Prólogo: Jack Kline

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Jack's POV

Eu estava em um lugar diferente. Parecia estar acordando, eu estava deitado em algo que parecia um grande banco. Tentava me lembrar do que tinha acontecido para mim estar ali, até que minhas memórias começaram a voltar.

Antes eu estava com aquele menino, Clark, comendo aqueles doces deliciosos que ele me mostrou, estávamos comendo Nougats. Até que comecei a ouvir aquelas vozes. Elas eram muito altas e me assustavam muito. Acabei machucando a Xerife. Depois disso eu fui atingido e creio que isso tenha me levado até aqui.

Quando finalmente acordei, senti uma presença naquele lugar comigo. Eu sabia que já tinha sentido aquela presença e quando me virei, tive total certeza.

– Calma. Está tudo bem. Eu não vou te machucar. – o homem de cabelos compridos diz. O mesmo que eu havia visto logo depois que nasci. Ele parecia… com medo.

– Você já me machucou. – respondo, me referindo ao que ele fez antes de eu ficar desacordado.

– Sim, machuquei. Sinto muito. Só quis acalmar você. Você estava… – ele diz, nervosamente. – Você está bem?

– Eu não… Eu… Eu estava com medo. – começo a respondê-lo. – E quando sinto medo, coisas acontecem. Não consigo impedir.

– Porque você estava com medo? – ele questiona, parecendo confuso.

– Por causa das vozes. Elas estavam tão altas, tão... bravas. – o respondo.

– Você as ouve agora?

Eu não havia notado que elas haviam parado, que as vozes estavam quietas.

– Não. – digo, me acalmando.

– Que bom. Que bom. – o homem diz, parecendo se acalmar também. Eu me sento em sua frente, com as pernas cruzadas.

– Sinto muito. – disse. Tínhamos ficado um tempo em silêncio e as coisas que aconteceram mais cedo me vieram à mente. Eu não queria machucar ninguém, em nenhum momento. E queria que eles soubessem disso.

– O quê? – o homem pergunta, sem entender.

– Pode dizer a eles que sinto muito? – repito.

– Sim. Claro, com certeza. – ele responde, parecendo estranhar o meu pedido. Depois de mais um tempo em silêncio, ele volta a conversar. – Jack... como você está… Como estamos... conversando agora? Quero dizer, você não tem nem um dia de vida. Como você fala inglês? – ele pergunta.

– Minha mãe me ensinou. – o respondo, com um pequeno sorriso ao pensar em minha mãe.

– Então você falava com ela. – ele pergunta.

– Eu era ela. – o respondo, simplesmente.

– Ok. E, hum... seus poderes. Ela te ensinou isso também, ou...

– Não, eu... – comecei a dizer. Me levantei e caminhei até a parede mais próxima, sentindo os blocos de concreto com as mãos traçando as costuras entre eles enquanto falava. – Eu não sei por que essas coisas acontecem. É como se eu fosse eu, mas... não eu.

– Jack, olha... antes de você nascer, você abriu uma porta para outro mundo. Você se lembra disso?

– Sim. – respondo, inalando profundamente, ainda estudando a parede.

– Ok. Você poderia fazer isso de novo? – o homem pergunta.

– Eu não... eu… – não sabia o que responder. Eu não tinha certeza se conseguiria. Mas sabia que precisava do meu pai e de Lexi. – Eu tenho que encontrar meu pai. Ele vai me proteger.

The Family Business - Livro 2 (She Has My Eyes)Onde histórias criam vida. Descubra agora