu tronco da cama de hospital.

– Vamos apresentar queixa e é já. Podias ter morrido ali. – O meu pai caminhou nervoso pelo quarto.

– O teu pai tem razão. – O Michael esboçou-me um pequeno sorriso, continuando sentado na poltrona perto da cama.

– Eu já falei com vocês sobre isto. Eu não quero apresentar queixa.

A minha mãe suspirou, olhando para o meu pai. Eu sabia que era o mais certo a fazer. Eu própria odiava o Tate pelo que ele me tinha feito. Eu achei que ia morrer, e mesmo estando viva tinha ido parar a um hospital com uma hipotremia.

– Isso não faz sentido nenhum, Violet. Olha para ti. Estás numa cama de hospital. – A minha mãe defendia o ponto de vista do meu pai também.

– Mãe, pai. Acabou. Não vamos apresentar queixa e pronto. Em breve terei 18 anos. Sou responsável pelas minhas ações, e eu quero seguir com a minha vida sem ficar agarrada a um processo de tribunal. Além disso, o Tate já vai pagar por tudo no colégio. Ele vai ser castigado.

O meu pai suspirou, sentado-se ao lado da minha mãe na beira da cama.

– Tudo bem. Mas não vou esquecer o que ele te fez.

Tate

– Eu ainda não acredito nisto, Tate. O capitão da equipa de rugby da escola. Um atleta exemplar. Devias ter vergonha!

Estava no escritório do diretor há tanto tempo que tinha perdido a conta. Eu sentia-me mal comigo mesmo, e sabia que não me ia perdoar nunca pelo tinha feito à Violet. Aquele sermão não era nada comparado ao que eu merecia, eu tinha consciência disso.

– Quero que me entregues a tua braçadeira de capitão. – Assenti, ainda de cabeça baixa. – E a partir de hoje estás fora da equipa.

Senti uma lágrima escorrer e limpei-a rapidamente. Sabia que merecia aquilo, por isso nem discuti. Apenas assenti novamente com a cabeça. Estava tão envergonhado que não tinha coragem de falar.

– A tua sorte, rapaz, é que a Violet se recusou a apresentar queixa. Agora sai e pede à tua mãe para entrar. Preciso de falar com ela.

[...]

– Vamos para casa. Precisamos de conversar. – Olhei tristemente para a minha mãe, que me olhava com um olhar irritado.

Ela despediu-se rapidamente do diretor, pegando-me de seguida pelo braço e arrastando-me até ao carro.

Mal chegamos a casa começou a gritaria.

– Primeiro trazes aquelas putas cá para casa. Uma diferente por dia quase. Mas pronto, eu até tolero isso e a merda das drogas. Mas depois fazes aquela merda! Tu sabes o que é que fizeste? – Ela veio na minha direção, dando-me um estalo.

Eu senti as lágrimas escorrerem pela minha face e encostei-me à parede da sala, deixando-me escorregar até ficar sentado no chão a soluçar.

– Tu quase mataste a miúda! Tu tens noção disso? – Mais uma chapada. – Já arruinaste a minha vida quando nasceste, e agora queres o quê? Ir preso? Matar alguém para eu ficar conhecida como a mãe da merda de uma assassino? Seu monstro!

Ainda a chorar, coloquei as mãos em frente à minha face para me proteger e ela continuou a investir para cima de mim com estaladas e pontapés.

– Mãe... Eu sei... Por favor... Mamã... Por favor... Mãe...

Ela gargalhou sem humor.

– Sabes? A tua sorte é que ela não apresentou queixa contra ti. Foi um milagre!

– Eu gosto dela. Mesmo. – Limpei as lágrimas com a manga da minha camisola e olhei-a.

– Tu não gostas de ninguém. Olha bem para ti. És um monstro.

Ela apoiou a cabeça nas mãos e fez-se silêncio na sala. Eu encostei a cabeça à parede continuando a chorar. Estava muito preocupado com a Violet e odiava-me pelo que lhe tinha feito.

– Ele queria expulsar-te da escola, sabes? Eu é que o convenci a deixar-te ficar lá depois da merda toda que fizeste. Mas provavelmente não o deveria ter feito. Tu não vales nada. Vá, vai drogar-te ou ficar com uma puta qualquer. Pode ser que morras com uma overdose e eu não tenha mais que olhar para a tua cara miserável.

Eu sabia que não valia nada e estava mais do que habituado a ouvir aqueles discursos dela todos os dias. Por isso não lhe respondi, e suspirei de alívio quando ouvi o som dos seus passos em direção ao andar de cima.

Quase rastejei para a mochila e peguei no meu telemóvel. Limpei mais uma vez a cara com as mãos e abri a conversa com a Violet.

Eu: Como estás?
[14:07]

Eu: Perdoa-me.
[14:17]

Eu: Por favor...
[15:02]

Esperei a tarde toda por uma resposta, mas não obtive sucesso. Eu era um monstro, e ela não queria falar comigo. Pensar nisso fazia o meu peito doer.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora