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Capítulo 13

Violet

– Eu não quero mudar de escola. Estou bem ali, estou farta de mudanças. – Suspirei enquanto acabava de arrumar as minhas coisas. Estava prestes a ter alta. – Só preciso de ficar uns dias em casa até ganhar coragem suficiente para ir. Mas eu tenho que ir.

– Os teus pais têm razão, Violet. Devias mudar de escola. Eu iria contigo e tudo. Ficarias longe do Tate e de todos os outros. Que achas?

– Eu não tenho mais medo o Tate ou dos outros. – Olhei para o meu pai, que continuava com os braços cruzados sobre o peito enquanto me olhava sério. – Mãe, ajuda-me. Eu prefiro não mudar.

A minha mãe sorriu fracamente e caminhou até ao meu pai, colocando amigavelmente a mão sobre o seu ombro.

– Bem, acho que podemos falar com o diretor primeiro, não é Ben? Depois logo decidimos.

Talvez fosse burrice da minha parte querer continuar lá, mas eu queria mostrar às pessoas que não tinha medo. Estava farta de ser fraca. Eu tinha que ganhar coragem, aparecer lá e enfrentar toda a gente. Eu precisava disso.

– Tudo bem. – O meu pai suspirou. – Vamos?

– Sim, eu vou só vestir o casaco e ir à casa de banho.

– Eu vou preparar o carro então enquanto a tua mãe assina os papéis para a alta.

Assenti com a cabeça e sorri-lhes. O Michael continuou sentado na beira da cama ao lado da minha mala.

– Tens a certeza que não queres que vá contigo para casa? – Ele sorriu, colocando a mão nas minhas costas.

– Tenho, Mike. Agradeço imenso a preocupação, mas é um pequeno trauma que terei que ultrapassar sozinha. Eu já não tenho medo agora e em breve estarei de volta mais forte do que nunca. – Brinquei e ele riu.

O Michael tinha-se oferecido para ficar em nossa casa até que eu estivesse pronta para ir às aulas. Ele tinha dito que tinha receio de que eu estivesse demasiado transtornada e não conseguisse ultrapassar o que me tinham feito. Mas eu ia conseguir.

– Eu vou à casa de banho e já vos apanho. Levas a minha mala das roupas?

– Claro! Até já.

Tate

A Violet não respondeu às minhas mensagens. Eu já estava à espera que isso fosse acontecer, mas passei a noite em branco a desbloquear frequentemente o telemóvel em busca de notificações novas.

No dia seguinte decidi que estava farto se esperar e sem pensar muito dirigi-me ao hospital. Ela estaria lá ainda provavelmente.

– Boa tarde. – Cumprimentei o rececionista. – Eu vim ver uma amiga que deu entrada ontem. Violet Harmon.

Mordi o lábio e contorci os dedos no balcão em nervosismo. Ele assentiu, escrevendo qualquer coisa no computador. Eu olhei para o relógio e comecei a bater nervosamente com o pé no chão.

– O doutor já lhe deu a alta. Mas pode ser que ainda a encontre no corredor. 2º andar, quarto 72.

Ao ouvir aquilo tive que me controlar para não correr para lá. Andei apressadamente até ao elevador e rezei mentalmente para que ela ainda lá estivesse.

Ao chegar ao corredor, infelizmente, deparei-me apenas com o Michael, que se colocou à frente da porta do quarto e me impediu de entrar. Ri sem humor, controlando-me para não lhe socar a cara.

– Eu quero falar com a Violet. Sai da frente.

Ele gargalhou e eu trinquei os dentes, fechando os punhos.

– Ela não quer falar contigo, Langdon. Ela odeia-te profundamente.

– És tão triste, Michael. Achas que ela gosta de ti então?

Ele riu mais uma vez, encolhendo os ombros.

– Diz-me tu... Ela convidou-me para passar uns dias na casa dela e tudo. – Apontou para a mala de roupa que trazia ao ombro. E eu senti o calor subir pelo meu corpo acima. – Eu sei que tu gostas dela. Mas foste um burro. Agora ela odeia-te e eu vou te-la só para mim a gemer baixinho o meu nome e a balbuciar coisas desconexas enquanto eu beijo aquela pele macia que -

Não o deixei acabar. Investi contra ele com toda a minha força e dei-lhe um murro, fazendo-o sangrar do nariz e cair para trás.

Preparava-me para lhe bater mais quando fui puxado pelo segurança para trás. Gemi frustrado. Queria esmurrar-lhe a cara toda pelo que ele tinha dito da Violet. Eu sabia que ela me odiava, e eu odiava que ela andasse com o Michael e não comigo. O pior é que a culpa era minha e apenas minhas. E eu tinha consciência disso.

– Michael! Meu Deus!

A Violet saiu a correr da casa de banho, ajoelhado-se ao lado do Michael e ajudando-o a levantar-se.

– O que é que lhe fizeste? – Ela perguntou com os punhos cerrados e com os olhos cheios de lágrimas.

– Violet... Eu... Eu queria muito falar contigo.

– Ele é completamente louco. – O Michael limpou o sangue à manga da camisa e ensaiou um olhar assustado na direção da Violet. Que merda. – Chegou aqui e começou a ofender-te e a dizer-me coisas horríveis. Eu tentei defender-te e ele partiu para cima de mim do nada, bateu-me e ameaçou-me. Ele é um monstro, Violet.

– Isso é mentira! – Gritei e o segurança segurou-me mais uma vez.

– Meus senhores, preciso que se acalmem ou terei que chamar as autoridades. – Ameaçou. – Precisa que chame a polícia, jovem?

– Não, senhor. Não é necessário. – Ele gemeu e fez uma cara de dor ao tocar novamente no nariz. Esperava que ele o tivesse partido. Que merda de mentiroso.

– Anda, Mike. Temos que colocar gelo nisso. – A Violet murmurou para ele e ele sorriu-lhe fracamente, concordando em silêncio. – E tu, afasta-te de nós. Eu odeio-te.

Ele colocou o braço sobre o pescoço dela e sorriu cínico para mim, começando depois a caminhar com ela na posição oposta. Eu fiquei sozinho no corredor e só queria socar as paredes. A culpa daquilo tudo era minha.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora